Copom Eleva Selic para 13,25% ao Ano em Meio a Expectativas de Alta da Inflação

Aumento da Selic para 13,25%: Economistas preveem inflação acima de 15% e impacto na economia brasileira; críticas crescem entre políticos e sindicatos.

  • Data: 30/01/2025 01:01
  • Alterado: 30/01/2025 01:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Copom Eleva Selic para 13,25% ao Ano em Meio a Expectativas de Alta da Inflação

Crédito: Agência Brasil

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou uma nova elevação da taxa Selic, que agora se encontra em 13,25% ao ano. Esta decisão, que mantém um aumento de 1 ponto percentual, corresponde às previsões do mercado financeiro, especialmente diante da expectativa de inflação crescente para este ano. Especialistas alertam que a taxa pode ultrapassar os 15% ao ano caso as condições econômicas não melhorem.

Analistas financeiros destacam que, sem a implementação de ajustes fiscais significativos que promovam o reequilíbrio das contas públicas, o aumento das taxas de juros pode ser a única medida eficaz para conter a inflação. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (29), o Copom reiterou sua intenção de realizar outra alta semelhante na próxima reunião, agendada para março, mas evitou compromissos sobre o ritmo dos ajustes para maio.

Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, afirma que o Brasil necessitará de um aumento adicional da taxa Selic para alinhar a inflação com a meta estabelecida pelo Banco Central. Vale antecipa novas elevações da Selic ao longo do semestre, enfatizando que a meta central de inflação é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

“Acredito que o ciclo de alta na Selic pode culminar entre 15% e 16%. Mesmo com as recentes indicações do Banco Central sobre o aumento dos juros desde dezembro passado, as expectativas de inflação continuam a crescer”, declara Vale. Esse cenário persistente acende preocupações sobre a eficácia das medidas já tomadas e as futuras.

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, também expressou preocupações em relação ao aumento das expectativas inflacionárias e sugere que o ciclo atual de alta da Selic pode ser mais prolongado do que se previa inicialmente. “É provável que algumas instituições financeiras reajustem suas previsões para uma possível taxa de juros de até 16% após reavaliação dos cenários econômicos nas próximas semanas”, afirmou Agostini.

Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, ressalta que uma Selic de 15,5% é essencial para gerar impactos visíveis na economia e no mercado de trabalho. Ele observa que somente ajustes estruturais por parte do governo podem alterar essa previsão pessimista e ajudar no controle do déficit fiscal.

Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, acrescenta que mesmo uma Selic na casa dos 15% pode não ser suficiente para deter a inflação, implicando em novas altas nas reuniões seguintes. O aumento da taxa preocupa o setor produtivo; Rafael Cervone, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), expressou sua expectativa por um patamar mais equilibrado sob a nova gestão do Banco Central liderada por Gabriel Galípolo.

O economista André Perfeito acredita que o próximo ajuste previsto para março poderá ser o último deste ciclo. Segundo ele, esse patamar elevado da Selic deve impactar negativamente o PIB e levar os mercados a revisarem suas projeções tanto para atividade econômica quanto para inflação.

A decisão do Copom gerou reações negativas entre lideranças políticas e sindicais. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, criticou duramente o novo aumento como prejudicial à economia real e às famílias endividadas. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também manifestou descontentamento com a continuidade do ciclo de alta da Selic sob a nova administração do Banco Central.

Por outro lado, Miguel Torres, presidente da Força Sindical, condenou a decisão como benéfica apenas aos especuladores e apontou os riscos associados à criação de empregos e renda devido à política monetária atual.

A intenção por trás do aumento da Selic é controlar a inflação. O último boletim Focus indicava uma expectativa de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em torno de 5,5% ao final do ano. O Copom já havia sinalizado aumentos nos encontros anteriores como parte de um esforço contínuo para combater a escalada dos preços.

A reunião desta quarta-feira foi considerada uma “superquarta” pelos investidores devido à coincidência com as divulgações das taxas nos Estados Unidos. O Federal Reserve manteve suas taxas na faixa entre 4,25% e 4,50%, alinhando-se também às expectativas do mercado global.

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  • Data: 30/01/2025 01:01
  • Alterado:30/01/2025 01:01
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  • Fonte: Folhapress









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