Brasil tem 42.791 mortes por covid-19, aponta consórcio dos veículos de imprensa

Nas últimas 24 horas, o País contabilizou 890 novos óbitos e mais 20.894 casos de infecção; total de pessoas contaminadas é de 850.796

  • Data: 14/06/2020 11:06
  • Alterado: 14/06/2020 11:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Brasil tem 42.791 mortes por covid-19, aponta consórcio dos veículos de imprensa

Brazil flag and futuristic digital abstract composition with Covid-19 inscription. Coronavirus outbreak concept

Crédito:Depositphotos

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Segundo país do mundo com mais contaminados e mortos pelo novo coronavírus, o Brasil registrou neste sábado, 13, 890 novos óbitos e mais 20.894 casos confirmados de infecção, segundo levantamento conjunto feito pelos veículos de comunicação Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. No total, 42.791 brasileiros já perderam a vida por causa da covid-19 e 850.796 pessoas foram infectadas, conforme dados atualizados às 20h. Na sexta-feira, 12, o País ultrapassou o Reino Unido em número absoluto de mortes e chegou à segunda posição no triste ranking global. Os Estados Unidos seguem na liderança, com 115.251 óbitos, segundo contabilização da Universidade Johns Hopkins.

Três Estados brasileiros concentram mais da metade do total de mortes pela covid-19 no País: São Paulo (com 10.581 óbitos), Rio de Janeiro (7.592) e Ceará (4.853). Apesar disso, as capitais de todos eles já adotaram planos de flexibilização das medidas de distanciamento social. No caso paulista, o comércio de rua da cidade voltou a funcionar em 10 de junho com movimento intenso nos principais centros populares. No dia seguinte, foi a vez dos shoppings reabrirem, mas com horário reduzido e organização do fluxo de pessoas, com limite é de 20% da capacidade. O Estado com menos casos e óbitos é o Mato Grosso do Sul, com 28 mortes e 3.235 pessoas infectadas.

Os dados desse balanço do novo coronavírus no Brasil é resultado da parceria entre os jornalistas dos seis meios de comunicação, que se uniram para coletar junto às secretarias estaduais de Saúde e divulgar os números totais de mortos e contaminados. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso aos números da pandemia.

Posteriormente, o Ministério da Saúde recuou quanto à divulgação dos dados consolidados da covid-19 no País, mas, mesmo assim, o consórcio dos veículos de imprensa continua com o levantamento a fim de informar os brasileiros sobre a evolução da doença, cumprindo o papel de dar transparência aos dados públicos. Dados atualizados neste sábado às 18h40 pela pasta mostram que o Brasil tem 850.514 pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 42.720 mortos. Nas últimas 24 horas, foram contabilizados 21.704 novos casos e 892 óbitos.

POLÍTICA DESCOORDENADA E IRRESPONSÁVEL

O infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio Ribas, avalia que o cenário vivido hoje pelo Brasil, sendo o segundo país do mundo com mais casos e mortes pela covid-19, é resultado de uma política descoordenada do governo federal, que levou a atos irresponsáveis por parte de gestores locais. “O governo federal não unificou as estratégias de assistência e integração com governos estaduais e municipais”, diz ele. “A partir do momento que não houve engajamento, houve problema estrutural de saúde pública, de unificar as posturas.”

Técnicos do Ministério da Saúde e os próprios ex-ministros diziam repetidas vezes que a evolução da pandemia não ocorreria da mesma forma em todo o Brasil. Por isso, cada região, Estado e município teriam políticas de distanciamento social diferenciadas, com base na análise do cenário local. Mas o que se vê são cidades com muitos registros de infecção e mortes adotando flexibilizações no isolamento social.

O epidemiologista Pedro Hallal, que coordena um estudo no Rio Grande do Sul sobre o número de infectados, o primeiro em âmbito nacional, avalia que algumas propostas de reabertura são bem pensadas, mas ele questiona a implementação precoce delas. “Mesmo a proposta de São Paulo, que acho bem delicada pelo momento, parece que leva em consideração a regionalização, a dinâmica, é gradativa”, diz. “A grande crítica geral, que tenho a todas, é que parecem que estão apressadas demais. A hora (de flexibilizar) é quando a curva está definitivamente descendente.”

Segundo Gorinchteyn, era esperado que o Brasil prosseguisse por um caminho diferente de outros países que se viram com altos números de casos e mortes. A perspectiva se dava pelo fato de, em 3 de fevereiro, o Ministério da Saúde ter declarado a infecção pelo novo coronavírus uma emergência de saúde pública de importância nacional. “O Brasil se antecipava, sabia que o sistema de saúde já era comprometido, que o número de leitos e respiradores era comprometido, e aí era o momento de se engajar”, diz o especialista. Foi diferente do Reino Unido, que inicialmente adotou uma postura de inação até ver que o sistema de saúde iria entrar em colapso e mudar as estratégias de enfrentamento. “Mesmo assim, não foi suficiente para que tivesse redução do impacto.”

Apesar de ter começado bem, o Brasil saiu dos trilhos no meio do caminho, avalia o infectologista. “O ponto foi quando perdemos a liderança do Ministério da Saúde, um líder que tinha uma ascensão sobre a população. Todo mundo já queria sair de casa naquela época, em abril, e infelizmente perdemos a liderança, deixamos a população incitada a sair das suas casas e isso tornou a situação muito complicada”, diz Gorinchteyn, referindo-se ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

O que preocupa a comunidade médica é que o Brasil ainda não chegou ao pico do novo coronavírus e registra, a cada dia, mais casos de infecção de mortes pela covid-19. “Estamos colhendo o resultado do que vem acontecendo: os números são crescentes, cidades que já têm uma proximidade de comprometimento das UTIs estão flexibilizando sem qualquer preocupação. É um ato de irresponsabilidade que não vai trazer benefícios, pelo contrário, estaremos expondo mais as pessoas ao risco”, analisa Gorinchteyn.

“Nós começamos a trilhar de forma boa, perdemos o rumo e hoje dificilmente vamos conseguir colocar as pessoas em casa de novo”, diz o especialista. Hallal faz uma comparação: é como se as pessoas tratassem o distanciamento social como um interruptor de luz, que pode alterar o cenário de forma imediata. O processo, porém, é demorado. Gorinchteyn explica que o impacto das reaberturas de comércios pode ser visto dentro de duas semanas.

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  • Data: 14/06/2020 11:06
  • Alterado:14/06/2020 11:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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