Diretores de unidades da FUABC são treinados sobre gerenciamento de sangue do paciente

Professor da Unifesp alerta sobre uso irracional de hemocomponentes e expõe riscos que podem causar morbidade e infecções

  • Data: 11/04/2024 08:04
  • Alterado: 11/04/2024 08:04
  • Autor: Redação
  • Fonte: Fundação do ABC
Diretores de unidades da FUABC são treinados sobre gerenciamento de sangue do paciente

Dr. Carlos Eduardo Panfilio

Crédito:Divulgação

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Dirigentes de diversas unidades gerenciadas pela Fundação do ABC participaram, dia 9 de abril, de um treinamento sobre Gerenciamento do Sangue do Paciente (Patient Blood Management – PBM), conduzido pelo professor Dr. Carlos Eduardo Panfilio, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). O encontro foi sediado no auditório Dr. David Uip, no campus do Centro Universitário FMABC, em Santo André, e reuniu 33 colaboradores de diversas unidades da FUABC. 

O objetivo da ação foi expor mecanismos alternativos à transfusão de sangue com base em evidências científicas, redução de gastos e evolução clínica do paciente. Caso seja prescrita sem a real necessidade, a transfusão sanguínea pode estar associada a aumentos dos riscos de infecções, do tempo de internação, da morbidade e da mortalidade. 

Professor e pós-doutorando na área de Patient Blood Management, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Medicina: Hematologia e Oncologia pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), o palestrante fez importantes alertas quanto à generalizada ausência de critérios para a prescrição de transfusão de sangue nos serviços de saúde de todo o Brasil, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar. O PBM estabelece que é possível utilizar opções terapêuticas mais eficazes à saúde do paciente, como melhorar o índice de hemoglobina do paciente com uso de medicamentos e/ou aparelhos específicos, além de utilização de técnicas cirúrgicas. Ainda considerado um debate em estágio inicial no Brasil, o objetivo da discussão é transformar o PBM em política pública de saúde. 

“Isso é inovação. É um trabalho que precisa ser multiplicado no Brasil e que exige uma atuação interprofissional, com troca de experiências, exercício do diálogo e aprendizagem compartilhada. Não dá para deixar apenas na mão do médico. É preciso mudar a linha de cuidado do paciente desde a admissão até o pós-operatório. Há evidências científicas já publicadas que comprovam que os riscos da transfusão sanguínea superam os benefícios. Mas, sem conhecimento não há mudança de comportamento. Precisa haver uma mudança de paradigmas”, alerta Panfilio. A mudança consiste, inclusive, na inserção de disciplinas sobre o tema nos cursos de graduação em Medicina, com foco no aprimoramento técnico do ensino para médicos em formação. 

Gastos com armazenamento, processamento, infusão, estoque, transporte e coleta estão entre os maiores agravantes deste cenário. O uso de hemocomponentes é uma prática dispendiosa para o SUS, que necessita e utiliza tecnologia de ponta e recursos humanos altamente especializados. Além disso, seu fornecimento está diretamente relacionado à doação voluntária, o que fragiliza o processo. “Não estou pregando a ‘não transfusão’. Não se trata disso. No entanto, é preciso olhar para a transfusão como um transplante, pois há diversos riscos envolvidos que podem ser evitados. Quem não tolera a anemia é o profissional de saúde, não o paciente”, completa o professor. 

O PBM consiste, na prática, na combinação de medicamentos, equipamentos e/ou técnicas cirúrgicas que envolvem basicamente quatro princípios: controlar a perda de sangue; maximizar a tolerância à anemia; aumentar a hematopoiese (formação de células sanguíneas); e tomar decisões centradas no paciente. Neste sentido, o PBM muda o foco da transfusão de sangue estocado para a elaboração de medidas preventivas, gerenciando de maneira otimizada o sangue do próprio paciente. 

MOGI DAS CRUZES

Em março, a FUABC apoiou a implantação do Programa de Gerenciamento de Sangue no Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC). A atividade que marcou o pontapé inicial da iniciativa também contou com a participação do professor Dr. Carlos Eduardo Panfilio, em parceria com a Secretaria de Saúde do município. 

“Além de ser assistencialmente encantador, em razão dos benefícios para a saúde dos pacientes, financeiramente o projeto pode trazer um ganho importante às unidades. É perfeitamente aplicável se cada um se dedicar e entender a importância deste programa. Ficamos à disposição de todas as unidades para colaborar neste processo”, disse a gerente administrativa de Projetos da Fundação do ABC, Vanessa Damazio de Brito. 

CONCEITO

O conceito de PBM foi aprovado em 2010 pela Assembleia Mundial da Saúde e foi foco, em 2011, do Fórum Global para a Segurança do Sangue promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2017, o PBM foi recomendado como padrão de atendimento pela Comissão Europeia e, em 2019, tornou-se o padrão de manejo dos pacientes em todos os hospitais da Austrália. A Joint Commission International (JCI), líder mundial em certificação de organizações de saúde, também promoveu o PBM como modalidade eficaz de melhoria da qualidade para hospitais e outras organizações de assistência à saúde. No mundo, países como China, Canadá e Austrália atualmente possuem as condutas mais avançadas e inovadoras quanto ao gerenciamento de sangue do paciente.

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  • Data: 11/04/2024 08:04
  • Alterado:11/04/2024 08:04
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  • Fonte: Fundação do ABC









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