Dólar cai após Trump adiar tarifas sobre produtos do México
Moeda norte-americana chegou a bater R$ 5,902 antes do anúncio da presidente mexicana Claudia Sheinbaum.
- Data: 03/02/2025 19:02
- Alterado: 03/02/2025 19:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Reprodução/Pixabay
Na última segunda-feira (3), o dólar registrou uma desvalorização de 0,34%, fechando a R$ 5,815. A diminuição na cotação da moeda norte-americana ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir adiar em um mês a implementação de tarifas sobre produtos importados do México.
A confirmação da nova estratégia foi divulgada pela presidente do México, Claudia Sheinbaum, em sua conta no X (antigo Twitter). “Tivemos uma conversa produtiva com o presidente Trump, pautada no respeito à nossa relação e soberania”, declarou ela.
Antes do anúncio, a moeda americana experimentava uma alta acentuada, atingindo a marca de R$ 5,902 durante a tarde. Esse movimento foi refletido em várias praças cambiais ao redor do mundo; no México, por exemplo, a divisa norte-americana viu uma perda superior a 1% após ter iniciado o dia com um aumento de 3%.
Por outro lado, o índice da Bolsa de Valores brasileira caiu 0,13%, alcançando 125.970 pontos.
No comunicado feito por Sheinbaum, ficou claro que o México intensificará a segurança na fronteira com os Estados Unidos através do envio de 10 mil soldados da Guarda Nacional. O objetivo é combater o tráfico de drogas, especialmente o fentanil. Em contrapartida, os EUA se comprometeram a colaborar para impedir o contrabando de armamentos pesados ao território mexicano.
Como resultado das tratativas entre os dois países, as tarifas previamente anunciadas de 25% sobre produtos mexicanos serão suspensas temporariamente.
Trump confirma decisão e destaca combate ao tráfico e imigração
Donald Trump confirmou a decisão através de sua plataforma Truth Social, destacando que os militares mexicanos terão a missão específica de interromper o fluxo tanto de fentanil quanto de migrantes indocumentados. Durante o período em que as tarifas estiverem suspensas, haverá negociações entre os governos dos EUA e México sob a liderança do secretário de Estado Marco Rubio e outros membros da equipe econômica.
Entretanto, as tarifas programadas para o Canadá e a China seguem adiante, com previsão de início para terça-feira, 4 de junho. No último sábado (1º), Trump havia assinado um decreto que impunha uma taxa adicional de 25% sobre todas as importações vindas do Canadá e México, exceto para produtos petrolíferos canadenses, que enfrentarão uma taxa reduzida de 10%.
O Canadá se destaca como principal fornecedor de petróleo dos EUA, representando cerca de 60% das importações americanas desse recurso. A decisão de manter tarifas mais baixas para energia canadense visa mitigar os impactos nos preços da gasolina e aquecimento doméstico nos Estados Unidos.
As mercadorias chinesas estão sujeitas a uma tarifa adicional de 10%, além das taxas já existentes. O governo americano incluiu em seu decreto uma cláusula contra retaliações, prevendo medidas adicionais caso algum país decida retaliar.
Canadá e China preparam resposta às tarifas americanas
No mesmo dia em que as novas tarifas foram anunciadas, Justin Trudeau, primeiro-ministro canadense, comunicou que seu governo também aplicaria tarifas de 25% sobre produtos americanos, totalizando cerca de US$ 106 bilhões. A primeira leva dessas taxas será implementada na próxima terça-feira.
Essas tarifas incidirão sobre itens como bebidas alcoólicas, frutas e eletrodomésticos. Trudeau pediu aos cidadãos canadenses que priorizem produtos locais em vez dos americanos.
A China também anunciou sua intenção de contestar as tarifas impostas pelos EUA através da Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação das regras comerciais internacionais.
A justificativa para tais ações por parte dos EUA baseia-se na questão da imigração e no controle do tráfico de opioides nas fronteiras. Trump indicou que poderia anunciar tarifas adicionais voltadas à União Europeia em breve.
Especialistas alertam para risco de guerra comercial ampliada
Especialistas comentam que as recentes medidas podem sinalizar o início de uma “guerra comercial ampliada”. Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell, alerta que essas tarifas representam uma nova fase do protecionismo comercial americano com potencial para impactar todos os parceiros comerciais dos EUA.
A imposição dessas taxas poderá desestabilizar fluxos comerciais e elevar custos para consumidores americanos. Neil Shearing, economista-chefe na Capital Economics, prevê que essa situação pode levar a um aumento na inflação acima dos atuais 2,6%. Já André Perfeito observa que essa estratégia pode ser vista como um esforço para aumentar a arrecadação fiscal visando reduzir o grande déficit americano.
Perfeito ainda ressalta que há uma oportunidade para países como o Brasil explorarem esse cenário e fornecerem mercadorias para Canadá e México, enquanto competem com a China no mercado global.