Como os hormônios podem influenciar na saúde mental das mulheres?

"Durante o período da menopausa cerca de 80% das mulheres desenvolvem sintomas que comprometem a saúde mental", revela estudo

  • Data: 08/10/2024 15:10
  • Alterado: 08/10/2024 15:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: CEPARH
Como os hormônios podem influenciar na saúde mental das mulheres?

Dra. Consuelo

Crédito:CEPARH

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A menopausa é uma fase natural na vida de toda mulher, marcada por importantes mudanças hormonais que costumam ocasionar reações no organismo feminino. Normalmente, essas mudanças ocorrem por causa da redução de hormônios, fato que pode desencadear danos à saúde física, tal como problemas emocionais, a exemplo da depressão e transtornos de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2030 teremos 1 bilhão de pessoas com sintomas da menopausa.  Atualmente, no Brasil, são cerca de 18 milhões de mulheres nessa condição. A menopausa é uma fase que requer acompanhamento médico individualizado a fim de se evitar possíveis doenças e transtornos emocionais.

Eu não era assim, doutora….

Nos consultórios médicos, a queixa mais comum entre as pacientes está relacionada às mudanças físicas e mentais decorrentes da menopausa.

Neste período, a produção de hormônios como o estrogênio diminui consideravelmente. Esse hormônio ajuda a regular o ciclo menstrual, mas também desempenha uma função importante na produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, que são fundamentais para o bem-estar.

Para a Dra. Consuelo Callizo, ginecologista do Centro Médico Elsimar Coutinho Day Hospital (CEPARH), a carência de hormônios nesta fase da vida da mulher pode acarretar alguns distúrbios emocionais. “Como a baixa da testosterona, que é o hormônio da felicidade e melhora não só a libido sexual, mas o ânimo em relação à vida, e o estrogênio que é um hormônio extremamente necessário para o cérebro, as pacientes podem apresentar sintomas como desânimo e esquecimento e até acentuar doenças já existentes, como depressão e transtornos bipolares”.

A falta de concentração e desequilíbrios em relação à capacidade cognitiva também podem contribuir para quadros de ansiedade e irritabilidade na rotina. “Não é sentir que está ficando mais velha, e sim, que não está mais sendo capaz. Isso é extremamente desagradável para as mulheres”, revela a Dra. Consuelo.

Menopausa e saúde mental

Pesquisas indicam que as mulheres têm maior predisposição a desenvolver transtornos de ansiedade e depressão na menopausa. Apesar de nem todas apresentem essas condições, a transição menopausal pode ser um fator desencadeante, principalmente para aquelas que já têm histórico de problemas relacionados à saúde mental.

Segundo estudo realizado na Universidade de Cardiff, situada no País de Gales, durante o período da menopausa cerca de 80% das mulheres desenvolvem sintomas de transtornos mentais.

Dra. Mariana Kerner, médica psiquiatra, explica que “o climatério e a menopausa são momentos da vida da mulher de muitos estressores para as mulheres, pois elas lidam com o envelhecimento dos pais, podendo assumir papel de cuidadora, além de poder ter perda de pessoas próximas. Também é um desafio a somar para esse período, a percepção do próprio envelhecimento com as mudanças hormonais e o do corpo, além de problemas de saúde”.  

Nesta fase, a falta de sono devidos às ondas de calor associados a outros sintomas físicos podem potencializar o estresse e levar ao surgimento de distúrbios mentais.  

Quando procurar ajuda profissional?

É comum as pessoas apresentarem sintomas de tristeza e ansiedade em diferentes momentos da vida. A questão está em observar a intensidade e a duração desses sintomas. Se os sentimentos persistirem por semanas ou meses, é hora de buscar ajuda médica.

“A linha é muito tênue entre sintomas inerentes ao período da menopausa e a necessidade de tratamento medicamentoso. Deve-se observar o impacto na qualidade de vida, no funcionamento social e laboral, se há alteração do sono, descuido da aparência, além de, tendência ao pessimismo, tendência a emoções negativa, ruminação de pensamentos, exacerbação de sintomas ansiosos como, irritabilidade, inquietação, tendência ao catastrofismo”, orienta a Dra. Mariana.

Neste caso, “a psicoterapia, atividade física, ingestão de água e meditação são medidas não farmacológicas que podem ser adotadas ao longo da vida para melhoria da saúde mental. Porém, o sofrimento psíquico e o adoecimento mental dificultam que essas medidas sejam colocadas em prática e necessita de intervenção medicamentosa, sendo fundamental a avaliação de um profissional para identificar a melhor abordagem para cada caso”, reforça a médica.

A Dra. Consuelo também alerta sobre a atenção especial dos profissionais de saúde nesta fase da vida da mulher. “É importante procurar o médico para verificar se é preciso fazer uma reposição hormonal. Quando isso é muito acentuado, também é preciso a orientação de um psiquiatra”. O momento ideal para pedir ajuda, é o momento em que a mulher identifica que há algo de errado e se existe a necessidade de repor hormônios. Ela explica que, dependendo da situação, a paciente precisa de medicação (antidepressivo), além do tratamento de reposição hormonal

A menopausa é uma fase de profundas transformações, mas com o suporte adequado, as mulheres podem passar por esse período de forma saudável, mantendo sua saúde mental equilibrada. O diálogo com os profissionais de saúde, familiares e amigos é essencial para enfrentar os desafios e buscar o tratamento adequado quando necessário.

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  • Data: 08/10/2024 03:10
  • Alterado:08/10/2024 15:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: CEPARH









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