Covid-19 segue afetando não vacinados e grupos de risco

Mesmo após cinco anos, doença segue preocupando médicos e afetando minorias da população

  • Data: 29/12/2024 09:12
  • Alterado: 29/12/2024 10:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Covid-19 segue afetando não vacinados e grupos de risco

Crédito:Foto: Paulo Pinto/ Agência Brasil

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Até o dia 7 de dezembro de 2024, o Brasil reportou 839.662 casos de Covid-19 e 5.741 mortes relacionadas à doença. Este cenário representa uma diminuição considerável em comparação ao ano anterior, que fechou com mais de 1,8 milhão de infecções e um número quase três vezes maior de óbitos.

De acordo com Alexandre Naime Barbosa, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e chefe do Departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a redução drástica no número de mortes é um indicativo das novas características da Covid-19, que agora convive com outros vírus respiratórios, como o influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR).

O ano de 2024 marca o primeiro período sem a declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional relacionada à pandemia, que teve início no final de 2019. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o término dessa emergência em maio de 2023.

Naime Barbosa observa que o número de falecimentos poderia ter sido ainda menor, considerando que a Covid-19 apresenta maior letalidade entre os extremos etários e indivíduos imunocomprometidos.

Crianças, idosos e pessoas com problemas imunológicos são os grupos mais vulneráveis, para os quais existem vacinas disponíveis. A imunidade híbrida, resultante da combinação entre a exposição ao vírus e a vacinação, é crucial. Quanto mais atualizada for a vacina, melhor será a proteção contra formas graves da doença“, explica.

Além da vacinação atualizada, Barbosa enfatiza a importância do uso do medicamento Paxlovid para tratar casos sintomáticos em populações vulneráveis. Este antiviral, composto pelos fármacos nirmatrelvir e ritonavir, está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas com 65 anos ou mais e imunocomprometidos com idade a partir de 18 anos que apresentem sintomas leves a moderados. O uso do remédio pode reduzir significativamente as chances de hospitalização e morte por Covid-19.

Conforme Barbosa, a subutilização desse tratamento se deve à falta de informação tanto entre médicos quanto entre pacientes. “É fundamental educar as pessoas – especialmente aquelas pertencentes a grupos de risco – sobre a importância da testagem ao apresentar sintomas gripais“, acrescenta.

Dados do painel Coronavírus Brasil, gerido pelo Ministério da Saúde, mostram que o pico de infecções em 2024 ocorreu entre 18 de fevereiro e 2 de março, logo após o Carnaval, totalizando 139.806 novos casos nesse intervalo. Especialistas já haviam alertado sobre o potencial aumento das infecções durante as festividades.

No estado de São Paulo, informações da plataforma Covid da Fundação Seade também revelam um crescimento nos números após o Carnaval, especialmente na primeira quinzena de março.

Eventos festivos como Natal, Ano Novo e Carnaval são momentos propícios para aglomerações que favorecem a transmissão dos vírus respiratórios.

Médicos recomendam evitar contato próximo com pessoas saudáveis ao apresentar sintomas gripais, utilizar máscaras em locais públicos e evitar tocar os olhos, nariz ou boca em ambientes coletivos. Aqueles pertencentes a grupos vulneráveis devem procurar serviços de saúde para realizar testes quando apresentarem sintomas.

Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, ressalta a necessidade contínua do diagnóstico: “É importante que qualquer pessoa com síndrome gripal não desconsidere seus sintomas. Muitas vezes pode ser Covid-19 e há tratamentos disponíveis. Enfatizo aos grupos vulneráveis a importância de manter as vacinas atualizadas“.

Araújo acredita que é provável que a Covid-19 se torne uma doença comum com padrões sazonais e flutuações no número de casos. Contudo, ele não descarta a possibilidade do surgimento de novas variantes ou um aumento significativo nas infecções.

O vírus possui a capacidade de escapar da detecção epidemiológica; vimos isso em ondas recentes nos Estados Unidos que não geraram grande alarde ou preocupação pública“, comenta Araújo.

Não podemos prever o futuro; se descuidarmos da Covid-19 e perdermos memória imunológica coletiva, poderemos ser surpreendidos por um novo aumento significativo nos casos ou até mesmo uma variante mais agressiva“, conclui o infectologista.

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  • Data: 29/12/2024 09:12
  • Alterado:29/12/2024 10:12
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