Dia do Mico-leão-preto: um apelo à conservação da biodiversidade
Nesta sexta-feira (28) celebra-se o esforço para proteger uma das espécies mais emblemáticas do estado
- Data: 28/02/2025 13:02
- Alterado: 28/02/2025 13:02
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
O Dia do Mico-leão-preto, celebrado em 28 de fevereiro, serve como um importante lembrete sobre os esforços necessários para a conservação desta espécie endêmica do estado de São Paulo. Desde 2014, o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) é reconhecido como Patrimônio Ambiental do Estado e se destaca como um dos principais símbolos da luta pela preservação da biodiversidade na Mata Atlântica.
A espécie enfrentou uma trajetória crítica, sendo considerada extinta na natureza até sua redescoberta em 1970 no Parque Estadual do Morro do Diabo. Atualmente, o mico-leão-preto enfrenta ameaças severas. De acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), está classificado como “em perigo de extinção“, com uma população estimada em pouco mais de mil indivíduos, dispersos em fragmentos isolados de floresta.
A Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) tem liderado esforços para proteger e recuperar essa espécie, colaborando com instituições científicas e com a sociedade civil. A coordenadora de Fauna Silvestre da Semil, Patrícia Locosque, enfatizou a importância do Banco Paulista de Germoplasma de Animais Silvestres, que armazena amostras seminais de diversas espécies, incluindo o mico-leão-preto. Essas amostras são preservadas utilizando técnicas avançadas de criopreservação a -196°C.
As amostras são coletadas de animais saudáveis e submetidas a rigorosos testes de qualidade antes de serem armazenadas. “A criopreservação facilita a troca de material genético entre instituições e garante um banco de recursos genéticos crucial para futuros programas de reprodução, essenciais para a conservação das espécies ameaçadas“, afirmou Locosque.
Adicionalmente, a Comissão Permanente de Proteção dos Primatas Paulistas (Pró-Primatas Paulistas), instituída pelo Decreto 60.519/2014, tem promovido iniciativas integradas para proteger o mico-leão-preto em seu habitat natural. Essa comissão reúne representantes do governo, cientistas e organizações da sociedade civil para desenvolver estratégias que incluem pesquisa científica, educação ambiental e manejo reprodutivo.
O papel ecológico dos micos-leões-pretos na regeneração das florestas é vital, pois atuam como dispersores de sementes. Portanto, sua preservação é fundamental para manter a biodiversidade na Mata Atlântica paulista. Com aproximadamente 30 cm de comprimento corporal e 40 cm de cauda, além de pesar cerca de 600 gramas, essa espécie se alimenta principalmente de frutos e insetos e vive em grupos familiares.
Desde 2012, as ações voltadas à conservação têm se intensificado por meio da colaboração entre várias instituições. Pesquisas sobre captura e estudos acerca da microbiota oral e retal dos animais resultaram em publicações científicas reconhecidas internacionalmente, como no American Journal of Primatology, sob a liderança da Dra. Patrícia Locosque Ramos. Além disso, um biobanco com amostras de DNA provenientes de oito indivíduos na vida selvagem tem contribuído significativamente para o entendimento do genoma da espécie e sua variabilidade genética.
A continuidade das pesquisas relacionadas ao mico-leão-preto propiciou avanços em áreas como nutrição, comportamento, ecologia, genética e microbiologia. Em 2023, um estudo que utilizou dados históricos provenientes de análises laboratoriais recebeu menção honrosa no 1º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Patologia Clínica Veterinária ao estabelecer valores de referência para o manejo veterinário dessa espécie.
Apesar dos progressos alcançados, os desafios permanecem significativos. A fragmentação dos habitats e o isolamento das populações requerem ações contínuas voltadas ao reflorestamento e à melhoria da conectividade entre os fragmentos florestais. Além disso, promover a educação ambiental e engajar a sociedade é crucial para assegurar a sobrevivência dessa espécie única, reconhecida como Patrimônio Ambiental do Estado de São Paulo.