Boulos aposta em BO de violência doméstica para enfraquecer Nunes na reta final

Peça de campanha do psolista que foi ao ar nesta quinta-feira (19) entrevista pessoas na rua sobre o episódio, explorando declarações contraditórias de Nunes sobre o assunto.

  • Data: 19/09/2024 14:09
  • Alterado: 19/09/2024 14:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FolhaPress/Artur Rodrigues
Boulos aposta em BO de violência doméstica para enfraquecer Nunes na reta final

Crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados e Rovena Rosa/Agência Brasil.

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O candidato Guilherme Boulos (PSOL) decidiu apostar na reta final da campanha eleitoral na exposição de episódio em que a mulher de Ricardo Nunes (MDB) fez um boletim de ocorrência por violência doméstica contra o prefeito de São Paulo.

Peça de campanha do psolista que foi ao ar nesta quinta-feira (19) entrevista pessoas na rua sobre o episódio, explorando declarações contraditórias de Nunes sobre o assunto.

O prefeito e o deputado federal estão empatados tecnicamente na disputa eleitoral, segundo pesquisa Datafolha, mas Nunes tem ampla vantagem na simulação de segundo turno entre eles —uma nova rodada do levantamento será divulgada nesta quinta-feira (19), a partir das 16h30.

Na propaganda de Boulos, em entrevistas na rua em formato que remete ao jornalismo televisivo, pessoas são questionadas se votariam numa pessoa que tem na ficha um boletim de ocorrência desse tipo. “Nunca”, responde um dos entrevistados.

Em outra peça, voltada a políticas contra feminicídio, Nunes também é citado como alguém que tem uma experiência pessoal com a lei Maria da Penha.

Nunes já chegou a ser confrontado em sabatinas e debates com o episódio e sempre demonstra irritação e nega a veracidade do que consta do boletim.

Procurada, a campanha do prefeito afirma que “o ataque de Boulos à família de Ricardo Nunes prova como ele e [Pablo] Marçal se assemelham não somente em técnicas de invasão —um de propriedade, outro de contas de idosos”.

A nota faz ainda referência à proposta do candidato do PSOL de um acordo por debates mais respeitosos.

“Boulos prova também que seu ‘pacto de civilidade’ é mais uma de suas mentiras para a imprensa e a população. Marçal já foi condenado pela Justiça pelas agressões à família Nunes. Boulos está no mesmo caminho. Em tempo: Ricardo Nunes nunca falou sobre familiares de qualquer dos candidatos.”

O caso do BO por violência doméstica foi revelado em 2020 pela Folha. À época, Nunes era vereador e disputava a eleição como vice de Bruno Covas (PSDB).

Em 18 de fevereiro de 2011, Regina Carnovale registrou boletim de ocorrência contra o então vereador na 6ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo.

Na ocasião, ela afirmou aos policiais que havia vivido em união estável por 12 anos com Nunes e que eles tinham se separado sete meses “devido ao ciúmes excessivo” dele.

“Inconformado com a separação, [Nunes] não lhe dá paz, vem efetuando ligações proferindo ameaças, envia mensagens ameaçadoras todos os dias e vai em sua casa onde faz escândalos e a ofende com palavrões. Afirma a vítima que diante da conduta de Ricardo está com medo dele”, diz um dos trechos do boletim de ocorrência registrado por Regina.

A reportagem também teve acesso a registros de publicações em redes sociais nas contas de Regina. Os posts em seu nome relatam brigas por pensão alimentícia, chamam o político de bandido e dizem que tem provas de que sofreu agressões.

Nunes sempre negou qualquer agressão e disse que o boletim de ocorrência foi feito em um período em que Regina estava abalada e falou coisas que não aconteceram. Em 2020, à Folha, Regina também enviou uma nota, assinada de próprio punho, negando as agressões.

“Sobre o boletim, eu estava em um momento difícil, muito sensível e acabei dizendo coisas que não são reais, tanto é que estamos juntos há mais de 20 anos, sendo que esse boletim foi feito em 2011, 9 anos atrás. Amo meu marido e vivemos com nossos filhos em perfeita harmonia”, diz ela.

Sobre as publicações no Facebook, ela afirmou que o site foi hackeado e que não fez as publicações, que teriam sido para prejudicar o marido.

Um mês após a reportagem da Folha, publicada em outubro de 2020, Regina mudou sua versão sobre denúncia contra o marido e disse não se lembrar de ter feito um boletim de ocorrência policial sobre o tema.

Posteriormente, em 2021, quando Nunes já era prefeito, ele afirmou no programa Roda Viva que a esposa afirmou nunca ter registrado o boletim, sendo confrontado pela apresentadora Vera Magalhães.

“Ela diz que nunca ocorreu. Ela fez a contratação de um advogado para solicitar na delegacia esse documento, que não existe. O provimento diz que tem que ficar 20 anos arquivado, que não tem”, disse Nunes.

Em julho passado, ao ser questionado sobre o tema durante sabatina Folha/UOL, o prefeito afirmou que o boletim foi “forjado”, afirmação rebatida no mesmo dia pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Posteriormente Nunes deturpou em vídeo o que ele mesmo havia dito sobre o boletim de ocorrência de violência doméstica. “Em nenhum momento afirmei que aquele BO é falso como documento. O que eu disse na entrevista é que o seu conteúdo tem informação que não corresponde à realidade.”

Após o candidato Pablo Marçal (PRTB) explorar o tema durante um debate, Regina Carnovale postou um vídeo em suas redes sociais negando qualquer agressão. “Meu marido nunca me bateu”, disse.

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  • Data: 19/09/2024 02:09
  • Alterado:19/09/2024 14:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FolhaPress/Artur Rodrigues









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