Covid e crianças brasileiras: dados estarrecedores
Um deles é a alta concentração de mortes nos primeiros meses de vida do bebê: 55% delas está concentrada até no terceiro mês (477 óbitos)
- Data: 28/07/2021 11:07
- Alterado: 28/07/2021 11:07
- Autor: Redação
- Fonte: OOBr
Crédito:reprodução
Os primeiros 1000 dias de vida da criança é o período compreendido entre a concepção até os dois primeiros anos de vida (270 dias de gestação e 730 dias de vida da criança). Este é o intervalo de ouro que determina todo o futuro da criança no âmbito biológico (crescimento e desenvolvimento), intelectual e social.
Este termo decorre de uma série de estudos publicados na revista de medicina inglesa Lancet, entre 2008 e 2013, que analisou os primeiros mil dias do ciclo de vida, demonstrando que o cuidado se inicia com a mãe durante a gravidez. A falta de políticas públicas de saúde comprometidas com a saúde integral da gestante e da criança desencadeia consequências irreparáveis que impactam diretamente na mortalidade infantil nesta faixa etária.
O OOBr Covid-19 1000 dias divulga a atualização sobre situação de crianças até 2 anos com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) notificada desde o início da pandemia atual. A última atualização do SIVEP-Gripe disponível pelo Ministério da Saúde no site https://opendatasus.saude.gov.br/dataset é do dia 21/07/2021.
Desde o início da pandemia, são 10.436 casos de SRAG confirmados por COVID em crianças até dois anos e 862 mortes. Um destaque é a alta concentração de mortes nos primeiros meses de vida do bebê: 55% delas está concentrada até no terceiro mês (477 óbitos).
Dos bebês que morreram por Covid nessa faixa etária, 32,5% não foram para UTI e 38,4% não passaram por intubação, recursos importantes nessas situações.
Se considerarmos todos os casos de SRAG nesse público infantil, foram 33.415 registros e 1.690 mortes em 2020. Neste ano, são 38.421 casos e 979 óbitos. Em 2019 (ano anterior à pademia) foram 19.142 casos de SRAG e 576 mortes nessa faixa etária.
Em 2020, a porcentagem de desconhecimento do agente causador da SRAG é de 78% e essa porcentagem é de 74% em 2021. O problema não é novo mas se agravou na pandemia de Covid-19. Em 2019, por exemplo, 58% tinham agente etiológico desconhecido.
Dentre os casos com agente etiológico conhecido, o coronavírus responde a 73,3% dos registros em 2020 e mais de 50% em 2021. O restante fica por conta dos vírus que tradicionalmente afetam as crianças pequenas, como o adenovírus.
Clique no link observatorioobstetrico.shinyapps.io/criancas_ate2anos para acessar o OOBr COVID-19 1000 dias.