Copersucar incentiva cursos de marcenaria para jovens surdos em situação vulnerável
Realizado pelo Instituto Tomie Ohtake, programa proporciona bolsa mensal, custos de transporte e alimentação
- Data: 16/12/2021 16:12
- Alterado: 16/12/2021 16:12
- Autor: Redação
- Fonte: Copersucar
Juan Lucas de Oliveira
Crédito:Divulgação
Com o incentivo da Copersucar, o Núcleo de Cultura e Participação do Instituto Tomie Ohtake desenvolve cursos para pessoas em situação de vulnerabilidade social com o objetivo de apresentar a marcenaria como uma forma de expressão artística e criadora a partir do aprendizado e da experimentação das técnicas. Seu principal foco está na elaboração de projetos em madeira que levem em consideração a potência de imaginar um objeto e projetá-lo, inventando possibilidades construtivas ao realizá-lo solidamente.
Duas novas turmas formadas por jovens surdos, estudantes do Colégio Seli e do Colégio Rio Branco, escolas de educação bilíngue de São Paulo, realizaram o curso neste segundo semestre de 2021, com conclusão nesta quinta-feira, 16 de dezembro, com uma exposição das peças produzidas no próprio centro cultural. Todos os participantes receberam uma bolsa mensal para custos de transporte e alimentação.
O apoio de empresas é fundamental para o sucesso do projeto. A Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do mundo, é parceira do instituto Tomie Ohtake há mais de 6 anos. “Entendemos que precisamos fazer a nossa parte, contribuindo com uma sociedade mais justa em todas as localidades onde a empresa tem atuação. Esta parceria com o instituto enche de orgulho a nossa equipe e confirma que estamos no caminho certo para ajudar a transformar o mundo em um lugar mais igualitário”, comenta Bruno Alves Pereira, gerente de sustentabilidade da Copersucar. Desde 2015, a empresa já investiu mais de R$ 1,08 milhão impactando mais de 1200 pessoas.
O curso teve duração de dois meses, com 96 horas de duração e as aulas de quartas e quintas-feiras, das 14h às 17h, com intermediação de uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os encontros aconteceram na OficinaLab, escola de marcenaria parceira do Instituto Tomie Ohtake no projeto, localizada na Barra Funda. O local oferece toda a estrutura e conhecimento para que os alunos possam construir com as próprias mãos, transformar matéria prima em objetos úteis, problemas em soluções.
A equipe pedagógica do curso é formada por educadores do Instituto Tomie Ohtake, professores da OficinaLab e contou também com a participação de Júlia Bueno, ex-aluna surda do curso de Marcenaria, que atualmente é consultora e mediadora do projeto, acompanhando os encontros das presentes turmas. Júlia tem 18 anos e atualmente cursa a faculdade de Letras-Libras. “O curso foi muito importante na minha vida. Foi aqui que eu comecei a conhecer a marcenaria. Eu fiz uma mesa de computador, um armário para colocar no banheiro e um cachepô de flores. Quero continuar ajudando como monitora para que outros alunos possam se inspirar no meu exemplo, mostrando que o surdo é capaz”, relata.
Entre os temas abordados estão o direito à cidade, com a proposição de atividades extracurriculares como visitas a museus, espaços culturais, exposições, parques e praças, questões identitárias, por meio de discussões coletivas, que contribuem para a construção de novos modelos de relações pautadas em princípios de igualdade, respeito e justiça e o design, com foco na pesquisa em mobiliário urbano e design de produto, desenvolvendo os conceitos de projeto, prototipagem e construção.
O aluno Juan Lucas de Oliveira, 18 anos, participante do curso de Marcenaria deste semestre, enaltece as inspirações que o curso proporcionou. “Eu nunca tinha imaginado conhecer o mundo da marcenaria, mas agora já estou fazendo minha própria caixa para guardar ferramentas. Está sendo uma experiência muito positiva. Desenhar a peça, fazer medidas, cortar e lixar a madeira, tudo está sendo muito legal”, comenta o estudante que está confeccionando um móvel para guardar as ferramentas como tesouras, pentes e escovas.
O coordenador de projetos sociais do Instituto Tomie Ohtake, Claudio Rubino, comenta que a contribuição social se dá diretamente com o jovem que está atuando no projeto, mas se reflete, também, na família, que percebe existir uma capacidade produtiva e criativa exercida no curso. “Essa emancipação do jovem com deficiência é de grande valor para a sociedade. Um dos principais objetivos é a integração entre surdo e ouvinte, o desenvolvimento das habilidades, das capacidades de marcenaria e a ampliação de um repertório cultural e prático”, explica Rubino.