Coronavírus: Ministério da Saúde recomenda cancelamento e adiamento de eventos
O Ministério da Saúde recomendou hoje, 13, medidas para evitar o avanço do novo coronavírus, entre elas o cancelamento de eventos com aglomerações.
- Data: 13/03/2020 14:03
- Alterado: 13/03/2020 14:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O Ministério da Saúde recomentou aos governos o cancelamento ou adiamento de eventos com grande participação de pessoas
Crédito:Erasmo Salomão/Ascom-MS
O Ministério da Saúde recomendou nesta sexta-feira, 13, medidas mais restritivas para evitar o avanço do novo coronavírus, entre elas o isolamento por 7 dias de todas as pessoas que chegam de viagens internacionais, mesmo sem sintomas, e cancelamento de eventos com aglomerações. O governo passa a considerar também quarentena em locais onde a ocupação de leitos de UTI para a nova doença ultrapassarem 80%.
Organizadores devem discutir o cancelamento ou adiamento de eventos em locais fechados e com aglomeração, com cerca de 100 pessoas ou mais. O principal recado para população é reduzir o contato social. Até velórios com um grande número de pessoas devem ser evitados. Bufês de comida no estilo self-service devem ser eliminados e se acontecerem, que sejam em locais abertos e sem a presença de doentes. A intenção é reduzir a velocidade de transmissão da doença e manter o serviço de saúde ativo.
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, disse que, apesar do foco na nova enfermidade, o serviço continua ativo para outros males. “Continuamos com dengue, cirurgias, acidentes; não estamos cuidando só de novo coronavírus”, disse. “Cada gestor, de cada unidade federada, deve adaptar essas recomendações para sua realidade local. O gestor local tem a sua disposição a lei de emergência sanitária para novo coronavírus, a portaria que estabelece ações de quarentena e isolamento, entre outras regras”, afirmou.
Segundo Oliveira, a estimativa é que a cada três dias o número de casos dobre sem adoção de medidas propostas pelo Ministério da Saúde. Ele disse ainda que é fundamental que cada hospital tenha seu plano de contingência para, quando aumentar demanda por atendimento respiratório, ele possa adaptar a sua estrutura para ampliar leitos com segurança.
Outras medidas
O ministério apresentou diversas outras medidas aos gestores estaduais e locais, que vão de mudanças nos fluxos urbanos às rotinas de trabalho, passando pelo calendário escolar e pela forma de lidar com casos suspeitos e confirmados bem como com mortes em decorrência da doença.
Veja a seguir:
Locais com casos importados (pessoas que contraíram a doença em viagens)
– Reforçar as orientações individuais de prevenção de forma mais ampliada, com escolas, indústrias, empresas e comércio colocando informação em sites e divulgando-as para seu público.
– Se uma pessoa ficar doente, deve permanecer em casa. A orientação mais detalhada pode ser dada pela equipe da unidade básica de saúde ou médico de referência.
– As unidades de saúde devem agilizar os mecanismos de triagem para que pessoas com sintomas respiratórios permaneçam menos tempo em salas de espera. O objetivo é que os pacientes com sintomas não exponham outras pessoas.
– As unidades devem promover também o uso adequado e racional de equipamentos de proteção individual. A máscara, por exemplo, é indicada aos doentes, contatos domiciliares e profissionais de saúde.
– Equipes de vigilância devem organizar o monitoramento dos contatos próximos e domiciliares.
– Os gestores de saúde devem garantir a notificação ampliada das definições de caso de forma atualizada.
– Em localidades apenas com casos suspeitos, as autoridades de saúde devem repassar orientações às unidades de saúde, sem necessidade de medidas drásticas.
– As autoridades de saúde devem planejar formas de ampliação das equipes e como utilizar a força de trabalho de estagiários, estudantes e aposentados. No momento de maior pico da doença, o Ministério da Saúde acredita que pode ser necessária a convocação dessas pessoas.
– A comunicação acerca do novo coronavírus e das formas de prevenção deve ser iniciativa de todos, e não apenas do ministério ou das secretarias estaduais e municipais. Escolas e locais de trabalho podem atuar disseminando essas informações.
– Pessoas que estiverem voltando de locais com grande transmissão devem fazer autoisolamento por sete dias, evitando grandes movimentações em locais com aglomeração de pessoas.
– Os médicos devem receber a orientação de fazer prescrições de remédios com validade mais prolongada aos pacientes que fazem uso de medicamento contínuo, para evitar que a pessoa tenha de se deslocar à unidade de saúde no período do outono e inverno somente para atualizar receita.
– Cruzeiros turísticos devem ser adiados durante todo o período em que durar a emergência de saúde pública.
– Serviços públicos e privados (como shoppings e comércio) devem assegurar disponibilidade para que pessoas possam lavar as mãos, usar álcool gel e toalha de papel. De acordo com o ministério, o ventilador para secar as mãos é complemento, mas não resolve sozinho.
– Em caso de mortes em razão do novo coronavírus, o ministério recomenda que ocorra processo acelerado de emissão do atestado de óbito, além de cuidado nas funerárias e velório sem aglomeração de pessoas.
Medidas adicionais para cidades com transmissão local
– Idosos e pacientes crônicos devem evitar viagens, cinema, shoppings, shows e outros locais com aglomeração.
– Pessoas com síndrome respiratória aguda grave devem ser encaminhadas aos serviços de urgência conforme plano de contingência.
– Serviços de saúde devem fazer uso de estratégia de triagem acelerada específica no contato com primeiro paciente.
Cidades com transmissão sustentada (na qual não se sabe mais qual foi o paciente que originou a cadeia de infecção)
– Reduzir o deslocamento de trabalhadores. Cancelar viagens não essenciais e realizar trabalho em casa.
– Reduzir o fluxo urbano, estimular a adoção de horários alternativos para que trabalhadores não se encontrem todos ao mesmo tempo no horário de pico nos metrôs e rodoviárias. Adotar escalas diferenciadas.
– Estimular que trabalhos administrativos e similares ocorram em horários alternativos, bem como o uso do trabalho remoto (home office).
– Instituições de ensino podem antecipar as férias e usar ferramentas de ensino a distância.
– Municípios devem fazer o monitoramento de admissão e alta relacionadas a casos de Covid-19 em Unidades de Tratamento Intensivas, fornecendo essas informações aos secretários de Saúde diariamente.
– A declaração de quarentena foi apontada como medida indesejada, mas constante do planejamento. Se a ocupação dos leitos de UTI atingir 80% em localidade com transmissão sustentada, deve-se avaliar a possibilidade de declaração de quarentena.