Aumento alarmante de dengue e chikungunya no Brasil
O ano de 2024 registrou a maior epidemia de dengue da história brasileira
- Data: 27/01/2025 08:01
- Alterado: 27/01/2025 08:01
- Autor: Redação
- Fonte: Ministério da Saúde
Crédito:Divulgação/Fiocruz
A luta contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e chikungunya, requer uma abordagem multifacetada, que inclui a eliminação de criadouros, a implementação de novas tecnologias como o uso da bactéria Wolbachia, além de um sistema de saúde robusto e preparado.
Recentemente, o Ministério da Saúde do Brasil fez um alerta aos prefeitos e governadores sobre o aumento nos casos de dengue e chikungunya, com dados preocupantes a respeito das epidemias que assolaram o país. O ano de 2024 registrou a maior epidemia de dengue da história brasileira, levantando questões sobre as previsões para 2025. Especialistas afirmam que é desafiador realizar previsões precisas neste cenário. No último ano, o Ministério da Saúde estimou cerca de 4,2 milhões de casos, mas o total ultrapassou 6,6 milhões com mais de 6 mil mortes.
Nos primeiros meses de 2025, já foram identificados mais de 101 mil casos prováveis da doença e 15 mortes confirmadas, com outros 116 óbitos ainda em investigação. Esses números foram obtidos através do Painel de Monitoramento das Arboviroses e refletem um aumento considerável em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando se registraram aproximadamente 203 mil casos.
Enquanto a mudança climática e fenômenos como o El Niño contribuíram para a disseminação do mosquito no passado, o sorotipo DENV-3 da dengue, que não era registrado no Brasil desde 2008, suscita preocupações adicionais. O vírus da dengue possui quatro sorotipos distintos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), sendo que a infecção por um sorotipo confere imunidade apenas contra ele, permitindo que um indivíduo possa contrair dengue até quatro vezes durante a vida.
A infectologista Rosana Richtman ressalta que o sorotipo DENV-3 encontrará uma população vulnerável devido à falta de exposição anterior. “O problema não reside apenas na presença do sorotipo 3, mas também na alta probabilidade de que muitos jovens nunca tenham sido expostos a ele”, adverte Richtman.
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que uma segunda infecção pode ser mais severa e ressalta a necessidade de vigilância redobrada entre aqueles que já tiveram dengue anteriormente.
O controle da dengue é uma responsabilidade coletiva. As ações governamentais devem focar na eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti e na conscientização da população sobre as medidas preventivas. Entre as estratégias recomendadas estão o uso do método Wolbachia, a aplicação de inseticidas e larvicidas em áreas críticas e campanhas educativas para sensibilizar a população sobre a importância da prevenção.
Além disso, o tratamento adequado é crucial para reduzir os índices de mortalidade. A estruturação dos serviços de saúde deve incluir treinamento contínuo para os profissionais que lidam com os casos de dengue, especialmente em regiões onde a doença não é endêmica.
A vacina Qdenga foi recentemente incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e está disponível gratuitamente para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Embora representem um avanço significativo no combate à doença, as vacinas sozinhas não são suficientes para conter a transmissão em larga escala devido à escassez global do imunizante.
Até janeiro deste ano, mais de 6 milhões de doses foram distribuídas em quase dois mil municípios brasileiros. Contudo, esse número representa menos de 5% da população nacional. Com planos para adquirir mais doses em 2025, especialistas enfatizam a importância do manejo correto dos pacientes diagnosticados com dengue.
O Instituto Butantan está trabalhando na produção da Butantan-DV, uma vacina contra todos os sorotipos da dengue que poderá ser administrada em indivíduos entre 2 e 59 anos. Essa nova opção poderá contribuir significativamente para o controle das infecções futuras.
Embora muitos casos possam ser assintomáticos ou leves, é fundamental estar atento aos sinais mais sérios da doença. Sintomas como febre alta súbita acompanhada por dores intensas ou náuseas devem ser monitorados cuidadosamente.
Em São Paulo, por exemplo, já foram confirmados mais de 29 mil casos de dengue até agora. A mobilização conjunta entre governo, profissionais da saúde e sociedade civil é essencial para enfrentar este desafio persistente no Brasil.