Carrefour França apoia agricultores e interrompe compra de carne do Mercosul
Brasil reage e defende produção local. Tensão aumenta contra acordo UE-Mercosul.
- Data: 21/11/2024 10:11
- Alterado: 21/11/2024 10:11
- Autor: Redação
- Fonte: Terra
Crédito:Agência Brasil
A sede francesa do Grupo Carrefour manifestou apoio ao movimento dos agricultores contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, anunciou que a rede varejista interromperá a compra de carne proveniente desses países. Essa decisão é uma tentativa de pressionar contra a ratificação do acordo que, segundo os agricultores franceses, pode inundar o mercado local com produtos que não seguem os padrões exigidos na França.
Em comunicado, Bompard expressou solidariedade aos agricultores, destacando o descontentamento com a proposta de livre comércio que poderia comprometer as normas sociais e ambientais aplicadas aos produtos franceses. O CEO espera que essa ação inspire outros atores do setor agroalimentar a aderirem ao movimento em prol da produção local.
O governo brasileiro, através do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), respondeu criticamente à decisão do Carrefour. Em nota oficial, o ministério defendeu a qualidade da agropecuária brasileira e afirmou que não acredita em um boicote orquestrado por empresas francesas. A sede brasileira do Carrefour esclareceu que a medida não afetará suas operações no Brasil.
Os protestos dos agricultores franceses ocorrem em meio à discussão sobre o acordo UE-Mercosul. Eles argumentam que o pacto criaria uma concorrência desleal, permitindo a entrada de carne mais barata devido à ausência de exigências similares às europeias para os produtores sul-americanos. A questão ganhou força após o adiamento da implementação da Lei Europeia Antidesmatamento e voltou à pauta durante a cúpula do G20 no Brasil.
Manifestações têm sido intensas nos últimos dias, com agricultores bloqueando estradas e fronteiras, além de realizar atos simbólicos como derramamento de vinho espanhol nas ruas. As ações visam pressionar o governo francês a manter sua oposição ao acordo. O presidente Emmanuel Macron tem sido um crítico consistente do tratado, promovendo acordos bilaterais que respeitam critérios ambientais rigorosos, como exemplificado em recente visita ao Chile.
Desde 1999, as negociações entre UE e Mercosul têm enfrentado dificuldades para ratificação. O tratado promete criar uma das maiores zonas de livre-comércio globalmente, mas enfrenta resistência significativa devido às preocupações com as normas socioambientais e impactos econômicos internos.