Arte132 apresenta, em 2023, “Tridimensional: Entre o sagrado e o estético”
Com curadoria de Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz, a mostra contempla 46 obras de 35 diferentes artistas brasileiros, como Tunga, Carmela Gross, Leda Catunda, entre outros
- Data: 28/12/2022 09:12
- Alterado: 15/08/2023 12:08
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Quadrantes (1990)
Crédito:Everton Ballardin
A Arte 132 Galeria inaugura, no dia 14 de janeiro de 2023, a exposição Tridimensional: Entre o sagrado e o estético, um recorte da coleção particular de Vera e Miguel Chaia, que reúne um conjunto de 46 obras. Entre telas, objetos e esculturas de 35 diferentes artistas brasileiros, a mostra apresenta desde nomes consagrados a jovens talentos do cenário artístico brasileiro. A curadoria é assinada por Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz.
Dividida em dois pilares, o sagrado e o estético, Tridimensional mescla de forma não-linear os temas centrais. Supõe-se que cada artista ou obra se aproxima ora mais ora menos do sagrado ou do estético; em algumas obras, o sagrado pode ser mais explícito e, em outras, menos.
O conceito de sagrado é aqui entendido no seu significado amplo de religioso, venerável, ritualístico, mítico, alquímico e metafísico — centrado nas questões do corpo e da sociabilidade, e aparece representado por cinco elementos — sangue, vinho, água, fogo e alimento. O estético é compreendido como a linguagem que, no desenvolvimento histórico da arte, em um processo autônomo e profano, opera revoluções nas formas de expressão, rompendo claramente vínculos com áreas externas à própria arte. O tridimensional aparece em restrito relacionado à forma das telas, objetos e esculturas – todas as obras apresentam três dimensões e/ou perspectivas de relevo.
Para o artista plástico Donald Judd, a tridimensionalidade não está próxima de ser uma esfera tão sedimentada quanto a pintura, mas a força das três dimensões, “simula e aumenta o objeto real, para equipará-lo a uma forma emocional”. “A metade, ou mais, dos melhores novos trabalhos que se têm produzido nos últimos anos não tem sido nem pintura nem escultura. Frequentemente, eles têm se relacionado, de maneira próxima ou distante, a uma ou a outra. Os trabalhos são variados e, dentre eles, muito do que não é nem pintura nem escultura também é variado”, explica Judd. Para ele, esses novos trabalhos tridimensionais não constituem um movimento, escola ou estilo, mas, sim, um avanço da linguagem a partir das especificidades e potencialidades dos suportes e materiais.
Sobre o processo curatorial
Três questões nortearam as reflexões abordadas pelo conjunto de obras expostas: Será possível perceber na arte contemporânea vestígios do sagrado? O que pode haver em comum entre a arte e o sagrado? E, ainda, a arte contemporânea, ao ganhar autonomia, fortalecendo seu significado estritamente estético, abandona o mítico, a religiosidade e a religião na busca da revolução da linguagem? Entre os destaques da exposição, aparecem Artur Lescher, Carmela Gross, José Resende, José Leonilson, Leda Catunda, Marcelo Cidade e Tunga.
A exposição traz à tona a discussão do que é arte e suas conjugações e interlocuções entre o sagrado e o estético dentro de uma mesma obra. O resultado é uma mostra site specific, que surge a partir da proposta curatorial na qual concepção, temática e suporte contemplam a vocação e as particularidades da galeria Arte132, e que desdobra-se em um belo jardim de esculturas.
Para o curador e colecionador Miguel Chaia, a arte e o tridimensional são conceitos polissêmicos: abrem-se para múltiplas formulações ou definições. “A arte está aberta a qualquer pesquisa que assuma a perspectiva da política ou da filosofia, da religião, da economia, da semiótica e da estética. E, com frequência, essas perspectivas estão interligadas, uma vez que a arte é relacional enquanto produto da práxis humana, atravessada pelas múltiplas esferas da sociedade”, explica ele.
A história da coleção de Vera e Miguel Chaia se confunde com a própria história da arte contemporânea brasileira. O casal começou a colecionar há 45 anos e, durante esse período, reuniu um acervo ímpar. Eles se conheceram em 1969, quando cursavam a faculdade de ciências sociais da PUC-SP, e logo descobriram o amor em comum pelas artes, passando a visitar, juntos, exposições. Começaram adquirindo gravuras e nunca mais pararam. Assim surgia uma das mais importantes coleções de arte contemporânea brasileira. Tridimensional – Entre o sagrado e o estético será uma oportunidade para que os espectadores conheçam um recorte desse acervo.
Sobre os curadores
Miguel Chaia (São Paulo, 1947) é graduado em Ciências Sociais pela PUC-SP, mestrado e doutorado em Sociologia pela USP. É professor da Pós-graduação em Ciências Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais, e do Curso Arte: História, Crítica e Curadoria, da PUC-SP, e coordenador e pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (NEAMP).
Laura Rago (São Paulo, 1984) é curadora independente e jornalista de arte graduada em história e pós-graduada em Jornalismo Cultural e em Arte: Crítica e Curadoria, ambos os cursos realizados na PUC-SP. Pesquisadora na área de Arte e Política, História das Exposições, Arte e Tecnologia e Arte Pública.
Gustavo Herz (São Paulo, 1998) é graduado em Arte: História, Crítica e Curadoria pela PUC-SP. Ator e curador. Pesquisador na área de religiosidade. Promove eventos culturais independentes.