De 16 discursos, Lula já citou Bolsonaro em 14; Dilma é exaltada
Orientação do petista aos aliados que integram o conselho da coalizão de governo de esquecer Bolsonaro tem sido descumprida por ele mesmo
- Data: 11/02/2023 09:02
- Alterado: 11/02/2023 09:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
“Acho que é bom a gente esquecer quem governou este país até o dia 31 de dezembro”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a um grupo de políticos em reunião na quinta-feira passada no Palácio do Planalto, em referência a Jair Bolsonaro (PL). A orientação do petista aos aliados que integram o conselho da coalizão de governo, contudo, tem sido descumprida por ele mesmo.
Dos 16 discursos oficiais feitos por Lula desde a posse, em 1º de janeiro, em 14 oportunidades houve alusões ou menções diretas ao antecessor, a quem já se referiu como “genocida”, “irresponsável”, “desumano”, “insensato” e “o coisa”.
A reportagem analisou todos os discursos de Lula que o Planalto tornou disponíveis e identificou que a gestão Bolsonaro está entre as pautas centrais do petista. No discurso de ontem, após a reunião com o presidente americano, Joe Biden, ao falar sobre a necessidade de diálogo com outros países, os EUA em especial, Lula voltou a citar Bolsonaro afirmando que ele desprezava as relações internacionais.
O presidente investe na retórica ofensiva em relação ao antecessor, seja em eventos de lançamento de projetos do governo seja em cerimônias mais descontraídas com aliados de movimentos sociais. O levantamento também indica que, apesar de o ex-presidente ser o alvo preferencial de Lula, é a correligionária Dilma Rousseff (PT) a pessoa mais mencionada em apresentações.
A presidente cassada foi citada por Lula de forma elogiosa 17 vezes em oito eventos em que tiveram discursos presidenciais. Uma das oportunidades em que Lula elogiou Dilma foi para dizer que, tanto no seu governo como no da companheira de partido, “foi bom para o mercado” ter o “povo vivendo dignamente”. O petista também já se referiu publicamente ao impeachment como “golpe”. Em outro momento, minimizou as vaias contra Dilma na abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, a uma “classe média alta que conseguiu ter acesso” ao evento.