Aprovação de Acordo de Cessar-Fogo em Gaza: Implicações e Desafios Futuros
Acordo de cessar-fogo em Gaza traz esperança, mas desafios humanitários persistem.
- Data: 17/01/2025 23:01
- Alterado: 17/01/2025 23:01
- Autor: redação
- Fonte: BBC
Crédito:Divulgação
Na noite desta sexta-feira (17/01, horário do Brasil), o governo de Israel e seu gabinete de segurança aprovaram um acordo de cessar-fogo em Gaza, após extensos debates e uma votação crucial.
Apesar das objeções apresentadas por ministros da ala direita radical do governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o acordo foi mantido. Antes da votação, Netanyahu havia comunicado a conclusão das negociações para a libertação de reféns sequestrados que se encontram em Gaza.
O acordo prevê que prisioneiros palestinos atualmente detidos em Israel sejam soltos em troca dos reféns. De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, os primeiros reféns poderão ser libertados já no próximo domingo (19), com a divulgação dos nomes dos 33 reféns que farão parte dessa primeira fase.
A votação sofreu um atraso, que inicialmente estava marcada para quinta-feira (18), levantando incertezas sobre o cumprimento das promessas feitas por Netanyahu de que a libertação ocorreria conforme o planejado, caso o acordo fosse aprovado.
Este acordo foi mediado pelos Estados Unidos e pelo Catar, sendo estruturado em três fases distintas e escalonadas. A primeira fase, que terá início em 19 de janeiro e se estenderá por seis semanas, prevê a libertação dos 33 reféns, incluindo mulheres, crianças e idosos. Essa ação será acompanhada pelo recuo das forças israelenses para áreas menos densamente povoadas de Gaza, permitindo que palestinos deslocados possam retornar temporariamente às suas residências e interrompendo o conflito nas zonas urbanas.
Além disso, está previsto um fluxo diário de centenas de caminhões com ajuda humanitária para Gaza, com o intuito de mitigar a severa crise humanitária enfrentada na região.
A segunda fase do acordo envolverá novas negociações para a libertação dos reféns restantes e exigirá um recuo total das tropas israelenses em Gaza, visando estabelecer uma “calma sustentável” e preparar o terreno para um eventual acordo mais duradouro.
A terceira e última fase concentrar-se-á na repatriação dos restos mortais daqueles reféns que não sobreviveram ao cativeiro, além do início da reconstrução de Gaza. Este processo abrangente incluirá a restauração da infraestrutura crítica e assistência às famílias afetadas pela devastação provocada pelo conflito.
No entanto, a magnitude dos danos sugere que essa reconstrução pode levar anos para ser concluída. Enquanto isso, a violência continua: desde o anúncio do cessar-fogo, mais de 100 palestinos perderam a vida em ataques aéreos israelenses, incluindo 27 crianças e 31 mulheres, conforme relatórios da defesa civil de Gaza.
A situação humanitária permanece alarmante. Dados da ONU indicam que 91% da população em Gaza enfrenta insegurança alimentar severa. O fluxo de suprimentos humanitários sofreu uma drástica redução desde o início do conflito: antes de outubro de 2023, cerca de 500 caminhões de ajuda eram enviados diariamente a Gaza; já em outubro de 2024, esse número caiu para apenas 37 caminhões por dia.
A Unicef informou que “milhares de carregamentos de ajuda” estão retidos em armazéns na Jordânia à espera de liberação para entrar em Gaza. A porta-voz da agência, Rosalia Bollen, expressou esperança quanto à melhoria das condições com a implementação do cessar-fogo durante uma entrevista ao programa Today da BBC Radio 4: “Estamos muito esperançosos de que as condições no terreno melhorem com o cessar-fogo.”
Contudo, mesmo com a liberação desses suprimentos, os desafios logísticos serão imensos devido aos danos significativos na infraestrutura local e à contínua insegurança na região.
Dentro do cenário político israelense, as tensões relacionadas ao acordo refletem-se nas divisões internas do governo. Membros da direita radical, como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, manifestaram resistência ao pacto proposto.