Decisão de Toffoli dá margem para questionamento no caso João de Deus
Após a suspensão dos processos de Flávio Bolsonaro com base em relatórios do Coaf, a defesa João de Deus, disse que a decisão abre margem para colocar sua situação sob "questionamento"
- Data: 17/07/2019 10:07
- Alterado: 17/07/2019 10:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, durante abertura do Seminário Políticas Judiciárias e Segurança Pública, no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Crédito:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Nesta terça-feira, 16, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, aceitou um pedido da defesa do senador e suspendeu todos os processos em tramitação no Brasil que tenham compartilhado dados do Coaf com o Ministério Público sem que houvesse autorização judicial prévia para isso.
“Num caso houve informação direta do Coaf para o MP e pode gerar questionamento”, diz o advogado Alberto Toron, que comanda a defesa do médium. Segundo ele, cabe questionamento com relação ao caso que apura lavagem de dinheiro. “Penso que apenas em relação ao que apura a própria lavagem.”
Dois relatórios do Coaf estão no centro do Caso João de Deus. Um deles foi usado para sustentar sua prisão, e foi encaminhado pelo Coaf ao MP de Goiás ainda em dezembro de 2018, assim que as primeiras denúncias contra o médium apareceram na mídia. Segundo este relatório, o médium fez movimentações financeiras de R$ 35 milhões às vésperas da decretação de sua prisão preventiva – o que chamou a atenção Coaf. Os investigadores desconfiaram de tentativa de fuga do País.
Réu em oito processos por violência sexual contra quase uma centena de mulheres e preso há quase sete meses no complexo penitenciário de Aparecida de Goiânia, João de Deus é suspeito ainda de construir um “império” por meio da extorsão de seguidores, lavagem de dinheiro e prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Um relatório feito pela força-tarefa que investiga o caso aponta João de Deus como chefe de uma organização criminosa.
As provas incluem dois relatórios do Coaf que detalham transações milionárias nas contas do médium e seus aliados, além de e-mails entre membros do grupo, depoimentos de testemunhas e escrituras de imóveis. Os investigadores suspeitam que o médium possa ter acumulado ilegalmente milhões de reais por mais de três décadas.