Aumento Alarmante na Letalidade Policial em São Paulo em 2024

Crescimento alarmante: mortes por intervenção policial em SP sobem 88% em 2024, refletindo crise de segurança e descontentamento social.

  • Data: 31/01/2025 21:01
  • Alterado: 31/01/2025 21:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Aumento Alarmante na Letalidade Policial em São Paulo em 2024

Crédito:iStock

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Dados recentes indicam que as forças de segurança na região metropolitana de São Paulo estiveram envolvidas na morte de 480 indivíduos durante o ano de 2024. Este total representa um aumento significativo de 88% em comparação com o ano anterior, quando 255 pessoas foram mortas.

A cidade de São Paulo e seus arredores contribuíram com mais da metade das mortes registradas por intervenção policial no estado. No total, as forças policiais civis e militares, tanto em serviço quanto fora dele, foram responsáveis pela morte de 814 pessoas em todo o estado, resultando em um aumento geral de 63% em relação ao ano anterior. Este crescimento nas mortes é um fenômeno observado em todas as regiões do estado, algo que não ocorria desde 2013.

Historicamente, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) não contabilizava as mortes causadas por policiais fora do horário de trabalho nas estatísticas relacionadas a intervenções policiais. Portanto, os dados atuais não podem ser comparados diretamente com os registros anteriores.

Quando analisadas apenas as ações realizadas por policiais militares durante o serviço, 262 mortes ocorreram na capital e 350 na Grande São Paulo. Esses números representam um crescimento superior a 100% tanto na capital quanto na região metropolitana, comparando-se a 2023, quando 130 pessoas foram mortas na capital e 170 na área metropolitana.

Apesar do aumento no número de confrontos resultando em mortes, a quantidade de policiais assassinados permaneceu praticamente inalterada. Ao longo do estado, foram registrados 27 policiais mortos, uma redução em relação ao ano anterior. Na região metropolitana de São Paulo, 20 policiais perderam a vida em 2024, o que significa um aumento de três óbitos em comparação ao ano anterior, representando uma alta de 17%.

No segundo ano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), incidentes notáveis de violência policial marcaram o cenário. Em janeiro de 2024, a Baixada Santista testemunhou uma série de eventos trágicos após o assassinato de dois soldados e um cabo da PM, resultando na ação policial mais violenta desde o Massacre do Carandiru.

Até o final do dia 31 deste mês, as autoridades estaduais ainda não tinham divulgado dados sobre a letalidade policial municipalizada, apresentando apenas informações agrupadas por regiões sob a supervisão dos Departamentos de Polícia Judiciária do Interior (Deinter). Essa ausência de informações impede uma análise mais detalhada sobre a situação na Baixada Santista, que já apresentava números alarmantes antes da divulgação dos dados referentes a dezembro.

Entre janeiro e novembro do ano passado, foram registradas 128 mortes decorrentes da ação policial na Baixada Santista, superando as estatísticas anuais dos últimos anos desde 2013.

A Operação Verão, que tinha como objetivo inicial reforçar a segurança durante a alta temporada no litoral, teve seu foco alterado após os trágicos eventos envolvendo policiais. Oficialmente, essa operação resultou em 56 mortes.

No dia 3 de fevereiro, ocorreu o maior número de mortes provocadas pela PM na Baixada Santista desde janeiro de 2013. Esse dia seguiu ao assassinato do soldado Samuel Wesley Cosmo e foi marcado por ações policiais que culminaram na morte de sete pessoas nas cidades de Santos, São Vicente e Guarujá. Entre os mortos estava um adolescente de 16 anos atingido por um policial fora do horário de serviço. As operações que resultaram nesses óbitos tiveram início durante a madrugada.

A violência policial se perpetuou mesmo após o término da operação. Em novembro, uma ação no Morro do São Bento deixou duas vítimas fatais: Ryan da Silva Andrade Santos, de apenas quatro anos, e Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos. Os relatos indicam que Ryan foi baleado enquanto brincava perto de casa e que Gregory foi alvejado enquanto estava em uma moto com outro adolescente.

Um laudo pericial revelou que Gregory foi atingido por pelo menos quatro disparos nas costas realizados por agentes da PM. A versão oficial sustenta que ambos estavam envolvidos em um confronto armado contra policiais; no entanto, moradores locais contestaram essa narrativa afirmando que os jovens estavam desarmados no momento da abordagem.

A mãe do menino Ryan expressou sua dor ao declarar: “Estou péssima, tentando sobreviver ao caos. Quero justiça nesse mundo podre.”

Outro incidente significativo foi a morte do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta aos 22 anos na Vila Mariana. Durante uma abordagem policial após uma ocorrência reportada envolvendo Acosta, ele reagiu e acabou ferido fatalmente durante o confronto com os policiais.

A mãe do estudante lamentou: “Violência policial é o fracasso dos nossos governantes e reflete uma política de terror”. Ela criticou a normalização dessa violência como responsável por inúmeras mortes injustas ocorridas nas mãos da polícia.

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  • Data: 31/01/2025 09:01
  • Alterado:31/01/2025 21:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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