Educação em debate
Professora defende uso consciente de celulares nas escolas após proibição
- Data: 28/01/2025 11:01
- Alterado: 28/01/2025 11:01
- Autor: Redação
- Fonte: Débora Garofalo
Em recente entrevista concedida à BBC News Brasil, a educadora Débora Garofalo, reconhecida por sua participação entre os dez finalistas do Global Teacher Prize, também chamado de “Nobel da Educação”, expressou suas opiniões sobre a proibição do uso de celulares nas escolas. Garofalo considera que, embora essa medida seja drástica e necessária para combater o vício e a crescente distração entre os alunos, ela sozinha não resolverá o problema.
A professora ressaltou que a proibição dos dispositivos móveis em sala de aula impõe uma nova responsabilidade às instituições de ensino. Segundo ela, os celulares podem ser utilizados como aliados na educação, especialmente em contextos onde as escolas carecem de infraestrutura tecnológica adequada.
Débora Garofalo, que conquistou destaque ao desenvolver projetos de robótica utilizando materiais recicláveis durante sua atuação em uma escola municipal de São Paulo, acredita que o uso consciente da tecnologia deve ser promovido em vez de simplesmente ser banido. “Não se pode falar em proibição sem um processo educativo que ensine as crianças a utilizar a tecnologia de forma responsável”, declarou.
O recente decreto sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que proíbe a presença de celulares nas escolas brasileiras, foi motivado pela preocupação com a saúde mental dos estudantes. O ministro da Educação, Camilo Santana, apoiou a medida ao mencionar estudos que relacionam o uso excessivo dos dispositivos móveis à ansiedade e depressão entre jovens.
A nova legislação prevê algumas exceções, permitindo o uso dos celulares para fins pedagógicos e nos casos em que os alunos necessitem do aparelho por motivos de saúde ou acessibilidade. Além disso, orienta as escolas a desenvolverem estratégias para abordar o uso excessivo das telas e oferecer suporte aos alunos afetados pela nomofobia — um termo utilizado para descrever a ansiedade causada pela falta do celular.
Com quase duas décadas de experiência em sala de aula e atualmente atuando como assessora de políticas públicas na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Garofalo enfatizou que as escolas devem integrar a educação midiática ao currículo. Ela defendeu que não é suficiente proibir o uso dos celulares; é preciso também preparar os alunos para lidar com informações digitais e entender como funcionam as plataformas online.
“Estamos vivendo uma revolução tecnológica e não podemos retornar à era do giz e da lousa. É essencial que os estudantes aprendam a analisar criticamente as informações que consomem nas redes sociais e desenvolvam habilidades digitais desde cedo”, afirmou.
Garofalo também abordou os desafios enfrentados pelas escolas diante da nova legislação. Para ela, a implementação dessa proibição poderá gerar conflitos entre alunos e professores, além de impor mais responsabilidades sobre as instituições educacionais já sobrecarregadas.
A educadora finalizou destacando que a solução para esses problemas não reside apenas na restrição do uso dos celulares. É fundamental implementar uma formação docente adequada e promover políticas públicas voltadas para melhorar as condições das escolas e garantir acesso igualitário à tecnologia.
As reflexões de Débora Garofalo sobre o uso dos celulares nas escolas revelam um debate essencial sobre como equilibrar inovação tecnológica e educação responsável em um mundo cada vez mais conectado.