Dono do carro anfíbio enfrenta burocracia após apreensão em São Vicente
O automóvel, que pode ser utilizado tanto em terra quanto na água, ganhou notoriedade nas redes sociais
- Data: 14/01/2025 10:01
- Alterado: 14/01/2025 11:01
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Caio Strumiello, um mecânico de 53 anos e inventor do polêmico “carro anfíbio”, enfrenta dificuldades após a apreensão de seu veículo em São Vicente, litoral de São Paulo. O automóvel, que pode ser utilizado tanto em terra quanto na água, ganhou notoriedade nas redes sociais ao ser filmado navegando nas águas da cidade.
A apreensão ocorreu na Praia do Gonzaguinha, onde a Guarda Civil Municipal (GCM) foi chamada para investigar potenciais riscos que o veículo poderia representar para a população e o meio ambiente. De acordo com as autoridades locais, a falta de licença para navegação foi o motivo principal para a retirada do carro do local.
A Prefeitura de São Vicente, através da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), confirmou que o veículo foi encaminhado para o pátio de recolhimento situado na Avenida Martins Fontes, no bairro Catiapoã. Caio Strumiello relatou que tentou recuperar seu veículo no último final de semana, mas não obteve sucesso devido à ausência da documentação exigida. Ele já planeja buscar orientação jurídica para reivindicar seu bem.
“Se Santos Dumont tivesse tentado fazer o avião dele aqui, talvez tivesse perdido alguma coisa. Infelizmente, é assim no Brasil; não há incentivo à inovação”, desabafou Strumiello, referindo-se às dificuldades enfrentadas por inventores no país.
De acordo com a administração municipal, o artigo 106 do Código de Trânsito Brasileiro estabelece que veículos de fabricação artesanal devem possuir licenciamento, registro e um certificado de segurança emitido por uma instituição técnica autorizada. A prefeitura orientou Strumiello a se dirigir ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para regularizar a situação do seu carro anfíbio e permitir sua retirada do pátio, tendo em vista o pagamento das taxas correspondentes.
A Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) acrescentou que todo barco deve seguir as normas estabelecidas pela Autoridade Marítima para inscrição e registro. Isso inclui a apresentação da Licença de Construção ou Licença para Embarcações Já Construídas. O órgão alertou que operar um veículo não registrado pode resultar em infrações legais e comprometer a segurança das operações marítimas.
Strumiello compartilhou que começou a desenvolver veículos em 2010 e teve a ideia de criar um modelo anfíbio há cerca de dois meses. O carro foi construído utilizando um casco de barco adaptado com rodas e equipado com dois motores: um de motocicleta e outro estacionário, comum em maquinários agrícolas.
A GCM foi acionada após receber denúncias sobre o veículo e verificou se ele apresentava riscos ambientais, como vazamentos. Apesar das preocupações levantadas, Strumiello defendeu sua criação, afirmando que os motores foram projetados para evitar contato com a água. “Eu não pretendo poluir nada; fiz cálculos rigorosos para garantir a flutuabilidade”, afirmou.