Bastidores de debate em SP têm ‘guerra de marqueteiros’
Pressão de equipe de Nunes sobre apresentador motiva repreensão no intervalo; auxiliar de Boulos pedia vaia quando rivais puxavam aplausos
- Data: 15/10/2024 09:10
- Alterado: 15/10/2024 09:10
- Autor: Redação
- Fonte: Isabella Menon e Victória Cócolo/Folhapress
Guilherme Boulos e
Crédito:Reprodução - TV Bandeirantes
O clima de conflito se manteve nos bastidores do primeiro debate do 2º turno em São Paulo, que contou com a presença dos candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) nesta segunda-feira (14).
Durante o intervalo, a equipe de Nunes reclamou com a produção da Band pela proximidade de Boulos, e o marqueteiro do emedebista Duda Lima confrontou o mediador Eduardo Oinegue.
A campanha argumentou que o psolista descumpria regras do debate, uma vez que, de acordo com o regulamento, os candidatos não deviam gesticular nem tocar um no outro. O apresentador repreendeu o marqueteiro e retrucou: “Não dirija a palavra a mim”.
Já Lula Guimarães, marqueteiro de Boulos, aplaudiu a performance do psolista após o primeiro bloco e pareceu satisfeito com a resposta do deputado federal que ironizou Nunes quando disse que gostava de trabalhar.
“Nesse dia você falar de trabalho Ricardo, depois de a população ter sofrido o que sofreu, você achar que tem autoridade moral para falar de trabalho”, retrucou Boulos.
Lula Guimarães chegou a pedir que a plateia composta por apoiadores de Boulos vaiassem quando a equipe de Nunes aplaudisse.
Quando a produção solicitava silêncio, a plateia psolista puxou gritos como “xiu” e “cala a boca” – entre os que reclamaram do barulho estava a esposa de Boulos, a advogada Natália Szermeta.
Já o grupo do emedebista respondeu que os adversários tinham que “respeitar também”.
Após questionamentos de Boulos sobre a investigação da máfia das creches, o psolista perguntou se o opositor estaria disposto a abrir o sigilo bancário. A primeira-dama Regina Nunes, da plateia, dizia “abre, ele abre, sim”.
A plateia do psolista usou o questionamento de Boulos para provocar e gritou em alguns momentos “abre o sigilo, abre o sigilo”.
No início do debate, a primeira-dama bocejou algumas vezes e fez selfie com a filha na plateia. Porém, ao passo que o embate esquentou, ela passou a aplaudir o marido e reclamar do adversário.
Quando Nunes citou o casamento com ela, a primeira-dama respondeu com um joinha para o marido. No fim do debate, ela criticou Boulos e gritou “mais votado das penitenciárias”. O resultado da votação nos presídios tem sido usado pela campanha de Nunes na TV para atacar o adversário.
Em alguns momentos, os grupos rivais riram juntos, como quando Boulos e Nunes se abraçaram após ficarem bem próximos em meio ao embate.
Nunes chamou atenção quando fez uso de um produto na garganta durante o debate. Aliados explicaram que se tratava de um spray usado em decorrência do ar-condicionado no estúdio.
O candidato a vice de Nunes, Ricardo Mello Araújo (PL), estava sentado na plateia composta majoritariamente por psolistas. Quando avisado, ele disse que não se incomodava de ficar longe da equipe da campanha. “Não tenho problema em me misturar”, brincou.
Após o primeiro bloco, o vice de Nunes considerou o embate “chatinho” e avaliou que terminou empatado. Nos demais, ele disse que o prefeito foi melhor que Boulos.
Quando citado por Boulos, manteve o semblante sério e não reagiu nem quando Nunes elogiou sua trajetória. Mello Araújo disse que não se incomoda em ser citado e afirmou que está “acostumado a lidar com ladrão”.
Já Marta Suplicy (PT), candidata a vice de Boulos, se manteve séria e concentrada durante a maior parte do programa.
Porém aplaudiu e comemorou quando Boulos criticou a postura de Nunes e disse que Marta rompeu com o seu governo porque ele se aliou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ela tem “caráter e princípios e não se aliou a isso”.
Integrantes da campanha de Boulos, que assistiam o debate de um espaço exclusivo para convidados e imprensa, avaliaram o desempenho do psolista como positivo. Segundo eles, Boulos seguiu o planejado ao focar em críticas na administração de Nunes nos últimos três anos e no episódio do recente apagão.