Com 2h30 de show, The Cure encerra segundo Primavera Sound São Paulo com show emocionante

The Cure encerra a segunda edição do Primavera Sound SP com show longo e cativante para 50 mil pessoas em Interlagos

  • Data: 05/12/2023 13:12
  • Alterado: 05/12/2023 13:12
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: ABCdoABC
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The Cure foi a principal atração do segundo dia do Primavera Sound São Paulo

Crédito:Rodilei Morais/ABCdoABC

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A edição de 2023 do festival Primavera Sound São Paulo chegou ao fim no último domingo (03) com a aguardada apresentação dos ingleses do The Cure. O dia ainda contou com a cantora pop Carly Rae Jepsen e o clássico do punk Bad Religion como apresentações de destaque.

Com duas horas e meia de performance — duração típica dos shows da banda, mas relativamente longa em festivais — o show do grupo que marcou a década de 80 com seu estilo e sonoridade atendeu as expectativas dos fãs brasileiros que esperaram 10 anos pelo seu retorno ao país. The Cure entregou um show surpreendentemente intimista, apesar de um público de dezenas de milhares de pessoas.

A banda de Robert Smith fez um show emocionante de 2h30 de duração
A banda de Robert Smith fez um show emocionante de 2h30 de duração (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Mesclando hits como Pictures of You, In Between Days e Just Like Heaven com canções mais obscuras da extensa discografia da banda, o grupo liderado por Robert Smith uniu gerações de pais e filhos no autódromo. Foi comum ver famílias reunidas, com alguns de seus membros trajando o estilo gótico — apesar do calor intenso em São Paulo — que a banda ajudou a construir.

Não faltaram fãs à caráter para o show do The Cure
Não faltaram fãs a caráter para o show do The Cure (imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Apesar de evitar grandes interações com o público durante o show, Smith se entregou para a plateia por meio da música, despejando na voz e em seus acordes na guitarra a emoção que seu repertório carrega. O resultado foi a prova de que, sim, garotos choram — ao contrário do que diz o maior sucesso da banda, Boys Don’t Cry. 

Novos nomes da música brasileira

Antes dos experientes britânicos encerrarem os dois dias de festival em Interlagos, passaram pelos palcos do Primavera Sound uma série de novos nomes da música brasileira — alguns já em evidência na cena nacional, outros que ainda merecem mais espaço. A primeira apresentação do dia foi de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, que já vem figurando em festivais, seguida pelo cearense Mateus Fazeno Rock. Parte de um coletivo que intitula sua sonoridade como rock de favela, o artista mostrou que tem talento e performance para ser destaque.

Marina Sena fez uma boa performance, mas apareceu mais contida no Primavera Sound do que em outros festivais
Marina Sena fez uma boa performance, mas apareceu mais contida no Primavera Sound do que em outros festivais (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

A única atração que não teve que concorrer com nenhuma outra banda tocando simultaneamente — nem The Cure teve este privilégio — foi a mineira Marina Sena. Fenômeno do pop após estourar De Primeira (nome de seu primeiro álbum) com o hit Por Supuesto, a cantora pareceu mais tímida e contida do que em outras performances suas. Talvez seu novo álbum, Vício Inerente, precise mais tempo nos ouvidos do público, mas é possível que críticas a apresentações anteriores tenham podado a espontaneidade da cantora.

Quem não quisesse ver Marina Sena tinha uma única — mas excelente opção — no TNT Club, espaço dedicado a DJs, KL Jay, que comanda os toca-discos no maior grupo de rap do Brasil, os Racionais MCs, fez um set impecável acompanhado ainda de sua filha, a cantora Hanifah. O ambiente recebeu, ao longo do dia, outros atrações de peso — mas que acabam ofuscadas pelo restante da programação — como o DJ e produtor Mu540 e a funkeira MC Carol.

