Desembolso do Plano Safra 2024/25 apresenta queda de 20% até fevereiro
O Plano Safra 2024/25 liberou R$ 245,57 bilhões, queda de 19,57% em relação ao ano anterior. Dificuldades no acesso ao crédito impactam o setor.
- Data: 05/03/2025 16:03
- Alterado: 05/03/2025 16:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Assessoria
O Plano Safra 2024/25, que teve início em 1º de julho de 2024, registrou um total de R$ 245,57 bilhões em desembolsos até o mês passado, conforme dados divulgados pelo Broadcast Agro. O montante é direcionado a pequenos, médios e grandes produtores e representa 51,53% do total disponível para esta safra, que é de R$ 476,59 bilhões.
Em comparação ao mesmo período da safra anterior (2023/24), o valor atual apresenta uma redução de 19,57%, já que no ano passado foram liberados R$ 305,31 bilhões. O número de contratos firmados também sofreu uma diminuição significativa, com um total de 1,407 milhão de contratos realizados até o fim de fevereiro, o que equivale a uma queda de 13,3% em relação aos 1,622 milhão registrados no mesmo intervalo da temporada anterior.
A desaceleração nos desembolsos foi observada desde o início da safra atual, com um recuo de 48% nos recursos liberados no primeiro mês. Guilherme Rios, assessor técnico da Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), prevê que essa tendência de retração persista até o final do ciclo. Segundo ele, a diminuição não reflete a falta de demanda por produtos agrícolas, mas sim as dificuldades enfrentadas pelos produtores para acessar os recursos disponíveis.
Rios ressalta que a seletividade no acesso ao crédito oficial tem sido uma barreira significativa e que a procura por novos financiamentos permanece alta, especialmente para custeio das atividades. “A expectativa é que não se utilize todo o volume previsto para o atual Plano Safra, exceto os recursos subsidiados”, comenta Rios.
O especialista destaca que a redução na demanda por recursos já era esperada devido ao aumento das taxas de juros e à burocracia associada ao crédito oficial. Ele observa ainda que as fontes privadas têm mostrado um aumento significativo no financiamento rural, com crescimento estimado em cerca de 60%. “O que não está sendo atendido pelo crédito oficial está sendo compensado pelo mercado privado e por instrumentos como os títulos agrícolas”, afirma.
No início do Plano Safra atual, quando a Selic estava em 10,5% ao ano, alguns produtores optaram por buscar financiamento no mercado privado devido às condições mais favoráveis oferecidas por esses recursos. No entanto, com o aumento das taxas de juros nos últimos meses, há uma expectativa de retorno dos produtores ao crédito oficial.
No que diz respeito às modalidades de financiamento, os valores destinados ao custeio somaram R$ 141,76 bilhões entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, apresentando uma queda de 15,3% em comparação ao ano anterior. Os investimentos receberam R$ 63,90 bilhões durante o mesmo período, uma diminuição de 16,7%. As operações de comercialização e industrialização também sofreram quedas significativas.
Até agora, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) firmou aproximadamente 1,068 milhão de contratos totalizando R$ 44,22 bilhões. O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) registrou um total de R$ 44,98 bilhões em financiamentos através de cerca de 168.480 operações.
Em relação às fontes dos recursos utilizados no crédito rural, as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) emergem como a principal opção no acumulado da safra atual com R$ 57,86 bilhões disponíveis. Apesar da queda em comparação ao ano anterior (R$ 127,82 bilhões), as LCAs continuam a ser um recurso importante para os agricultores.
Para esta safra, o governo disponibilizou R$ 76 bilhões para a agricultura familiar e R$ 400,59 bilhões voltados para médios e grandes produtores através do Pronamp e outras linhas específicas.