Bolsonaro liga mortes por covid a isolamento
Após o registro de 100 mil óbitos por covid, Bolsonaro afirmou neste domingo, 9, que lamenta cada morte e apontou o isolamento social como possível causa de outros óbitos no País
- Data: 10/08/2020 12:08
- Alterado: 10/08/2020 12:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro cita artigo de jornal bruit%ânico para justificar quebra de isolamento social
Crédito:Isac Nóbrega/PR
As declarações foram dadas em publicação no Facebook. “Lamentamos cada morte, seja qual for a sua causa, como a dos três bravos policiais militares executados em São Paulo”, afirmou.
O Brasil registrava até as 20 horas deste domingo 101.136 mortes causadas pelo novo coronavírus, de acordo com dados do consórcio de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. O total de pessoas que têm ou já tiveram a doença no País chega a 3.035.582. Nos últimos sete dias, a média móvel de novos óbitos foi de 1.001 a cada 24 horas. O Brasil registrou ontem, 593 mortes e 22.213 novas infecções. No sábado, Bolsonaro havia evitado falar da marca dos 100 mil mortos e destacou o número de pacientes recuperados, que chegou neste domingo a 2.118.460, de acordo com boletim mais recente do Ministério da Saúde.
Para justificar o argumento contra o isolamento social, Bolsonaro compartilhou um artigo publicado no portal do jornal britânico Daily Mail. “Conclui-se que o lockdown matou 2 pessoas para cada 3 de covid no Reino Unido. No Brasil, mesmo ainda sem dados oficiais, os números não seriam muito diferentes“, escreveu.
O artigo a que Bolsonaro se refere, destaca que:
“16.000 pessoas morreram porque não receberam assistência médica de 23 de março a 1º de maio
Ao mesmo tempo, 25.000 britânicos morreram de coronavírus no auge da pandemia
Dos 16.000, 6.000 eram pessoas doentes que estavam com muito medo de ir para o pronto-socorro”
O comentário de Bolsonaro, porém, vai na contramão de especialistas e autoridades sanitárias. Pesquisas recentes mostraram que o número de mortes seria maior se não houvesse isolamento social. Conforme pesquisa da Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ), o isolamento social, mesmo abaixo dos níveis desejáveis pelas autoridades sanitárias, poupou 118 mil vidas e evitou que 9,8 milhões de pessoas fossem contaminadas. Médicos e cientistas afirmam que, para conter o avanço da doença é preciso que as ações tenham como base um tripé: identificação e monitoramento precoce dos casos; etiqueta respiratória e cuidados pessoais; e isolamento social.
Recursos federais
“Quanto à pandemia, não faltaram recursos, equipamentos e medicamentos para Estados e municípios. Não se tem notícias, ou seriam raras, de filas em hospitais por falta de leitos UTIs ou respiradores”, também escreveu Bolsonaro ontem.