Dólar sobe, mas bolsa registra alta com expectativas de mudanças nas taxas de juros
Investidores acompanham cenário global e decisões tarifárias de Trump, além de ajustes nas taxas Selic e FED.
- Data: 27/01/2025 14:01
- Alterado: 30/01/2025 09:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Reprodução
Na última segunda-feira (27), o dólar apresentou leve alta enquanto a Bolsa de Valores experimentou uma significativa valorização. Esse movimento ocorreu em um contexto onde investidores analisavam as recentes decisões tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os analistas estão especialmente atentos à chamada superquarta, data em que os bancos centrais do Brasil e dos EUA devem anunciar suas novas taxas de juros. Na quinta-feira (30), o Banco Central Europeu também divulgará sua decisão.
A expectativa quanto aos ajustes nas taxas é distinta entre os países. No Brasil, o Banco Central já sinalizou uma provável elevação da Selic em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. Nos Estados Unidos, as previsões indicam que o Federal Reserve deve manter a taxa entre 4,25% e 4,5%, enquanto na Europa espera-se uma redução de 0,25 ponto percentual.
Recentemente, o boletim Focus revelou uma deterioração nas expectativas de inflação no Brasil para este ano e o próximo, levando economistas a revisarem suas projeções para a Selic em 2026.
Às 14h07, o dólar estava cotado a R$ 5,922, com uma alta de 0,08%, enquanto a Bolsa subia 1,39%, alcançando os 124.160 pontos. Este crescimento se deu após uma abertura fraca que viu a Bolsa recuar para 122.206 pontos.
Em meio ao recesso parlamentar no Brasil, as movimentações do mercado têm sido influenciadas pelas perspectivas econômicas relacionadas ao segundo mandato de Trump. Um recente incidente entre os EUA e a Colômbia quase resultou em uma guerra comercial. O presidente colombiano Gustavo Petro rejeitou a deportação de colombianos em aviões militares americanos, levando Trump a ameaçar tarifas de importação de 25% contra o país sul-americano. Após negociações, Petro concordou em receber os deportados, resultando na suspensão temporária das tarifas por parte dos EUA.
A situação ressaltou a seriedade das promessas de Trump em relação às tarifas comerciais e deixou os mercados com incertezas sobre sua futura abordagem comercial.
Eduardo Moutinho, analista do Ebury Bank, comentou que “a imposição de tarifas provavelmente foi apenas postergada” e enfatizou a imprevisibilidade da política econômica de Trump.
Na sexta-feira (24), o dólar teve uma leve queda de 0,12%, fechando a R$ 5,917 após Trump mencionar a possibilidade de um acordo comercial com a China que evitaria novas tarifas. Este foi o menor valor da moeda desde novembro do ano anterior e representou um recuo semanal significativo de 2,42%.
A trajetória do dólar nos últimos dias tem mostrado uma queda contínua, com a divisa americana se mantendo abaixo da marca de R$ 6 após atingir um pico histórico no final do ano passado.
Apesar das promessas de Trump durante sua campanha sobre tarifação das importações da China e outros países como União Europeia e Canadá, até agora ele optou por investigar déficits comerciais e práticas consideradas injustas por parceiros comerciais ao invés de implementar tarifas imediatamente.
No cenário interno brasileiro, analistas consultados pelo Banco Central projetaram um aumento na taxa Selic ao final do próximo ano e elevaram suas estimativas para a inflação em 2025 e 2026. O boletim Focus publicado nesta segunda-feira indicou que a expectativa para a Selic subiu para 12,50% ao fim do próximo ano.
Atualmente fixada em 12,25% ao ano, espera-se que a Selic sofra mais dois aumentos nas próximas reuniões do Banco Central. A próxima decisão será anunciada na quarta-feira (29).
A mediana das expectativas para o IPCA foi revista para cima neste ano e no próximo. Para 2025, as projeções indicam uma inflação média de 5,50%, acima dos 5,08% estimados anteriormente.
As previsões sobre o PIB brasileiro apontam para um crescimento moderado de 2,06% neste ano. Em contraste, as expectativas para 2026 foram reduzidas para uma expansão de 1,72%.