Candidatura de Simone Tebet não agrega e só trará perdas ao MDB, avalia Renan Calheiros
Senador é apoiador do ex-presidente Lula
- Data: 10/06/2022 11:06
- Alterado: 10/06/2022 11:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fala na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado. A comissão investiga o uso do dinheiro federal que foi enviado para cidades e Estados, além de supostas omissões do governo federal no combate à pandemia. Sérgio Lima/Poder360 05.06.2021
Crédito:Sérgio Lima / Poder360
O senador licenciado Renan Calheiros (MDB-AL), avalia que a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República só trará perdas ao MDB caso seja mantida até o fim. Integrante da ala emedebista defensora de que a sigla apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro turno, Renan afirmou que fará “uma guerra interna”, se necessário, “pela não homologação da candidatura” de Simone.
“Lamentavelmente, sim (a candidatura só representa perdas para o partido). A candidatura não agrega, não tem competitividade, não amplia os objetivos do partido, e o partido, em função dessa aliança com o PSDB, tem que abrir mão de algumas outras candidaturas”, disse Renan, ao lembrar que o MDB abandonou a ideia de lançar candidato próprio ao governo do Rio Grande do Sul para assegurar apoio do PSDB a Tebet.
O senador licenciado afirmou ainda esperar que o “bom senso prepondere” para que a sigla não homologue o nome da senadora ao Planalto. “Nós não estamos querendo fazer uma guerra interna de disputa pela não homologação da candidatura. Se isso for preciso nós vamos fazer. Essa divisão a mais não ajuda efetivamente em nada. Nem à candidatura dela, nem tampouco ao partido e à necessidade de manter sua maior bancada no Senado, fazer uma grande bancada na Câmara e eleger o maior número de governadores”, declarou.
“As convenções acontecerão apenas no início de agosto e, talvez, não seja efetivamente o caso de termos que homologar uma candidatura com 1% dos votos”, defendeu Renan.
Reversão
Apesar da avaliação pessimista sobre a competitividade da senadora, ele disse torcer para que haja “reversão da fotografia das pesquisas”, que mostram polarização cristalizada entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a inviabilidade eleitoral de uma candidatura da terceira via.
Ao comentar sobre a possível chapa entre Tebet e o senador Tasso Jereissati (PSDB) na vice, o senador elogiou as “qualidades indiscutíveis” dos dois colegas, mas apontou que polarização aponta para tendência de voto útil que pode decidir a eleição em primeiro turno entre os dois primeiros colocados nas pesquisas.
“São dois nomes indiscutíveis do ponto de vista das qualidades pessoais, políticas. O problema não é esse, é a polarização que existe entre as duas principais candidaturas. Se você for observar a média das pesquisas, você vai verificar uma reta, e uma efetiva polarização. A terceira via nunca chegou nem perto do segundo candidato. O que podemos ter é um exercício efetivo de voto útil para que a eleição se decida no primeiro turno”, avaliou.
Desespero
Na entrevista, Renan atribuiu a um “desespero diante da derrota inevitável na eleição” o projeto de lei enviado ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) que desvincula recursos do pré-sal do Fundo Social aplicados na saúde e na educação.
“Tudo o que puder fazer para sair da derrota inevitável na eleição, o Bolsonaro vai tentar fazer. Ele, no desespero, vai fazer tudo, habilitar esses recursos, que não estavam sendo devidamente utilizados, seriam apenas para o superávit do Tesouro, na eleição”, criticou o senador.
Como mostrado, o projeto de lei autoriza a União a vender sua parcela do óleo do pré-sal de contratos de partilha geridos pela estatal PPSA e ainda desvincula as receitas que serão obtidas com a venda desses ativos do Fundo Social.
Criado em 2010, o Fundo Social é um fundo soberano, destinado a receber a parcela dos recursos do pré-sal que cabem ao governo federal, como royalties e participações especiais. O Congresso mudou a destinação dos recursos para vincular parte dos recursos para saúde e educação. Ao justificar a desvinculação, o governo diz que não haverá “prejuízo” às áreas.