Bolsonaro diz que Auxílio Brasil paga três vezes mais picanha que o Bolsa Família
O valor médio do Bolsa Família, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), era de R$ 190 e beneficiava 14 milhões de famílias
- Data: 23/10/2022 14:10
- Alterado: 15/08/2023 20:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro
Crédito:Fabio Rodrigues Pozzebom - Agência Brasil
O Presidente da República Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, afirmou que com o Auxílio Brasil, criado em seu governo, dá para comprar três vezes mais picanha do que com o Bolsa Família. A afirmação foi feita durante um evento evangélico da Igreja Mundial do Poder de Deus, em São Paulo, na manhã deste domingo, 23.
“Muitos oferecem o paraíso e a gente sabe que não tem nada fácil. Se compararmos o valor do bolsa família e dividirmos pelo preço da picanha, e no nosso governo, dividirmos o Auxílio Brasil pelo preço da picanha, se compra três vezes mais picanha” afirmou Bolsonaro, sob aplausos e gritos de “mito”.
O culto com o presidente, que estava lotado, é conhecido como Cidade Mundial dos Sonhos de Deus, tem capacidade para 150 mil pessoas e é considerado um dos maiores templos do mundo. “Isso não é favor meu. O dinheiro é de vocês. Essas pessoas [que recebem o Aúxilio Brasil] em sua grande maioria já têm idade, problemas de saúde e praticamente não têm como sobreviver sem a ajuda do estado. E o estado tem a sua função social”, afirma Bolsonaro.
Ele estava acompanhado de seu candidato ao governo de São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) e políticos aliados, como o deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR).
O valor médio do Bolsa Família, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), era de R$ 190 e beneficiava 14 milhões de famílias. Ele também já prometeu dar picanha, além de cerveja, ao povo, se reeleito, durante o Jornal Nacional. “O povo tem que voltar a comer um churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha”, disse o petista, ao defender o aumento do poder de compra da população.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), na época, rebateu a fala de Lula, durante entrevista na Jovem Pan. “A esquerda vende a ilusão de picanha para todo mundo, e eu digo: não tem filé mignon para todo mundo”, declarou o chefe do Executivo, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.
O chefe do Executivo também já disse que o Bolsa Família não era bom. Ele criticou os supostos baixos valores pagos aos antigos beneficiários do programa. “Só de Auxílio Emergencial nós gastamos o equivalente a 15 anos de Bolsa Família, que pagava muito pouco. Algumas pessoas mais humildes, em especial no Nordeste, começavam recebendo R$ 42?, afirmou Bolsonaro.
Para o coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas, Lauro Gonzalez, é um “equívoco” fazer essa comparação sem primeiro corrigir o valor do Bolsa Família com a inflação e observar o conjunto de programas de transferência de renda.
“Não é só o Auxílio Brasil, é um conjunto de políticas públicas de transferência de renda que teria que ser comparado também. A grande discussão que se faz como a política social, mais do que discutir quantos quilos de picanha compra, é se é uma política de Estado ou uma política de governo”, afirma.
Gonzalez defende que é preciso haver uma maior segurança da origem do recurso. “Quais as fontes que vão financiar o valor de R$ 600 ou um valor diferente de R$ 600, em base permanente? Não é possível criar um clima de incerteza com esse valor, na medida que não se sabe muito da continuidade dele”, disse.
Terrivelmente evangélico
Bolsonaro ainda disse, no culto, que cumpriu a promessa de indicar ministros alinhados com seu pensamento para o Supremo Tribunal Federal (STF). “Estava em um evento como esse com o ministro [da economia] Paulo Guedes e falei: ‘vou colocar no Supremo um ministro terrivelmente evangélico’. Cumprimos a nossa promessa. Nós vamos não é tomando o poder, vamos resgatando os poderes para as pessoas de bem”, afirma.
Durante sua gestão, ele indicou os ministros Kássio Nunes Marques e André Mendonça, que ocuparam as vagas de Celso de Mello e Marco Aurélio. Nos próximos quatro anos, abrirão mais duas vagas, com a aposentadoria de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski em 2023.
O Presidente também desabafou sobre as dificuldades de exercer a função. “A Presidência não é o paraíso. É uma cadeira cobiçada, em especial, pelos maus. Não é fácil ser Presidente. Tinha capacidade? não. Mas sabemos que Deus nos capacita, colocando gente ao seu lado que possa cooperar em administrar problemas e buscar a prosperidade para seu povo”, disse Bolsonaro, citando seus ex-ministros Tarcísio de Freitas, Damares Alves e Paulo Guedes.
Críticas ao PT
No culto, ele disse que políticos não são todos iguais. “Não sou igual a aquele cara de nove dedos não”, afirma, em referência à Lula. “Querem que isso pegue, para estimular o povo a votar nulo ou branco. Ao longo dos três anos e dez meses, não temos corrupção em nosso governo”, completa.
Ele criticou os últimos governos petistas, mencionando que muitos ministros e secretário foram para a cadeia e que quebraram a Petrobras. “O endividamento dessa empresa, em 2016, chegou a R$900 bilhões. Ou seja, roubaram o dobro de valor de mercado da Petrobras. Que administração foi essa?”, questiona.
O Presidente classificou como censura decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir a veiculação de conteúdos enganosos pela Jovem Pan e de impor a concessão de direitos de resposta a Lula. “A censura chegou na imprensa. O outro lado diz que a imprensa tem que ser censurada. A melhor forma de censurar a imprensa é deixá-la livre”, adiciona.