Desaparecimento de Líder da Oposição Enrique Márquez Aumenta Tensão na Venezuela
ONU e países vizinhos pedem investigação urgente.
- Data: 08/01/2025 21:01
- Alterado: 08/01/2025 21:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Getty Images
Enrique Márquez, reconhecido como um dos líderes da oposição moderada ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela, está desaparecido desde a madrugada do dia 8 de novembro. Segundo relatos de amigos e familiares, ele foi levado por homens encapuzados em Caracas, poucos dias antes da posse de Maduro, prevista para o dia 10.
Márquez se destacou por sua postura crítica em relação ao regime e, após ter sido candidato à presidência nas últimas eleições, que foram amplamente desacreditadas, solicitou a divulgação das atas eleitorais para verificar os resultados proclamados pelo governo. Seu desaparecimento ocorre em meio a uma nova onda de detenções direcionadas a opositores.
Em um desenvolvimento alarmante, a ONG Espacio Público, conhecida por sua defesa da liberdade de expressão e dos direitos dos jornalistas na Venezuela, informou que Carlos Correa, seu diretor-executivo, também está desaparecido. Testemunhas afirmaram que Correa foi abordado no centro de Caracas por indivíduos supostamente vinculados aos serviços de segurança do regime. As autoridades têm utilizado essa tática como parte de uma estratégia mais ampla de repressão, mantendo os detidos sem comunicação com suas famílias e sem acesso a representação legal nos primeiros dias após as prisões.
A escalada na repressão gerou reações no cenário internacional. O presidente colombiano Gustavo Petro, um dos principais aliados da Venezuela na região, declarou que sua participação na posse de Maduro se tornou inviável devido às recentes detenções. Petro afirmou que não pode reconhecer as eleições realizadas no país, as quais considera não serem livres, mas também enfatizou que não romperá relações com a Venezuela nem interferirá em seus assuntos internos.
Além disso, outros líderes da oposição têm enfrentado problemas semelhantes. Dois diretores do grupo liderado por María Corina Machado foram sequestrados em Trujillo por forças de segurança. A situação é agravada pelo fato de que Edmundo González, ex-diplomata e concorrente nas eleições contra Maduro, relatou que seu genro foi preso em Caracas enquanto ele estava fora do país.
Nas últimas semanas, o regime tem alternado entre liberar alguns presos políticos e intensificar novas detenções. Atualmente, estima-se que existam cerca de 1.800 prisioneiros políticos na Venezuela, incluindo aproximadamente 160 militares. Os opositores restantes estão sob constante vigilância. O ex-prefeito de Caracas e aliado de Márquez, Juan Barreto, denunciou a presença de homens armados próximos à sua residência.
María Corina também se vê sob vigilância; sua mãe idosa enfrenta restrições em sua própria casa. Enquanto isso, ela permanece em um local desconhecido para garantir sua segurança. O governo venezuelano reforçou suas medidas de controle militar com a criação do chamado “Órgão de Defesa Integral para garantir a paz”, que integra forças armadas e civis armados.
No contexto atual tenso, González anunciou planos para se encontrar com líderes regionais que o reconhecem como presidente legítimo da Venezuela e revelou que as atas das eleições coletadas pela oposição serão mantidas sob custódia no Panamá.
Com eventos programados tanto pela oposição quanto pelo regime para o dia da posse de Maduro, a situação na Venezuela continua incerta e volátil.