Dengue, coronavírus, influenza, chikungunya: de onde vêm os nomes dos vírus e das doenças?
Com diversas origens, palavras podem remeter a características específicas da doença; referências a locais ou povos não são recomendadas pela OMS
- Data: 11/11/2024 09:11
- Alterado: 11/11/2024 09:11
- Autor: Redação/IA
- Fonte: Agência SP
Crédito:Reprodução
A nomenclatura de vírus e doenças infecciosas é uma questão que vai além dos aspectos médicos e científicos, podendo impactar significativamente a sociedade e a economia. Um exemplo recente é o do vírus Mpox, anteriormente conhecido como Monkeypox ou varíola dos macacos. A antiga designação contribuiu para a propagação de discursos racistas e resultou em ataques a animais, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a recomendar a mudança de nome em novembro de 2022, poucos meses após o surgimento do surto.
Historicamente, a prática de nomear vírus frequentemente envolvia referências ao local de origem ou aos primeiros grupos afetados pela doença. Além disso, nomes derivados de palavras em latim, grego ou italiano eram utilizados para descrever os sintomas causados pelo patógeno. No entanto, uma diretriz emitida pela OMS em 2015 ressaltou a importância de adotar nomes “cientificamente válidos e socialmente aceitáveis”, recomendando evitar associações com locais ou povos específicos para prevenir estigmatizações.
No contexto das zoonoses — doenças transmitidas de animais para humanos —, associar o nome da doença aos animais envolvidos pode ser igualmente prejudicial. Um exemplo é a gripe suína, que levou à matança indiscriminada de porcos e à proibição da importação de carne suína em vários países, embora a transmissão fosse predominantemente entre humanos.
Diversos vírus circulam no Brasil com histórias interessantes por trás de seus nomes:
Influenza: Derivada do italiano “influenza”, significando “influência”, o termo remonta ao século XIV, quando se acreditava que certas doenças eram causadas por influências astrais. Popularizado na Itália durante uma epidemia em 1743, o nome se espalhou globalmente nos séculos seguintes.
Chikungunya: O termo vem da língua Makonde, falada no sudeste da Tanzânia, significando “aqueles que se contorcem”. Descrito nos anos 1950 após um surto local, o nome refere-se às dores intensas nas articulações causadas pelo vírus.
Dengue: De origem espanhola, “dengue” relaciona-se a um estado delicado ou meticuloso dos infectados. Alternativamente, pode derivar da palavra africana quimbundo “ndenge” ou da expressão suaíli “Ka-dinga pepo”.
Zika: Nomeado após ser isolado na floresta Zika em Uganda em 1947. No Brasil, o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e é conhecido por causar microcefalia em recém-nascidos.
Febre Amarela: A denominação vem da icterícia observada em pacientes, uma coloração amarelada devido ao acúmulo de bilirrubina no sangue.
Coronavírus: Este nome refere-se à aparência do vírus sob um microscópio, com espículas que lembram uma coroa. O SARS-CoV-2 é assim chamado por ser o segundo coronavírus associado à síndrome respiratória aguda grave desde 2003. A doença causada por ele foi denominada Covid-19 — combinação de “Coronavirus Disease” com o ano de descoberta, 2019.
Assim, compreender as origens dos nomes desses vírus não só ilumina aspectos históricos e culturais significativos mas também ressalta a importância de uma nomenclatura cuidadosa para minimizar impactos negativos na sociedade.