Cracolândia: Prefeito de SP defende muro para dispersar população em situação de rua
Políticas de repressão ou direitos humanos? Entenda o impacto das intervenções do prefeito na população de rua.
- Data: 15/01/2025 16:01
- Alterado: 15/01/2025 16:01
- Autor: Redação
- Fonte: UOL
Crédito:Reproduçãp/TV Globo
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou recentemente que a área conhecida por concentrar usuários de serviços públicos na cidade está cercada há bastante tempo. Em entrevista ao site Exame, Nunes mencionou a instalação de um muro no local, que já contava com um tapume há mais de um ano. Essa intervenção faz parte de uma série de ações da administração municipal visando modificar a dinâmica da região.
Segundo dados divulgados pela Prefeitura, o fluxo de pessoas na Rua dos Protestantes, anteriormente um ponto central para a população em situação de rua, sofreu uma queda significativa. Entre janeiro e dezembro de 2024, foi registrado um declínio médio de 73,14% no número de indivíduos presentes no local. Além disso, as iniciativas implementadas na área resultaram em 18.714 encaminhamentos para diversos serviços e equipamentos públicos.
No entanto, especialistas alertam para as consequências das políticas atuais. Amanda Amparo, pesquisadora em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (USP), destacou que muitos usuários saem durante o dia, mas retornam à noite. Segundo ela, a diminuição da concentração de pessoas em determinados locais se deve à repressão e às violações sistemáticas dos direitos humanos enfrentadas por essa população vulnerável.
A antropóloga Roberta Costa, membro do Movimento Craco Resiste, também fez observações críticas sobre a situação. Ela afirmou que as políticas adotadas pela cidade não apenas dispersam os usuários pela metrópole, mas também contribuem para o aumento do número de pessoas vivendo nas ruas. “Não há dúvida de que a população em situação de rua aumentou. As condições de vida da população como um todo pioraram. Isso leva muitas pessoas para a rua e essa política de violência contra indivíduos que já enfrentaram tanta opressão ao longo da vida não é eficaz”, declarou Costa.
Essas declarações refletem um cenário complexo e desafiador para a administração pública na busca por soluções viáveis e humanitárias para atender à crescente demanda por assistência social e proteção aos direitos humanos na cidade.