DJ dos Racionais MCs, KL Jay esbanjou habilidade nos toca-discos
DJ dos Racionais MCs, KL Jay esbanjou habilidade nos toca-discos (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Do pop ao punk

Em uma das melhores performances — não somente do domingo, mas de todo o festival — a canadense Carly Rae Jepsen esbanjou simpatia ainda às 15h30 da tarde no palco principal. A dona do hit Call Me Maybe se apresentou para um público apaixonado que reafirmou que ela não foi um fenômeno passageiro do início da década passada, mas uma estrela do pop completa, ainda que não receba os holofotes de Taylor Swift, Katy Perry ou outras colegas de profissão. A cantora só foi prejudicada pelo tempo disponível para seu show — foram apenas 12 músicas, menos da metade do que ela tocou na apresentação de sexta-feira no Rio de Janeiro.

Carly Rae Jepsen teve que cortar seu repertório pela metade, mas ainda fez um dos melhores shows do Primavera Sound
Carly Rae Jepsen teve que cortar seu repertório pela metade, mas ainda fez um dos melhores shows do Primavera Sound (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Outras artistas femininas tiveram performances surpreendentes aos desatentos — a banda irlandesa Just Mustard foi a primeira atração internacional do dia, liderada por Katie Ball, foi uma pedrada nos ouvidos dos presentes com seu rock experimental. Já Soccer Mommy, projeto da americana Sophia Regina Allison, entregou um indie rock confortável aplicando peso nas horas certas para uma ótima apresentação no palco Barcelona.

Os irlandeses do Just Mustard foram uma grata surpresa para quem não conhecia a banda
Os irlandeses do Just Mustard foram uma grata surpresa para quem não conhecia a banda (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Peso foi o que não faltou mais tarde neste mesmo palco, quando os californianos do Bad Religion reuniram uma multidão para presenciar seu punk rock. Figurinha carimbada no calendário de shows no Brasil, a banda ainda empolga com seus clássicos, como Los Angeles Is Burning e a obrigatória American Jesus, que ficou para o encerramento do show.

Primavera Sound no Autódromo de Interlagos

Após os dois dias de festival, é possível avaliar bem a adaptação do Primavera Sound ao seu novo lar na cidade de São Paulo. Migrando do Distrito Anhembi, no ano passado, o evento acomodou cerca de 50 mil pessoas, em cada dia, de forma eficiente em Interlagos — não houveram grandes problemas de deslocamento entre os palcos, algo comum no Sambódromo ou, até mesmo, em outros festivais no próprio autódromo.

Veteranos do punk, Bad Religion fez um dos shows mais contagiantes do festival
Veteranos do punk, Bad Religion fez um dos shows mais contagiantes do festival (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Banheiros e espaços de alimentação tiveram, na maior parte do tempo, filas tranquilas — o que não se pode dizer dos estandes de patrocinadores, estes sim com um grande tempo de espera. Já no quesito preço, o Primavera não fugiu do padrão dos grandes festivais, com suas opções de comida e bebida saindo por valores salgados.

Um outro problema notado pelo público foi o vazamento do som de palcos próximos. Essa questão não apareceu na maior parte do dia mas, em oportunidades como o show do The Cure, em que um grande volume dos presentes já estava a uma grande distância do palco, era possível ouvir interferências do outro show realizado no mesmo horário — o da DJ The Blessed Madonna.

A DJ TOKiMONSTA em apresentação no Palco São Paulo
A DJ TOKiMONSTA em apresentação no Palco São Paulo (Imagem: Rodilei Morais/ABCdoABC)

Com a edição de 2024 do Primavera Sound já com data marcada — ela será realizada nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro — resta saber se o evento vai consolidar o que deu certo e corrigir os detalhes problemáticos. No ano que vem, o festival acontecerá novamente no Autódromo de Interlagos.

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  • Data: 05/12/2023 01:12
  • Alterado: 05/12/2023 01:12
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: ABCdoABC









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