Desafio das instalações subterrâneas de eletricidade e telecomunicações
Engenheiro do Crea-SP comenta tema que veio à tona com temporais recentes
- Data: 17/11/2023 17:11
- Alterado: 17/11/2023 17:11
- Autor: Redação
- Fonte: Crea-SP
Crédito:Auriete Esteves/Arquivo pessoal
O debate sobre o enterramento dos muitos cabos de energia, internet, televisão e telefonia que vivem expostos em postes nas ruas sempre surge quando o assunto é planejamento urbano e segurança energética e de telecomunicações. Principalmente quando, após intempéries do clima, os serviços são interrompidos com falhas na rede ocasionadas pelo rompimento de fios.
A dúvida que fica é: as instalações subterrâneas são uma alternativa viável para problemas desse tipo? Segundo o engenheiro eletricista Paulo Takeyama, coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), é uma solução bastante atrativa quando o obstáculo que impede o funcionamento do serviço é externo. “A resolução total é algo muito difícil de se alcançar, mas o prejuízo causado por queda de árvores ou de postes, seja por ação meteorológica ou por acidentes, poderia ser grandemente minimizado com o enterramento dos fios”.
O especialista conta que a instalação subterrânea, quando bem feita, exige menos manutenções corretivas que as tradicionais. “A média nacional dessas instalações gira em torno de 2%. Em SP, menos ainda, 0,3%. Ou seja, ainda existem poucas e acredito que isso acontece por conta do preço”, afirma. O engenheiro conta que, apesar da vantagem econômica a longo prazo, instalar os fios embaixo da terra exige custos 8 a 10 vezes maiores porque requer a viabilização de túneis. Uma opção citada por ele seria a utilização das vias de transporte, como o metrô, mas, não basta apenas o aproveitamento das galerias, é necessário ter esse uso projetado antes mesmo das escavações, uma vez que é preciso prever o espaço e a infraestrutura para tanto.
A instalação subterrânea bem feita fica menos sujeita aos vendavais, ainda que exija uma manutenção mais técnica porque não deixa um problema, quando ocorre, tão visível. A comparação está na resistência dos modelos: historicamente, em projetos aéreos, os postes e as linhas preveem ventos entre 80 e 85 quilômetros por hora. Nos últimos registros, os ventos alcançaram mais de 100 km/h. “É um dano da natureza por um fenômeno de proporções maiores do que o previsto”. O controle disso foge do planejamento e depende de um trabalho multidisciplinar de muitas Engenharias e, no caso da instalação subterrânea, muito mais, explica Takeyama, porque é uma instalação mais complexa.
“A verdade é que o planejamento de toda a cidade precisa de muitos profissionais e nas redes elétricas e de telecomunicações sem dúvida, pois temos intervenções da Engenharia Civil e da Geologia, quando há o enterramento de cabos, e da Engenharia Agronômica e Florestal, em estruturas expostas e em contato com árvores, além da Engenharia Elétrica e de Telecomunicações”, conclui o engenheiro.