Dólar sobe e Bolsa despenca: Impactos da economia global no Brasil

Como as incertezas externas e a situação fiscal do Brasil impactam os mercados em 2024?

  • Data: 03/01/2025 19:01
  • Alterado: 03/01/2025 19:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Dólar sobe e Bolsa despenca: Impactos da economia global no Brasil

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Na última sexta-feira, 3 de janeiro, o dólar encerrou o dia com uma valorização de 0,31%, sendo cotado a R$ 6,182. Essa movimentação foi impulsionada por preocupações que permeiam o cenário externo, além de incertezas em relação às contas públicas do Brasil.

Durante a manhã, a moeda americana apresentou uma leve queda, atingindo o patamar de R$ 6,135, mas reverteu essa tendência no início da tarde. A sessão foi marcada por baixa liquidez, reflexo do feriado de Ano Novo que impactou as operações do mercado.

Em contrapartida, a Bolsa de Valores registrou uma queda acentuada de 1,32%, fechando aos 118.532 pontos. Essa desvalorização foi principalmente influenciada pelas perdas significativas das ações da Vale e da Petrobras, que são as companhias com maior representatividade no índice.

No dia em questão, a agenda econômica estava escassa em dados relevantes, fazendo com que os investidores voltassem suas atenções para o cenário internacional, com destaque para as economias da China e dos Estados Unidos.

A economia chinesa continua gerando apreensão entre os investidores devido a desafios como crises no setor imobiliário, elevada dívida governamental e uma demanda interna fraca. As exportações se destacam como um dos poucos pontos positivos, embora possam ser impactadas por uma potencial guerra comercial sob a administração do novo governo de Donald Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro e prometeu aumentar tarifas em até 20% para produtos provenientes da China.

O governo chinês tem adotado medidas para revitalizar sua economia estagnada por meio de estímulos fiscais. Recentemente foi anunciado um aumento no financiamento de títulos do tesouro com vencimentos ultralongos para o ano de 2025, visando incentivar investimentos empresariais e estimular o consumo interno.

Além disso, iniciativas como programas de troca de veículos e eletrodomésticos antigos por novos com descontos foram implementadas. Famílias também poderão receber subsídios para adquirir produtos digitais como celulares e tablets ao longo deste ano.

Entretanto, apesar das expectativas positivas em relação aos estímulos econômicos, existem receios quanto a ações que possam desvalorizar o iuan, como cortes nas taxas de juros. Tal desvalorização poderia exercer pressão sobre outras moedas emergentes.

A interdependência econômica é evidente, pois a China é a maior consumidora mundial de commodities. Assim, o desempenho do iuan e da economia chinesa impacta diretamente na atividade econômica de países exportadores como o Brasil. Recentemente, o preço do minério de ferro caiu 2,18% na bolsa de Dalian, contribuindo para uma desvalorização das ações da Vale na B3.

A economia dos Estados Unidos também se manteve sob vigilância dos investidores. Há um crescente interesse em como as políticas monetárias do novo governo Trump poderão influenciar as decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano.

A perspectiva de elevação das tarifas e possíveis deportações em massa são vistas como fatores inflacionários relevantes. O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destaca que essas promessas podem levar o Fed a manter as taxas elevadas ou até mesmo aumentá-las novamente.

Atualmente, as taxas de juros nos EUA variam entre 4,25% e 4,5%, após uma série de cortes ocorridos no último semestre. A expectativa de inflação acelerada sob a administração Trump somada a dados econômicos mais favoráveis fez com que o Fed indicasse um ritmo mais cauteloso na flexibilização monetária prevista para o próximo ano.

No Brasil, as preocupações em torno da situação fiscal continuam sendo um fator central no comportamento do mercado financeiro neste começo de ano. Os receios acerca da sustentabilidade das contas públicas foram um dos principais motores da valorização do dólar ao longo de 2024, quando a moeda americana acumulou alta expressiva de 27% frente ao real.

O fluxo cambial negativo registrado em 2024 foi de US$ 15,918 bilhões – o terceiro maior já documentado na história do Banco Central desde 2008. Os dados são preliminares e consideram informações até 27 de dezembro daquele ano.

Os analistas financeiros alertam que o governo está utilizando receitas temporárias para cobrir gastos crescentes, o que pode comprometer a sustentabilidade fiscal no longo prazo. A pressão por mais cortes nas despesas é palpável; recentemente o Congresso Nacional aprovou um conjunto de medidas propostas pelo Executivo visando reduzir gastos públicos.

A expectativa inicial era que essas medidas gerassem uma economia próxima a R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026; no entanto, estimativas recentes indicam que essa cifra pode ser reduzida para cerca de R$ 20 bilhões devido à fragilidade das propostas durante sua tramitação.

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  • Data: 03/01/2025 07:01
  • Alterado:03/01/2025 19:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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