Carla Zambelli pede ajuda a Elon Musk e reclama que bilionário parou de tuitar sobre Brasil
Deputada, ré pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica no caso da invasão do sistema do CNJ, pede que o bilionário dono do X, Tesla e Starlink ‘olhe novamente pelo Brasil’ e afirma estar ‘vivendo no inferno’
- Data: 24/05/2024 14:05
- Alterado: 24/05/2024 14:05
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão Conteúdo
Carla Zambelli (PL)
Crédito:Michel Jesus/Câmara dos Deputados
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou seu perfil no X (antigo Twitter) nesta sexta-feira, 24, para pedir ao dono da plataforma, o empresário Elon Musk, que “olhe novamente para o Brasil”. O pedido ocorre após o embate travado pelo bilionário contra o Judiciário brasileiro, em especial à figura do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, com acusações de supostas arbitrariedades cometidas pela Justiça. Zambelli é ré em um inquérito judicial que apura a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos.
“@elonmusk, por favor, olhe novamente para o Brasil. Você começou uma revolução contra o mal no Brasil, mas depois que parou de tuitar, todos os processos recomeçaram. Anteontem sofri um revés pela segunda vez, por pura perseguição. Parece que estamos vivendo no inferno. Ajude-nos!”, escreveu a deputada.
Na publicação, Zambelli relaciona o fato de Musk ter “parado de tuitar” ao avanço de ritos processuais julgados pelo Supremo. A deputada escreveu em inglês, em uma postagem do bilionário sobre um voo teste do foguete espacial desenvolvido pela SpaceX, outra de suas empresas. Musk não respondeu à parlamentar.
Zambelli responde, com o hacker Walter Delgatti, o “Vermelho”, pelos supostos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. O STF tornou a parlamentar ré a partir da denúncia enviada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que aponta que documentos apreendidos com a deputada correspondem, integral ou parcialmente, aos arquivos inseridos por Delgatti no sistema do órgão. Para os investigadores, isso comprova que ela participou do ataque, planejado para colocar em dúvida a credibilidade do Poder Judiciário. A defesa da deputada nega as acusações.
Um dos documentos falsos inseridos no sistema e encontrado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apurou o caso foi um mandado falso onde Moraes determina e assina a própria prisão. Na sessão em que a denúncia foi aceita nesta terça-feira, 21, a ministra do STF Cármen Lúcia usou a expressão “desinteligência natural” para qualificar a suposta ação dos criminoso. Na sequência, Moraes afirmou que a ministra estava sendo educada ao usar o termo e que, ele próprio, qualificaria a ação como “burrice”.
O embate travado por Musk contra Moraes nas redes, em abril, foi motivado porque o dono do X disse se recusar a cumprir ordens judiciais, expedidas pelo STF, que determinavam a retirada de perfis da plataforma, no âmbito das investigações sobre milícias digitais e fake news.
Na ocasião, Musk disse que Moraes deveria renunciar à sua cadeira na Corte ou sofrer um impeachment. Em resposta, o ministro incluiu o empresário como investigado no inquérito das milícias digitais por “dolosa instrumentalização” do X. O empresário também chamou o ministro de “ditador” e afirmou que ele teria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “na coleira”.
As publicações de Musk continuaram por semanas, o que motivou que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passassem a chamar o bilionário de “mito da liberdade”, a exemplo do próprio ex-mandatário. No ato bolsonarista no Rio, em 21 de abril, Bolsonaro teceu elogios a Musk, enquanto o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) chegou a discursar em inglês, na orla de Copacabana, para ser ouvido pelo bilionário.