Biden e Trump Disputam Reconhecimento pelo Acordo de Cessar-Fogo em Gaza
Biden e Trump disputam créditos por cessar-fogo em Gaza: entenda como a política americana influencia a paz na região.
- Data: 16/01/2025 03:01
- Alterado: 16/01/2025 03:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Joe Biden e Donald Trump
Crédito:Reprodução
No dia em que foi anunciado um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza entre o Hamas e Israel, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e Donald Trump, eleito para assumir a Casa Branca, se engajaram em uma disputa pelo reconhecimento do sucesso da negociação.
Antes da divulgação oficial do pacto, Trump utilizou sua rede social Truth para reivindicar que a trégua era fruto de sua administração, relacionando o êxito com sua recente vitória nas eleições de novembro. O republicano tomará posse na próxima segunda-feira (20).
Em contraste, Biden adotou uma postura conciliadora durante uma entrevista na qual anunciou o cessar-fogo, enfatizando que os termos acordados eram aqueles propostos por seu governo em maio do ano anterior. O presidente atual destacou que as negociações foram realizadas em colaboração com a equipe de Trump: “Nos últimos dias, temos trabalhado juntos como um só time”, disse o democrata. Ao ser questionado sobre quem deveria receber o crédito pela trégua, Biden respondeu com ironia: “Isso é uma piada?”.
As declarações de Biden foram feitas por volta das 16h (horário de Brasília), após Trump já ter declarado que o acordo era “épico”. O ex-presidente também mencionou a possibilidade de expandir os Acordos de Abraão e afirmou que os Estados Unidos continuarão a “promover a paz através da força”.
“Esse acordo de cessar-fogo só poderia ter sido alcançado graças à nossa histórica vitória em novembro, que enviou uma mensagem clara ao mundo de que minha administração busca a paz e negociações para garantir a segurança dos americanos e de nossos aliados. Estou entusiasmado com o retorno dos reféns americanos e israelenses para suas casas”, escreveu Trump em sua rede social.
O acordo entre as partes envolvidas no conflito foi mediado pelos Estados Unidos sob a presidência de Biden, com apoio do Qatar e do Egito. Detalhes adicionais do pacto serão revelados pelo primeiro-ministro e chanceler do Qatar, Mohammed al-Thani.
Trump também ressaltou que sua equipe de segurança nacional, liderada pelo enviado especial ao Oriente Médio, Steve Witkoff, continuará a trabalhar junto a Israel e aliados para garantir que Gaza não se torne um refúgio seguro para terroristas. Ele acrescentou: “Continuaremos promovendo a paz na região enquanto aproveitamos o momento do cessar-fogo para expandir os históricos Acordos de Abraão. Este é apenas o começo de grandes realizações para os EUA e o mundo”.
Os Acordos de Abraão são entendidos como pactos estabelecidos sob mediação americana durante a administração Trump em 2020, que normalizaram relações entre Israel e alguns países árabes, incluindo Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Na época, Egito e Jordânia já haviam reconhecido Israel como Estado. A Arábia Saudita estava em processo de negociação quando o conflito em Gaza teve início.
Biden declarou que este representa um “fim permanente da guerra”, mantendo uma abordagem amena na disputa pelo reconhecimento do sucesso da negociação, diferentemente da postura mais assertiva de Trump. Ele frisou que o acordo foi negociado durante sua gestão, embora tenha consciência de que será implementado sob o próximo governo.
Quando questionado sobre as tentativas de Trump de se destacar na negociação, Biden comentou: “Eu pedi à minha equipe que colaborasse estreitamente com a equipe de Trump porque é assim que presidentes devem agir”.
O primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu também confirmou o acordo por meio de uma nota oficial, embora tenha indicado que ainda existem “itens no arcabouço” que precisam ser finalizados e que a proposta deve ser aprovada pelos membros do seu governo, alguns dos quais são contrários ao acordo.
Posteriormente, Netanyahu expressou agradecimentos tanto a Biden quanto a Trump. Segundo sua equipe, ele conversou por telefone com ambos separadamente.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, fez um apelo no X para que a oportunidade fosse utilizada para libertar reféns e pôr fim às mortes na Palestina: “Nestas horas há esperança de que os reféns sejam finalmente libertados e que as mortes em Gaza cessem. Todos os responsáveis devem assegurar que essa oportunidade seja aproveitada”, escreveu ela.
O chanceler turco Hakan Fidan afirmou à imprensa em Ancara que o acordo é um passo significativo para a estabilidade regional. Ele reiterou que a Turquia continuará seus esforços pela solução do conflito em dois Estados: um judaico e outro palestino.