Emprego no Brasil atrai estrangeiros e bate recorde de contratações formais
Indústria e comércio são os setores que mais empregam
- Data: 06/03/2025 09:03
- Alterado: 06/03/2025 09:03
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
O ótimo momento do mercado de trabalho do Brasil (uma taxa de desemprego recorde de apenas 6,6%, de acordo com o IBGE) reflete em vários aspectos, como aumento da massa de salários e da média de renda da população e, agora, também é possível ver como ele tem impacto sobre países da região.
Um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que, somente em 2024, cerca de 71 mil postos celetistas foram abertos e preenchidos por pessoas de fora do País. É o maior volume para um único ano desde que o Caged mudou sua metodologia, em 2020 [gráfico 1].
Isso significa um avanço de 50% em relação a 2023, quando pouco mais de 47,3 mil vagas foram atendidas por estrangeiros. Como não poderia deixar de ser, o grosso delas são conformadas por latino-americanos, sobretudo venezuelanos e haitianos [gráfico 2].
Em 2023, com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), 44% da mão de obra do exterior no mercado formal de trabalho do Brasil era de cidadãos da Venezuela no fim daquele ano — muito à frente, inclusive, do segundo país da lista, o Haiti, com 44,7 mil postos. Essa tendência se manteve ao longo de 2024, muito por causa dos setores econômicos que mais contratam esses trabalhadores. A lista continua com paraguaios, argentinos, cubanos, bolivianos e peruanos.
Na leitura da Entidade, o fato de dois terços (60%) dessa mão de obra ser preenchida por pessoas de países em crise, Venezuela e Haiti, mostra como o Brasil pode elaborar políticas públicas voltadas para a absorção delas. Conta muito, por exemplo, a boa escolaridade desses migrantes, além do fato de serem jovens e de virem ao nosso País em busca de melhores condições de vida.
Não só isso, mas empregá-las também gera um efeito social relevante, porque proporciona renda, acesso ao sistema de crédito e proteção institucional, já que o regime celetista garante uma série de benefícios ao trabalhador. Se a tendência é que esse fenômeno continue crescendo, por fatores que vão da política internacional ao desempenho econômica brasileiro, ele pode ser utilizado para melhorar a produção do País e expandir os setores que mais demandam por mão de obra.
[GRÁFICO 1]
Vagas formais preenchidas por estrangeiros (em mil)
Período do Novo Caged (2020-2024)
Fonte: Caged/FecomercioSP
[GRÁFICO 2]
Principais nacionalidades no mercado de trabalho formal do Brasil (em mil)
RAIS (2023)
Fonte: RAIS/FecomercioSP
Pelo levantamento da Federação com base no Novo Caged, de 2024, há dois deles com mais força na busca por estrangeiros: a indústria, com 92,8 mil trabalhadores celetistas (o que significa um terço de todos os vínculos), e o comércio, com ênfase em empreendimentos de reparação automotiva, com 65,7 mil postos [tabela 1].
[TABELA 1]
Setores econômicos com maiores saldos de empregos celetistas (em mil)
Novo Caged (2024)
Fonte: CAGED/FecomercioSP
Os dados tanto da RAIS quanto do Novo Caged ainda permitem criar um perfil claro desses sujeitos: são jovens homens adultos (entre 30 e 39 anos), com ensino médio completo trabalhando em São Paulo (62,7 mil vínculos), em Santa Catarina (60,7 mil) e no Paraná (48,7 mil). Vale dizer que, no ano passado, o mercado catarinense se expandiu com mais força para esse público, gerando 18,9 mil novas vagas.
Considerando que deve haver uma desaceleração do desempenho do mercado de trabalho do Brasil em 2025, se espera que o mesmo aconteça com a absorção dessa mão de obra, mas ainda assim ela deverá continuar sendo importante. A Federação permanecerá atenta a ele, sobretudo em busca de alternativas que melhorem o ambiente de negócios do País.