Brasileiros resgatados em Wuhan chegam a Anápolis sem sintomas do coronavírus

Grupo de 34 pessoas, incluindo familiares chineses que estavam no epicentro do coronavírus, desembarcou no início da manhã deste domingo

  • Data: 09/02/2020 10:02
  • Alterado: 09/02/2020 10:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Brasileiros resgatados em Wuhan chegam a Anápolis sem sintomas do coronavírus

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Os dois aviões da Força Aérea Brasileira com os 31 brasileiros que estavam em Wuhan, na China, pousaram na Base de Anápolis no início da manhã deste domingo, 9, depois de quase 36 horas do embarque. O primeiro avião pousou às 6h05 e o segundo 7 minutos depois, às 6h12. Os brasileiros devem ser examinados ao desembarcarem dos aviões e seguem para a Base de Anápolis. Nenhum deles apresentou sintomas do coronavírus.

Os cidadãos brasileiros partiram de Wuhan, fizeram uma parada em Urumqi, ainda na China. Depois os voos fizeram outra parada em Varsóvia, na Polônia. Pararam mais uma vez nas Ilhas Canárias. Na madrugada deste domingo, os dois aviões entraram no espaço aéreo brasileiro e pousaram em Fortaleza pouco antes das 2h. De lá, saíram por volta das 3h30 para Anápolis, em Goiás.

VIDA NA BASE

Além dos 31 resgatados em Wuhan (dentre eles, estão crianças de 1, 2, 3, 7 e 12 anos), outras 27 pessoas que compõem a tripulação, médicos e equipe de comunicação também deverão ficar em quarentena por 18 dias como medida de prevenção à infecção do novo coronavírus. Três vezes ao dia, cada pessoa terá de passar por exames médicos, a fim de verificar sinais vitais e demais sintomas que possam surgir.

O protocolo determina que, caso uma pessoa apresente qualquer tipo de comportamento que indique a manifestação do vírus, ela será imediatamente levada para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, a 140 km de Anápolis.

Na base militar, cada quarto tem seu usuário definido. Naqueles que receberão famílias com crianças, foram colocados berços, um azul, outro rosa, com um presente embrulhado para cada um.

Uma brinquedoteca foi montada para entreter os pequenos. Na área de alimentação, os repatriados servirão a própria comida. Não haverá garçons.

Uma área verde também ficará acessível para que os 31 brasileiros possam circular e tomar sol. A tentativa foi transformar a quarentena no melhor ambiente possível. Todos poderão circular por uma área externa e delimitada do prédio da base aérea, mas terão de usar máscaras cirúrgicas nesses momentos. A refeição será levada para o local e colocada em recipientes, para que todos se sirvam.

Concluída a quarentena de 18 dias sem nenhum tipo de reação suspeita, os repatriados e a tripulação acompanhante serão liberados para irem para suas casas.

FAMÍLIA

Antes de embarcar no voo de repatriação, a estudante Indira dos Santos, de 34 anos, relatou ao pai, José Rubens Campos, a emoção do embarque. “Foi emocionante de verdade. Quando a gente entrou no avião disseram ‘bem-vindos ao Brasil”, escreveu Indira.

Já José Neves de Siqueira Junior, pai do estudante Vitor de Siqueira, de 28 anos, foi para Anápolis mesmo sabendo que não poderá ter contato com o filho pelas próximas semanas. “Nós estamos extremamente ansiosos. Formamos um núcleo pequeno de pais que estão aqui em Anápolis para que eles saibam que, mesmo sem poder abraçá-los agora, eles se sintam fortalecidos ao saber da nossa presença”, disse.

CASOS

No último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, e divulgado no início da tarde de sábado, 8, o Brasil não possui nenhum caso confirmado de coronavírus. De acordo com o governo federal, já foram descartadas 28 suspeitas. Seguem sendo investigados, oito casos no País – sendo que três estão em São Paulo, dois no Rio Grande do Sul, um em Minas Gerais, um em Santa Catarina e um no Rio de Janeiro.

A China tem 723 mortes por coronavírus e 34.598 casos confirmados, de acordo com o balanço do governo Chinês divulgado na mídia local neste sábado. Mais de 270 casos já foram confirmados em outros 24 países – uma morte foi confirmada nas Filipinas.

Cientistas independentes de uma universidade do sul da China divulgaram na última sexta-feira, 7, uma pesquisa que associa o surto do novo coronavírus ao tráfico ilegal de pangolins. Segundo o estudo, o animal – que é ameaçado de extinção – seria um hospedeiro intermediário do vírus entre os morcegos e os humanos, sem apresentar sintomas da doença.

Acredita-se que o surto teria começado em um mercado ilegal de animais na cidade de Wuhan, que concentra grande parte dos casos. O novo coronavírus causou ao menos a morte de 636 pessoas, a maioria na China.

O INÍCIO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública de interesse internacional pelo surto do novo coronavírus. O vírus começou a circular no fim de dezembro em Wuhan cidade com 11 milhões de habitantes localizada na China Central. Os relatos iniciais indicavam que uma ‘doença misteriosa’ estava infectando as pessoas rapidamente, desencadeando pneumonia. Em janeiro deste ano a China anunciou as primeiras mortes e na sequência o crescimento desenfreado de registros. Outros países passaram a relatar casos, como Tailândia, Austrália e Estados Unidos, e a adotar ações em portos e aeroportos.

O governo chinês decretou isolamento das cidades com grande número de casos. Dias depois, a prefeitura de Wuhan admitiu que 5 milhões dos 11 milhões de moradores haviam deixado a localidade antes do decreto de isolamento. Trens e voos para as cidades mais atingidas foram cancelados. Países como Estados Unidos e Japão fretaram voos para retirar seus cidadãos da China. Empresas estão cancelando viagens de funcionários para a China.

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  • Data: 09/02/2020 10:02
  • Alterado:09/02/2020 10:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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