Área de risco em Maceió foi 100% desocupada, afirma Braskem
Coordenador da Defesa Civil de Alagoas afirma que dano provocado pelo colapso da mina não será tão grande quanto o esperado
- Data: 02/12/2023 17:12
- Alterado: 02/12/2023 17:12
- Autor: João Pedro Pitombo
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
A Braskem afirmou neste sábado (2) que os moradores de 23 imóveis que permaneciam dentro das áreas de risco em Maceió foram realocados pela Defesa Civil por determinação judicial.
Desta forma, 100% dos imóveis que ficam dentro das áreas delimitadas pelos mapas de risco foram desocupados. A mineradora ainda informou que a área de resguardo no bairro do Mutange está desocupada desde abril de 2020. É nessa região que fica a mina 18, que resultou nesta semana em novos abalos sísmicos.
Os dados de monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização, o outro é uma possível acomodação abrupta do solo.
Mais cedo, Defesa Civil de Maceió afirmou que houve um novo tremor de terra de magnitude 0,89, o que mantém o risco iminente do colapso da mina 18 da Braskem, localizada na região bairro do Mutange.
O abalo sísmico foi ainda mais forte que o registrado na noite de sexta (1º), com magnitude 0,39. Desta vez, o órgão diz que o evento ocorreu a 300 metros de profundidade. A velocidade do afundamento na área caiu, passando de 1 cm por hora para 0,7 cm por hora.
Três sensores instalados na região apresentam sinais de movimentação. Nas últimas 24 horas, o deslocamento de terra foi de 13 cm, bem menor que os 62,4 cm por dia registrados antes.
A Defesa Civil permanece em alerta máximo. Por precaução, está mantida a recomendação para que a população evite transitar na área desocupada até uma nova atualização.
Na quarta-feira, a Defesa Civil de Maceió alertou que uma mina da Braskem está em risco iminente de colapso. A população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.
A situação tem ligação com o afundamento do solo que atinge cinco bairros da capital de Alagoas. O problema começou em março de 2018 e até hoje não foi solucionado. O Serviço Geológico do Brasil, órgão do governo federal, concluiu que as atividades de mineração da empresa – que explorava o sal-gema, usada na indústria para produção de PVC e soda cáustica, por exemplo – em uma área de falha geológica causaram o problema.
Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade.
A Defesa Civil municipal informou que a extração de sal-gema em Maceió foi totalmente encerrada em maio de 2019 e que a Braskem vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração. Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025.
Das 35 cavidades, 9 receberam a recomendação de preenchimento com areia. Destas, 5 tiveram o preenchimento concluído, em outras 3 os trabalhos estão em andamento e 1 já está pressurizada, indicando não ser mais necessário o preenchimento com areia.
ENTENDA O HISTÓRICO:
ANOS 1970
Governo estadual autorizou em Maceió extração de sal-gema –uma matéria-prima usada na indústria para produção de PVC e também cloro, ácido clorídrico, soda cáustica e bicarbonato de sódio.
A empresa que deu início à atividade foi a Salgema Indústria Químicas de Alagoas, que depois passou a ser chamada de Braskem. Apesar de o órgão ambiental da época não recomendar as extrações, a atividade na região aconteceu a partir de 1975.
2018
Após mais de 40 anos de extração na região, um tremor de terra foi sentido em março de 2018. Na época, também foram registradas rachaduras em casas, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras, segundo o MPF, sem aparente motivo.
No início, as reclamações partiam do bairro do Pinheiro, mas no mesmo ano foram registradas também no Mutange e Bebedouro. No ano seguinte, moradores do Bom Parto também reportaram danos em suas residências.
Após o episódio, foi dado início a uma investigação para entender o que motivou o fenômeno na região.
2019
No ano seguinte, o Serviço Geológico do Brasil (antigo CPRM) concluiu que as atividades de mineração da empresa Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema. No laudo, cientistas afirmam que o tremor de terra de 2018 aconteceu em razão do desmoronamento de uma dessas minas.
Segundo o estudo, aquele não foi o único tremor, pois os laudos apontam a existência de outras minas deformadas e desmoronadas. Desde então, o MPF em Alagoas acompanha o caso. Em meados de 2019, ocorreram as primeiras evacuações do local.
Até então, havia 35 poços de extração em área urbana. Os poços estavam pressurizados e vedados, porém a instabilidade das crateras causou danos ao solo, que foram visíveis na superfície.
Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade. Após o laudo que apontou a exploração como responsável pela instabilidade da região, foram fechadas 35 minas da região de Mutange e Bebedouro.
Galeria Desastre ambiental em Maceió provocado por mineração da Braskem Moradores de cinco bairros tiveram de deixar suas casas após o solo afundar.
2023
Na quarta-feira (29), após novos tremores serem sentidos na região, a Defesa Civil emitiu um alerta em que afirma que a mina de número 18 Braskem está em risco iminente de colapso. O alerta do órgão acontece após
De acordo com o órgão, a população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.