Bolsonaro sobe o tom sobre inserções em rádios e diz que TSE tem de se explicar
Num documento de 35 páginas enviado no início da noite de terça ao TSE, a equipe jurídica do presidente apresentou o que seriam elementos sobre a suposta fraude nas inserções
- Data: 26/10/2022 15:10
- Alterado: 26/10/2022 15:10
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira, 26, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o PT “têm muito o que se explicar” sobre o suposto favorecimento ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato petista ao Palácio do Planalto, em inserções de propaganda eleitoral em rádios do País. A denúncia feita pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi considerada “apócrifa” na segunda-feira, 24, pelo presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes. Nesta terça-feira, 25, a campanha de Bolsonaro enviou supostos novos documentos sobre o caso ao TSE, após o ministro ter dado 24 horas para a apresentação de provas das acusações.
“Mais uma do TSE. Vocês estão acompanhando as inserções do nosso partido que não foram passadas em dezenas de milhares de rádios pelo Brasil. Sou vítima mais uma vez. Onde poderiam chegar as nossas propostas, nada chegou. E não será demitindo um servidor do TSE porque o TSE vai botar uma pedra nessa situação”, declarou Bolsonaro, durante discurso em Teófilo Otoni (MG), onde cumpre agenda de campanha.
O presidente fez referência à exoneração do servidor Alexandre Gomes Machado, assessor da Secretaria Judiciária, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência do TSE, que era responsável pelas inserções de propaganda eleitoral. Procurada, a Corte negou que a mudança tenha sido motivada por algum equívoco ou mesmo pela ação da campanha bolsonarista contra as rádios.
“Aí tem dedo do PT. Não tem coisa errada no Brasil que não tenha dedo do PT. O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica, é interferência, é manipulação de resultado. Eleições têm que ser respeitadas, mas, lamentavelmente, PT e TSE têm muito o que se explicar nesse caso”, disse Bolsonaro, na cidade mineira.
Num documento de 35 páginas enviado no início da noite de terça ao TSE, a equipe jurídica do presidente apresentou o que seriam elementos sobre a suposta fraude nas inserções, mas os arquivos e áudios reunidos em link do Google Docs se referem a apenas oito rádios e não cumprem a promessa do ex-secretário de Comunicação Social Fabio Wajngarten de apresentar dados completos. Wajngarten integra a campanha e participou de entrevista coletiva ao lado de Faria na segunda-feira, 24.
A campanha afirma que a checagem foi feita por “amostragem”. “A absoluta veracidade do que aqui exposto pode ser atestada, a título de amostragem, pela verificação da programação integral de um dia inteiro de cada uma das emissoras mencionadas na tabela acima. A mera verificação da programação normal das emissoras permitirá, a qualquer cidadão, identificar a aludida discrepância na veiculação das inserções”, destaca um trecho da documento, logo após mencionar oito emissoras.
A equipe jurídica de Bolsonaro também enviou ao TSE dados para defender a atuação de uma das empresas que realizou a auditoria usada na denúncia de que cerca de 154 mil inserções do chefe do Executivo deixaram de ser veiculadas. A Audiency Brasil Tecnologia, com sede em Florianópolis (SC), tem como atividade principal o desenvolvimento e o licenciamento de programas de computador customizáveis. No registro da empresa na Receita Federal, não consta nenhuma indicação de realização de auditoria.
Aliados de Bolsonaro apostam em manter em evidência a polêmica sobre a suposta “fraude” em inserções nas rádios do País para tirar o foco da relação do chefe do Executivo com o ex-deputado Roberto Jefferson, que reagiu a uma ordem de prisão e atacou policiais federais com tiros de fuzil e granadas de efeito moral no último domingo, 23. Em grupos de apoiadores de Bolsonaro em aplicativos de mensagens, o link da entrevista coletiva de Faria Wajngarten na segunda-feira, 24, começou a ser compartilhado para engajar os militantes, que passaram a falar em “boicote” eleitoral.