Em julho, número de famílias endividadas cai na capital paulista
Apesar da queda de 2,1 pontos porcentuais, inadimplência cresce e atinge 24,1% dos lares, revela FecomercioSP
- Data: 09/08/2023 11:08
- Alterado: 09/08/2023 11:08
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
Crédito:Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Em julho, 70,7% das famílias que vivem na cidade de São Paulo estavam endividadas. O índice é menor que o registrado no mês anterior, quando 72,8% dos lares tinham algum tipo de dívida. Apesar disso, o nível, em termos históricos, ainda é alto. Antes da pandemia, por exemplo, era comum ver a taxa na casa dos 50%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). No período, o número de famílias com dívida em atraso voltou a crescer após quatro meses de instabilidade, atingindo 24,1% dos lares, ante 23,2% constatados no mês anterior. São 972,9 mil famílias inadimplentes, um aumento de 34,5 mil em apenas um mês.
A alta foi registrada em todas as faixas de renda. Entre as famílias com receita de até dez salários mínimos, a variação passou de 28,2% para 28,9%, na comparação entre junho e julho. No grupo com renda superior, subiu de 10,6% para 11,8%, no mesmo paralelo. De acordo com a FecomercioSP, embora a inflação esteja cedendo (e até tenha se observado uma deflação) — cenário que permite aumento do poder de consumo —, o juro elevado ainda se faz presente. Por outro lado, a conjuntura mostra que o crédito se mantém farto no mercado financeiro, e as famílias estão aptas a continuar com o consumo. No mês, houve aumento mensal no endividamento pelos carnês (de 12,4% para 13,2%). No crédito pessoal, a variação subiu de 11,8% para 12,4%. Trata-se de modalidades que ressaltam a necessidade que as famílias têm por crédito para manter o consumo do dia a dia.
Ainda assim, o porcentual de endividados no cartão de crédito baixou de 84,8% para 82%, queda considerada importante, em especial quando se leva em consideração o fato de que a taxa de juros no rotativo de cartão superou os 450% ao ano. A FecomercioSP destaca que, a despeito do aumento na margem da inadimplência, um dado importante da PEIC é que a parcela da renda comprometida com dívida não sofreu variação e continua em 30%. O atraso médio da dívida também ficou estável em um período pouco acima de dois meses — situação considerada positiva, pois aponta que não houve descontrole nas contas.
Expectativas
Ainda segundo a Entidade, os dados da PEIC de julho fogem das expectativas, mas, por enquanto, não cria nenhum alarde. A tendência queda da inadimplência permanece, uma vez que as condições econômicas das famílias têm melhorado, e o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) aponta para essa direção. Em julho, o indicador avançou 3,4%, enquanto no contraponto anual cresceu 26,8%. A alta mais expressiva entre os sete itens avaliados foi observada no segmento de duráveis (7,8%), pois o crédito amplo contribuiu para a compra de produtos como geladeira, fogão, televisor, entre outros. Além disso, essa alta também pode estar relacionada ao programa de descontos de carros populares.
Vale ressaltar que as condições estão mais favoráveis. A renda atual subiu 2,2%, e o acesso ao crédito apresentou alta 4,5%. A perspectiva profissional cresceu 6,6% e é o mais bem avaliado pelo ICF. Outro indicador que corrobora o cenário positivo é o Índice de Confiança do Consumidor (ICC): apesar da ligeira queda de 0,6% em julho, o patamar atual é 17,9% acima do visto há um ano.
Para os próximos meses, as tendências captadas pelas pesquisas da FecomercioSP são de redução da inadimplência e aumento de consumo. A base dessa conjuntura está na maior geração de emprego e, ao mesmo tempo, na inflação em queda, além do início do corte da taxa de juros no horizonte próximo. O comércio varejista da capital vive bons momentos, com recorde de faturamento e elevação nas vendas em grande parte dos segmentos. Ainda não se mostra um panorama ideal, mas é inegável que as condições estão levando a economia a um futuro relativamente mais tranquilo