Covid-19 – Fim de Ano restrito: Estados já proíbem festa de fim de ano
Proibição de comemorações, toque de recolher e suspensão do consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes são algumas das medidas já adotadas por alguns estados. O mundo se fecha
- Data: 05/12/2020 10:12
- Alterado: 05/12/2020 10:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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A alta nos casos de covid-19 já provoca impacto nas festas de fim de ano no Brasil, com proibição de comemorações ao longo de, pelo menos, parte de dezembro, toque de recolher e suspensão do consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes. Salvador, uma das cidades mais tradicionais do país nas festas desta época do ano, é um dos municípios atingidos pelas medidas.
O governo da Bahia proibiu nesta sexta, 4, a realização de shows, festas, sejam públicas ou privadas, em todo o Estado até o próximo dia 17, independentemente do número de participantes. O governo afirma haver “indicativo” de renovação da medida a partir da data. No Paraná a proibição é para festas e confraternizações com mais de 10 pessoas, além de toque de recolher, das 23h às 5h, e da suspensão da venda e consumo de bebidas alcoólicas em vias e espaços públicos neste horário.
A determinação vale por 15 dias contados a partir dessa quinta, 3, podendo ser prorrogada. No mesmo caminho, Santa Catarina também terá toque de recolher e estabelecimentos fechados às 23h.
Em Belo Horizonte, em novo recuo da reabertura da economia por causa do aumento nos casos de covid-19, a prefeitura da capital mineira proibiu, em decreto publicado nesta sexta, 4, e válido a partir de segunda-feira, 7, o consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes da cidade.
O município recomenda que ninguém organize ou participe de confraternizações e festas de fim de ano. O decreto determina que não haja convite para participação de público nas tradicionais inaugurações de iluminações de Natal. A mais famosa delas, a da Praça da Liberdade, é organizada pelo governo do Estado.
O decreto na capital mineira veio acompanhado da abertura de leitos para tratamento da covid-19 na cidade. Ou seja, a previsão da prefeitura é que a situação piore no município. Na quarta-feira, 2, o número de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) específicos para covid-19 na cidade era de 522, sendo 256 do Sistema Único de Saúde (SUS) e 266 da rede particular.
Nesta quinta, o total era de 553 leitos, sendo 287 do SUS e 266 nos hospitais privados. Houve abertura também para leitos de enfermaria exclusivos para o tratamento de pacientes com a doença, que somavam 1.221 na quarta-feira, 2, 684 públicos e 537 privados, e foram para 1.302 ontem. Também neste caso a alta foi nos leitos do SUS, que foram a 765. Os privados permanecem em 537.
O governo da Bahia afirma que os números de casos de covid-19 no Estado aumentam hoje em taxas iguais às registradas no pico da pandemia, entre agosto e outubro. Não há, atualmente, pelo menos por enquanto, números idênticos em relação a óbitos, que estão em torno de 20 por dia. À época do pico as mortes chegaram a 70 por dia.
O Estado atribui o aumento nos casos de covid-19 a festas de início do verão. O boletim desta quinta-feira, 3, da Secretaria de Estado da Saúde da Bahia aponta para 3.268 novos casos de covid-19 em 24 horas. O total de diagnósticos desde o início da pandemia é de 412.685, com 8.336 mortes.
A justificativa do governo do Paraná para as medidas, conforme decreto do governador Ratinho Junior (PSD), é que “o índice da taxa de reprodução do vírus se encontra acima da média para a capacidade de leitos de UTI exclusivos para covid-19”. O governador afirma ainda que “a expansão de leitos de UTI exclusivos para covid-19 já se encontra em seu último estágio, havendo falta de recursos humanos, insumos e equipamentos no atual panorama”. O Paraná tem 291.244 casos de covid-19, com 6.259 mortes até agora.
