Artista indígena Auá Mendes lança sua primeira exposição individual em São Paulo
Na série “Sesá Ixé: Olhar Eu”, Auá reflete sua jornada de auto descoberta ancestral. As obras podem ser visitadas até o mês de novembro na Ação Educativa, no bairro da Vila Buarque
- Data: 10/10/2024 08:10
- Alterado: 10/10/2024 08:10
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Auá Mendes
Crédito:Karla Bright
Com curadoria de Vera Nunes. A série “Sesá Ixé: Olhar Eu”, compõe o Espaço Cultural Periferia no Centro da Ação Educativa, com 9 obras que mergulham no universo sensível dos sonhos para expressar uma jornada poética de auto descoberta ancestral.
Criadas em técnicas mistas como uso de canetas posca, lápis de cor, giz de cera, aquarela, acrílica, látex e spray, as pinturas revelam a maturidade técnica da artista e trilham por suas memórias, sonhos e relações imagéticas. O uso das cores, trazendo a imensidão azul, também revela essa identidade artística e um diálogo profundo com suas histórias e essência.
“Minha arte se inspira na minha ancestralidade e como ela reverbera na minha identidade. As cores e os elementos têm influência nos sonhos e no inconsciente, que pela cultura do meu povo, dialogam com os nossos antepassados. Fico contente em lançar minha primeira exposição na Ação Educativa, um espaço que também enxerga a cultura com um viés político e social”, conta Auá Mendes.
As obras estão expostas até 04 de dezembro na Ação Educativa e fizeram parte da programação da 14ª edição do Encontro Estéticas das Periferias, que destaca as culturas indígenas e nordestinas nas periferias de SP. O espaço público da Ação Educativa é um lugar de celebração de diversas expressões culturais, onde diferentes artistas realizam suas primeiras exposições.
“O Espaço Cultural Periferia no Centro busca, por meio de sua curadoria de programação e de seu Edital Permanente de Apoio a Coletivos e Organizações da Sociedade Civil, fortalecer e trazer novos expoentes culturais, mobilizando coletivos e as inventividades de suas produções, a fim de colaborar para uma maior circulação e visibilidade de artistas dissidentes. A exposição da Auá está totalmente alinhada com a proposta do nosso espaço, que já contou com exposições inaugurais de grandes nomes de artistas visuais”, aponta Raquel Luanda, Supervisora do Centro de Eventos da Ação Educativa.
Essa é a primeira exposição individual da artista, após participar de mais de 10 amostras coletivas, entre elas a exposição internacional coletiva Fúria Tropical realizada pelo Instituto Oyoun de Berlin, na Alemanha. Neste ano de 2024, a artista teve suas obras expostas em diversas exposições, com destaque para a expo Diversos, uma mostra itinerante, que já passou pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e chega agora em Brasília; na mostra O Que Te Faz Olhar Para o Céu?”, no centro do Rio de Janeiro; na exposição “Justiça Climática: uma discussão do presente”, com 12 artes que refletem sobre crise climática e desigualdade social; e na mostra “Nhe ē Sé”, na Caixa Cultural de Salvador.
“Como curadora de arte, trabalho para que os museus sejam cada dia mais diversos e deem conta de representar a sociedade brasileira, que é composta por mulheres, negros, indígenas, e demais povos que foram afastados dos espaços de arte e cultura. A Auá representa tudo isso e vai além: suas obras são repletas de identidade. Ela carrega em seu corpo político uma cosmologia indispensável para esse momento do mundo em que estamos vivendo.”, conta Vera Nunes, curadora da mostra.
Nos museus e nos muros
Expoente da arte contemporânea, Auá já deixou sua marca em diversas cidades dentro da arte urbana. Em São Paulo, pintou a obra “Ãgawara-itá mukatúru: As encantadas protegem”, no bairro do Bixiga, pelo MAR (Museu de Arte de Rua). A arte mergulha na espiritualidade dos povos originários para representar a proteção da grande Deusa. No norte do país, em Belém, foi responsável pela primeira empena da cidade, colorindo a região do Ver-o-Peso de azul, com a obra “Ixé Maku: Eu Ancestral” que se trata de uma jornada poética de autodescoberta. A obra compôs a Bienal das Amazonias.
Com o grafite, Auá também já participou de festivais em São Paulo, Paraná, Manaus, Minas Gerais e Amazonas, além de desenvolver projetos com diversas marcas como Converse Br, Natura, Sesc, Hersheys, Google Brasil, Nike, Top Trends, Nu Bank, Feira Preta, Tomie Ohtake, PerifaCON, Vivo, MAM e Itaú. Ela é quem assina a fachada do Itaú Cultural de SP, que tem extrema relevância para a cultura de São Paulo.
Serviço
Exposição: “Sesá Ixé: Olhar Eu”
Onde: Ação Educativa – Rua Gen. Jardim, 660 – Vila Buarque, SP
Horário de visitação: Segunda-feira à Sexta-feira das 10h às 20h
Valor: gratuito
Data: até 04 de dezembro
SOBRE A AÇÃO EDUCATIVA
Fundada em 1994, a Ação Educativa é uma associação civil sem fins lucrativos que atua nos campos da educação, da cultura, da juventude, da tecnologia e do meio ambiente na perspectiva dos direitos humanos.
Para tanto, realiza atividades de formação e apoio a grupos de educadoras/es, jovens e agentes culturais. Integra campanhas e outras ações coletivas que visam à garantia desses direitos. Desenvolve pesquisas e metodologias participativas com foco na construção de políticas públicas sintonizadas com as necessidades e interesses da população.
É sua missão a defesa de direitos educativos, culturais e das juventudes, tendo em vista a promoção da democracia, da justiça social e da sustentabilidade socioambiental no Brasil.
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