COP29: Neutralidade Carbônica – Utopia ou Realidade?
Especialistas discutem na COP29 a viabilidade da neutralidade carbônica, destacando soluções como a redução do consumo energético, a importância das árvores urbanas e as tecnologias de captura de carbono
- Data: 15/11/2024 14:11
- Alterado: 15/11/2024 14:11
- Autor: Redação
- Fonte: EuroNews
Crédito:Divulgação/Freepik
A busca pela neutralidade carbônica é um dos principais tópicos em discussão na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP29. Este conceito, conhecido como “Net Zero”, visa limitar o aquecimento global, e sua viabilidade técnica tem sido amplamente debatida. Segundo especialistas de renome internacional, a meta é não apenas alcançável, mas também essencial.
Em entrevista à Euronews, Diana Ürge-Vorsatz, professora na Universidade da Europa Central e vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), afirmou que a neutralidade de carbono é uma possibilidade concreta. “O IPCC identificou várias estratégias para atingir essa meta, embora nenhuma delas seja simples”, declarou Ürge-Vorsatz. Para ela, a redução drástica no consumo energético é fundamental, especialmente na Europa, onde práticas como reciclagem e reflorestamento são cruciais.
O papel das árvores urbanas foi destacado pela especialista como uma medida eficaz. Atualmente, essas árvores capturam sete gigatoneladas de dióxido de carbono anualmente, com potencial para absorver ainda mais se forem plantadas em maior número nas cidades. Além de mitigar o consumo energético, elas melhoram a qualidade de vida urbana ao promover saúde mental e valorização imobiliária.
No entanto, desafios persistem em setores como o petroquímico, siderúrgico e cimenteiro, onde a emissão de CO2 é inevitável. A captura de carbono emerge como uma solução potencial, mas enfrenta obstáculos financeiros e técnicos para ser ampliada eficazmente. Bertrand Piccard, presidente da Fundação Solar Impulse, argumenta que as tecnologias atuais oferecem caminhos para um mundo neutro em carbono por meio das energias renováveis e eficiência energética. Entretanto, ele alerta que a implementação dessas soluções precisa ser acelerada. “A inércia atual exigirá investimentos significativos na captura direta de carbono do ar”, ressaltou Piccard.
Portanto, enquanto cientistas e engenheiros acreditam na viabilidade da neutralidade carbônica — já uma obrigação legal em vários países da União Europeia — o uso contínuo de combustíveis fósseis desafia esse objetivo. Isso indica a necessidade urgente de transformações profundas tanto sociais quanto tecnológicas para concretizar um futuro sustentável e neutro em carbono.