Bolsonaro discursa sobre ameaça à democracia após ter exaltado ditadura em sua trajetória
Ex-presidente já afirmou que não houve golpe e que havia plena liberdade durante o regime
- Data: 21/04/2024 17:04
- Alterado: 21/04/2024 17:04
- Autor: Redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Fernando Frazão/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou seu discurso na manhã deste domingo (21) para alertar sobre o que enxerga como ameaças à democracia brasileira, exaltando Elon Musk, o dono do X, como um defensor da liberdade de expressão. Bolsonaro, porém, é conhecido por defender a ditadura militar, período durante o qual se impunha censura prévia contra conteúdos que desagradassem o regime.
Veja dez vezes em que Bolsonaro exaltou a ditadura militar.
“REPUBLIQUETA”
No aniversário do golpe militar, em 2022, Bolsonaro afirmou que o Brasil seria uma “republiqueta” não fossem as obras realizadas durante o regime. “O que aconteceu nesse dia? Nada. Nenhum presidente da República perdeu o mandato nesse dia. O Congresso, com quase 100% dos presentes, elegeu Castello Branco presidente à luz da Constituição”, disse.
Em cerimônia no dia 31 de março de 2022.
“PROBLEMINHA”
“Temos de conhecer a verdade. Não quer dizer que foi uma maravilha, não foi uma maravilha regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? De vez em quando tem um probleminha, é coisa rara um casal não ter um problema, tá certo? […] E onde você viu uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura.”
Em entrevista ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, em março de 2019.
“NÃO FOI DITADURA”
“Eu mostrei, e hoje em dia grande parte da população entende, que o período militar não foi ditadura, como a esquerda sempre pregou. (…) Por que tinha censura muitas vezes? De acordo com o articulista, a palavra-chave que estava naquela matéria era para executar um assalto a banco ou até mesmo executar uma autoridade em cativeiro. Essa foi a censura.”
Em entrevista ao Jornal da Band, da TV Bandeirantes, em outubro de 2018.
“NOVO 7 DE SETEMBRO”
“31 de março de 1964, Devemos, sim, comemorar esta data. Afinal de contas, foi um novo 7 de setembro […] O Brasil merece os valores dos militares de 1964 a 1985.”
Em vídeo publicado nas redes sociais, no dia 31 de março de 2016
USTRA
“Sou capitão do Exército, conhecia e era amigo do coronel, sou amigo da viúva. (…) o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra recebeu a mais alta comenda do Exército, a Medalha do Pacificador, é um herói brasileiro.”
Sobre o notório torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, durante sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em novembro de 2016
TORTURA
“O erro da ditadura foi torturar e não matar.”
Em entrevista à rádio Jovem Pan em julho de 2016.
SEGUNDA DATA DA INDEPENDÊNCIA
“Eu quero, Sr. Presidente, saudar o 31 de março de 1964, segunda data da independência do nosso Brasil. Não quero saudar apenas os militares das Forças Armadas. Quero saudar todo o povo brasileiro, que naquela época foi às ruas pedir o afastamento do comunista João Goulart.
O Congresso, ouvindo a voz das ruas, este Congresso que aqui está, no dia 2 de abril de 1964, cassou o mandato de João Goulart.”
Em discurso na Câmara dos Deputados, em 31 de março de 2016.
RESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS
“E nós passamos, Sr. Presidente, 20 anos de período, não de ditadura, mas de um regime com autoridade, em que o Brasil cresceu, tivemos pleno emprego, respeito aos direitos humanos – porque hoje em dia a violência está aí fora -, segurança, amor à pátria e democracia. E mais ainda, nenhum presidente militar ou militar enriqueceu, respondeu a qualquer processo por corrupção.
(…)
Todo o Congresso queria a saída de João Goulart. Todo o Congresso. Tirem esse peso das costas dos militares. Todos nós salvamos o Brasil de uma comunização, de um regime ditatorial.”
Em discurso na Câmara dos Deputados, em novembro de 2013.
DO LADO CERTO
“Sr. Presidente, quero saudar o dia 31 de março de 1964, em que os militares, estimulados por toda a imprensa –falada, escrita e televisada–, por toda a Igreja Católica, pelas mulheres em passeata pelas ruas, pelos empresários e pelos ruralistas, assumiram os rumos do País, evitando que fôssemos comunizados e transformados numa grande Cuba.
Foram 20 anos de pleno emprego, prosperidade, respeito à família e liberdade, onde nenhum militar ficou rico, do soldado ao general.
Os que hoje estão no poder idolatram ditaduras e ditadores pelo mundo afora, dando provas de que, na verdade, os militares estavam do lado certo, o lado do povo.
Concluindo, Sr. Presidente, daqui a pouco estarei na frente do Ministério da Defesa, com fogos de artifício, com faixas e cartazes, para acordar o Ministro Celso Amorim, mostrando para ele que nós, militares, amamos o 31 de março, porque amamos a democracia.”
Em discurso na Câmara dos Deputados, em março de 2013.
PLENA LIBERDADE
“Nós devemos a liberdade que temos hoje aos militares. (…)
Então, Sr. Presidente, no regime militar, o Brasil cresceu. Ninguém pode negar isso aí. Por exemplo, a esquerda era contra a Usina Nuclear de Angra. Hoje mudou a sua visão. Meus parabéns à esquerda! Foram construídas hidrelétricas como Itaipu, rodovias, postos de telecomunicações, portos, aeroportos etc.
Vivíamos em plena segurança. Quem quisesse, podia sair do País. Em Cuba, ninguém sai nem entra. Tínhamos plena liberdade. É lógico, alguns reclamam que não tinham liberdade porque naquele tempo existia a figura da detenção por vadiagem.”
Em discurso na Câmara dos Deputados, em outubro de 2009.