Todas as decisões foram por decreto. No caso de Santa Catarina, as medidas também valem por 15 dias e, conforme o governo do Estado, o texto seria publicado ainda esta semana. As medidas foram tomadas depois de reunião com prefeitos das 21 maiores cidades de Santa Catarina. O governo afirma que o objetivo das medidas é mostrar para a sociedade que o momento é de agravamento do risco em relação ao contágio pelo novo coronavírus. Santa Catarina tem 378.621 casos de covid-19, com 3.855 mortes.
A Prefeitura de Belo Horizonte afirma ter havido um “debate intenso” no Comitê de Enfrentamento à Covid-19 para ampliar “o rigor no distanciamento social, considerando o relaxamento das pessoas percebido em bares, restaurantes e shows, mas ainda assim permitindo o funcionamento parcial dos estabelecimentos como uma decisão intermediária ao fechamento”. O município vem fazendo reaberturas das atividades econômicas na cidade desde 6 de agosto. Desde 3 de outubro estava autorizada a venda e consumo de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes entre 17h e 22h
Sobre as luzes de Natal, a prefeitura afirma que o licenciamento para as instalações pode ocorrer, sem, porém, a divulgação, para que se evite aglomerações. Autorizações para grandes festas já estão proibidas na cidade, o que inclui festas de réveillon. Clubes da cidade que realizam essa comemoração já começaram a anunciar o cancelamento desse tipo de confraternização aos sócios. Belo Horizonte tem 55.039 casos confirmados da doença, com 1.675 mortes.
Extremo Cuidado– Belgica
Em nenhum país do mundo se morre tanto de covid quanto a Bélgica. O país registrou mais de meio milhão de casos e 17 mil óbitos – 1.456 para cada um milhão de habitantes, quase o dobro do índice per capita do Brasil. Por isso, o governo belga montou uma operação de guerra para as festas de fim de ano e lançou um pacote de restrições – algumas draconianas que dificultam a fiscalização.
Autoridades sanitárias afirmaram que a maneira mais segura de celebrar Natal e Ano-Novo é dentro de sua própria bolha familiar. Restaurantes e bares seguirão fechados. O toque de recolher e a proibição de reuniões também permanecerão em vigor para evitar a propagação do vírus. Mas ainda é possível organizar um convescote em casa.
Segundo as regras do governo, desde que o grupo de convidados não ultrapasse quatro pessoas no total, sem contar as crianças menores de 12 anos. Além disso, o dono da casa só pode convidar as pessoas se tiver um jardim e se ele tiver acesso direto – sem passar por dentro da residência. “Ninguém terá permissão para passar por um espaço interior primeiro, porque há o risco de muitas pessoas ficarem juntas em um espaço pequeno”, disse a ministra do Interior, Annelies Verlinden, ao jornal Het Laatste Nieuws.
Steven van Gucht, porta-voz de Verlinden acrescentou outra advertência importante: apenas um hóspede escolhido como “contato próximo” pode ter permissão para usar o banheiro dentro de casa. Os outros convidados teriam de voltar a suas casas, caso seja necessário. Os visitantes também estão proibidos de entrar na casa por qualquer motivo, incluindo pegar uma bebida ou alguma coisa para comer.
“Portanto, se você realmente tiver de ir ao banheiro, não haverá mais nada a fazer a não ser voltar para casa”, afirmou van Gucht. “E também não custa nada usar uma máscara facial ao sair de casa para o jardim.”
A questão que todos os belgas se perguntam é como o Estado pretende fiscalizar as festas. Esta semana, Verlinden garantiu que a polícia estará nas ruas para fazer cumprir as medidas de isolamento social. “É claro que os policiais não baterão sistematicamente de porta em porta para ver quantas pessoas estão presentes”, disse a ministra. “Mas a fiscalização continua. Várias festas já estão sendo checadas. Se for constatado que há muito barulho ou que há um grupo grande de pessoas reunidas em uma pequena sala, a polícia pode intervir.”