Dia do Autismo: influenciadora compartilha relato sobre inclusão_x000D_
Raquel Nery é estudante de medicina e falou sobre seu bom desemprenho na faculdade estar relacionado a boas práticas de inclusão
- Data: 02/04/2023 10:04
- Alterado: 02/04/2023 10:04
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Reprodução Instagram @raquelneryof
Celebrado no dia 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo é uma data criada pela ONU, com a finalidade de informar a população, diminuir o preconceito e falar sobre práticas coletivas de inserção dos indivíduos dentro do espectro autista . E o relato de uma influenciadora autista mostra uma simples atitude é um importante ato de inclusão.
Raquel Nery é autista e estuda medicina, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e compartilha sua rotina nas redes sociais para mostrar os desafios e vivências de uma universitária autista.
Em uma publicação em seu perfil do Instagram, a jovem fala sobre as ações de uma professora, que, como ela mesmo escreveu “captou o conceito de ‘inclusão’ em sua forma mais pura”.
Na postagem, Nery contou que sua rotina de estudos estava muito cansativa, mas que resultou em um bom desempenho na prova. “No fim, nem precisava ter estudado tanto! Não caiu nem 30% do que eu sabia (…) tenho certeza que acertei todas as 20 questões da prova prática, e certeza de que errei 1 questão da prova teórica”.
Mas segundo a influenciadora, seu desempenho também está atrelado as boas práticas de inclusão de sua professora. “Um resultado ótimo que se deve, em sua maioria, à nossa maravilhosa professora, ela captou o conceito de “inclusão” em sua forma mais pura”
Ela relata as simples ações de sua professora em aula, mas que faziam toda diferença para a estudante.
“Essa santa criatura separava um lugar para mim na frente todos os dias, ela reservava uma mesa no laboratório só para mim todos os dias, ela vinha checar se eu estava bem pelo menos 2x por aula, ela fazia um “quiz” comigo e me desafiava (no bom sentido) todo fim de aula. Simplesmente impossível não estar motivada e não dar o meu melhor”.
Os desafios de pessoas autistas são diferentes e precisam ser levados em consideração também para a evolução do seu quadro. E dentro das universidades algumas práticas se fazem fundamentais para a inclusão correta desses estudantes.
Raquel finaliza a publicação dizendo estar vivendo um sonho: “Estou cada vez mais apaixonada pela genética médica e estou cansada por ter acabado anatomia e no dia seguinte já começar endócrino nunca para, nunca descansa. Um pesadelo, mas se olhar por outra perspectiva, estou vivendo um sonho”.
Entenda o Autismo
O TEA — Transtorno do Espectro do Autismo, ou autismo, como é comumente chamado, refere-se a uma condição que compromete três áreas do desenvolvimento: interação social, comportamento e comunicação. O paciente com autismo apresenta dificuldades de domínio da linguagem, socialização e desenvolve comportamentos restritivos e repetitivos em diferentes intensidades.
Não há cura para o transtorno, mas o tratamento traz qualidade de vida para o indivíduo melhorando a comunicação, a interação e o comportamento. O acompanhamento é feito por uma equipe multidisciplinar composta por profissionais da saúde como médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fisioterapeutas, psicopedagogos entre outros.
A pediatra e professora do curso de Medicina da Unic, Karinna Faro, explica que ainda que o autismo seja um transtorno que não tem cura, a criança pode adquirir as habilidades funcionais esperadas para a etapa do desenvolvimento, através das terapias direcionadas. “O número de casos identificados tem crescido bastante, a idade avançada dos pais e a prematuridade vem contribuindo para esse aumento. É muito importante lembrar que quanto mais cedo forem iniciadas as intervenções, melhor será a qualidade de vida da criança considerando o tempo ouro da neuroplasticidade que são os primeiros 2 anos de vida”, esclarece a especialista.