Como a fotografia influencia as produções cinematográficas

Especialista do Centro Universitário Senac analisa a importância da fotografia para o cinema e diz que “Ainda Estou Aqui” trouxe uma abordagem visual que destaca a memória e a nostalgia, com fotografia sensível e realista - e que poderia estar entre os indicados na categoria pelo bom trabalho

  • Data: 25/02/2025 18:02
  • Alterado: 25/02/2025 18:02
  • Autor: Redação
  • Fonte: Senac
Como a fotografia influencia as produções cinematográficas

Fernanda Torres

Crédito:Divulgação

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O Brasil aguarda ansiosamente pelo dia 2 de março, data em que será realizada a premiação do Oscar, para torcer por “Ainda Estou Aqui”, filme que concorre em três categorias – Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, pela atuação de Fernanda Torres.

Outra categoria, no entanto, a fotografia, embora não tenha figurado entre as indicações brasileiras, merece destaque em relação a qualidade e delicadeza. Segundo Alexandre Bernardo de Araújo Vicente, coordenador da pós-graduação em Roteiro Audiovisual do Centro Universitário Senac – unidade Lapa Scipião, neste quesito a produção brasileira refletiu muito bem a intimidade e a dor da família na história, criando uma obra coesa, essencial para a narrativa e a experiência do espectador – um dos pontos mais importantes para a avaliação positiva de um filme. Outros critérios de avaliação são: composição, iluminação, cor e paleta de cores, continuidade visual e estilo e criatividade.

“O diretor de fotografia é Adrian Teijido, um dos grandes nomes da atualidade e que trouxe uma abordagem visual que destaca a memória e a nostalgia, com uma estética que remete à época dos anos 1970. Um dos grandes destaques do filme, na minha opinião, é o fato dele ter trabalhado com película, o que adicionou uma textura e profundidade únicas às imagens”, diz Alexandre. “Acredito que “Ainda Estou Aqui” poderia estar entre os indicados”, conclui.  

Apostas para o Oscar

Já que “Ainda Estou Aqui” não está no páreo, o coordenador faz sua aposta em Nosferatu. “Ele trouxe uma abordagem visual que combina elementos do expressionismo alemão (sombras profundas e destacar a arquitetura gótica dos cenários) com uma estética contemporânea, criando uma atmosfera sombria e estilizada que é ao mesmo tempo fiel ao original de 1922 e inovadora. Com uma paleta de cores dessaturada e contrastes fortes, evocando a sensação de terror e isolamento”.

Como se desenvolver nessa carreira

Quem trabalha ou quer trabalhar na área entende que a fotografia é crucial para o cinema, uma vez que ela é a responsável por captar e contar a história de maneira visual, utilizando ângulos de câmera, movimentos e composição para guiar o olhar do espectador e destacar elementos importantes da trama, além das emoções e expressões faciais. Por isso, acompanhar o Oscar é também importante para profissionais do segmento.  Alexandre explica que “a fotografia garante a continuidade visual, ajusta o ritmo na edição e, principalmente, ajuda na imersão do espectador no filme. Além disso, ela planeja cenas, iluminação e direção de atores na filmagem, integrando todos esses aspectos”.

Abaixo, o coordenador dá dicas para quem quer atuar neste setor:

Dicas para atuar no mercado:

“É fundamental enriquecer o repertório, consumindo muito conteúdo audiovisual, assistindo de tudo um pouco.”

  1. Não fique apenas nos gostos pessoais. Leia muitos livros de arte, fotografia, composição de imagens para entender movimentos artísticos;
  2. Vá a exposições e galerias, tanto de pintura quanto de fotografia;
  3. Fotografe muito e envolva-se no maior número de projetos, para desta forma, aprender também na prática tudo que está sendo absorvido na teoria.

Cinco filmes de referência em fotografia que Vicente de Araújo indica:

  1.  Apocalypse Now, fotografia de Vittorio Storaro;
  2. Poderoso Chefão, fotografia de Gordon Willis;
  3. Lawrence da Arábia, fotografia de Freddie Young;
  4. Blade Runner, fotografia de Jordan Cronenweth; 
  5. Cidade de Deus, fotografia de César Charlone.
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