Brasil registrou temperaturas extremas no Sudeste, com locais atingindo 39°C
Fatores como aquecimento adiabático e redução de nuvens contribuíram
- Data: 21/01/2025 07:01
- Alterado: 21/01/2025 07:01
- Autor: Redação
- Fonte: Climatempo
Crédito:Paulo Pinto/Agência Brasil
Na última segunda-feira, 20 de janeiro, o Brasil registrou temperaturas extremas, principalmente nos estados do Sudeste, onde a maioria das medições foi realizada em áreas litorâneas próximas à Serra do Mar. De acordo com dados preliminares do Instituto Nacional de Meteorologia, alguns locais apresentaram marcas em torno dos 39°C.
As condições climáticas elevadas que se espalharam pela região no fim de semana anterior culminaram em um calor intenso, especialmente nas praias de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Este fenômeno não está relacionado a uma onda de calor semelhante àquela que afetou partes da Região Sul e Mato Grosso do Sul recentemente. Na fronteira com o Paraguai, por exemplo, a cidade de Porto Murtinho registrou impressionantes 42,1°C no dia 17 de janeiro.
A elevação das temperaturas no Sudeste é atribuída a uma combinação de fatores meteorológicos. Entre os principais aspectos estão:
- A redução da nebulosidade e da precipitação, permitindo que os raios solares incidissem intensamente durante várias horas;
- A ausência de ventos frios provenientes das regiões polares;
- O fenômeno conhecido como aquecimento adiabático, que se destacou especialmente na segunda-feira.
O aquecimento adiabático é um processo físico natural que ocorre frequentemente nas proximidades de cadeias montanhosas e pode se manifestar em qualquer época do ano. Este fenômeno acontece quando correntes de ar descem montanha abaixo, resultando em um aumento da temperatura estimado em aproximadamente 1°C para cada 100 metros de descida.
No caso específico do litoral paulista, ventos oriundos do noroeste desempenham um papel crucial antes da chegada de frentes frias. O ar empurrado para baixo pela Serra do Mar aquece significativamente durante sua descida. Por exemplo, com uma diferença de altitude de quase 800 metros entre a capital paulista e a Baixada Santista, uma temperatura média de 30°C na cidade pode resultar em cerca de 38°C na costa.
Esse tipo de transformação termodinâmica é caracterizado por não haver troca de calor entre o sistema (o corpo de ar) e o ambiente externo. A ocorrência desse fenômeno pode ser crítica em áreas suscetíveis a incêndios florestais, como se observa em regiões da Argentina devido ao vento Zonda, ou na Califórnia com o vento Sant’ana.
No Brasil, as situações pré-frontais frequentemente levam ao aquecimento adiabático nas regiões costeiras sul e sudeste. Santa Maria, no Rio Grande do Sul, também é uma área que frequentemente experimenta este fenômeno. O fortalecimento dos ventos provenientes das direções norte/noroeste resulta em um cenário propício para o aquecimento adiabático quando há montanhas presentes.
Na data mencionada, a intensificação desses ventos no Sul e Sudeste foi provocada pela formação de uma frente fria associada a um ciclone extratropical que atuava na região sul do Brasil.