Atrasos nas obras do aeroporto de Noronha preocupam turismo
A requalificação da pista do aeroporto é essencial para impulsionar o turismo, mas os atrasos geram desconforto entre moradores e autoridades locais.
- Data: 14/01/2025 22:01
- Alterado: 14/01/2025 22:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Em função do coronavirus
Crédito:Reprodução
Os atrasos nas obras de requalificação da pista do aeroporto de Fernando de Noronha têm suscitado descontentamento entre os residentes do arquipélago. A principal preocupação gira em torno da falta de novos voos, que poderiam potencializar o turismo, a base da economia local.
Desde outubro de 2022, os voos de aviões a jato estão suspensos no aeroporto devido a uma determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), motivada pela presença de fissuras no pavimento, que representam um risco à segurança.
Com um investimento estimado em R$ 60 milhões, as obras abrangem uma extensão de 1.845 metros. Após diversos adiamentos, as intervenções começaram em setembro de 2024. Inicialmente, a finalização estava prevista para novembro, mas essa data foi posteriormente prorrogada para dezembro. Até o momento, o Governo de Pernambuco não se manifestou sobre um novo prazo após consulta realizada pela reportagem.
As atividades ocorrem predominantemente durante a noite, uma vez que o aeroporto opera normalmente durante o dia. O governo estadual descreve essa limitação como uma dificuldade significativa para a execução das obras. Segundo a gestão liderada por Raquel Lyra (PSDB), “esse fato gera a necessidade de que as obras sejam realizadas em pequenas quantidades, dia após dia“.
A secretaria estadual de Mobilidade e Infraestrutura detalhou que o trabalho diário envolve fresagem, aplicação de material ligante, concreto betuminoso usinado a quente, compactação e sinalização na área recuperada. “É como se fossem várias pequenas obras na pista diariamente, o que impacta negativamente na produtividade geral do projeto,” acrescentou.
Ailton Júnior, presidente do Conselho Distrital de Fernando de Noronha, expressou suas dificuldades em obter informações junto à secretaria responsável e criticou a falta de transparência do governo sobre o cronograma das obras. “Já se passaram mais de dois anos desde a suspensão [dos voos], e não é algo novo. É compreensível que os insumos venham do continente, mas esse tempo todo não é justificável,” afirmou Júnior.
Segundo a administração estadual, dois dos três trechos das obras já foram concluídos, restando apenas a etapa que abrange uma das cabeceiras da pista.
O governo também apontou desafios relacionados ao porto de Noronha. De acordo com as autoridades locais, “a profundidade limitada do porto restringe o calado das embarcações que podem atracar e o tamanho dessas embarcações“. Essa situação, aliada à geografia da ilha, complicou significativamente o transporte da usina de asfalto necessária para a realização das obras.
Conforme indicado pela secretaria de Mobilidade e Infraestrutura, apenas um navio pode ser descarregado por vez no Porto de Santo Antônio, que também é responsável pelo recebimento das cargas essenciais como alimentos e combustíveis para a ilha.
No contexto atual, em setembro de 2024, tanto o governo estadual quanto a companhia aérea Latam anunciaram um novo voo entre o aeroporto de Guarulhos (SP) e Fernando de Noronha; no entanto, essa rota ainda não começou devido aos atrasos nas obras.
Ailton Júnior ressaltou que São Paulo é um dos principais emissores de turistas para Noronha e lamentou a falta de voos diretos para esse destino. “O avião ATR é seguro, mas muitos turistas ficam desconfiados; além disso, muitos não querem fazer escala em Recife,” afirmou.
Proprietários de pousadas também relataram que turistas têm demonstrado resistência em visitar o arquipélago devido ao receio associado aos voos com aeronaves do modelo ATR.
Outra questão levantada diz respeito à cota destinada aos moradores locais para passagens mais baratas. Júnior explicou que cada voo possui uma cota reduzida: “Em aviões menores, essa cota limita-se a cinco pessoas por voo. Isso pode criar dificuldades se houver famílias maiores querendo viajar.”
Após a finalização das obras, será necessária uma nova vistoria por parte da ANAC antes da liberação das operações com aviões maiores. A agência informou por meio de nota que está acompanhando o processo com atenção e agilidade.
Atualmente, após as restrições impostas pela ANAC, a Gol suspendeu suas operações em Noronha. A Azul Linhas Aéreas continua oferecendo rotas para Recife utilizando aeronaves do modelo ATR, enquanto a VoePass iniciou suas operações na localidade em janeiro de 2023.