ANVISA aprova novo tratamento para HPN, condição sanguínea rara que pode ser fatal
Medicamento aprovado oferece nova forma de administração e avanços para pacientes.
- Data: 18/02/2025 18:02
- Alterado: 18/02/2025 18:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Assessoria
A Roche Farma Brasil acaba de obter junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a aprovação regulatória do crovalimabe, um anticorpo monoclonal reciclável inibidor da molécula C5, indicado para o tratamento de pacientes adultos e pediátricos com 13 anos ou mais e com peso de pelo menos 40 kg com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN).
O medicamento é o primeiro tratamento subcutâneo com uma aplicação rápida de baixo volume e simples administração feita a cada quatro semanas para HPN aprovado no Brasil, representando um avanço significativo e uma opção mais cômoda para os pacientes.
A HPN é uma condição sanguínea ultrarrara e potencialmente fatal, que afeta aproximadamente 3.500 pessoas no Brasil e 20.000 em todo o mundo, considerando os dados epidemiológicos disponíveis. Nessa doença, os glóbulos vermelhos são destruídos pelo sistema complemento, uma parte do sistema imunológico que atua como nossa primeira linha de defesa contra infecções. Isso pode causar uma variedade de sintomas, como anemia, fadiga, insuficiência renal e coágulos sanguíneos, que podem levar à trombose, a principal causa de complicações e óbitos relacionados à doença.
Quando não tratada, a mortalidade em pacientes com HPN severa é de, aproximadamente, 35% em 5 anos. Inibidores de C5, como o crovalimabe, bloqueiam a parte final da cascata do sistema complemento e têm se mostrado uma intervenção eficaz e segura, sendo utilizado por mais de 15 anos como padrão de tratamento³.
O mecanismo de ação do medicamento se dá pela ligação ao C5, impedindo sua ativação, o que reduz a inflamação e a formação do complexo de ataque à membrana, que destrói as hemácias. Sua capacidade de autorreclagem permite que se dissocie da molécula de C5 dentro das células e seja reutilizado, prolongando sua ação no organismo. Isso resulta em uma inibição contínua e eficaz do sistema complemento com doses menores e menos frequentes. Ele também está sendo avaliado na síndrome hemolítico-urêmica atípica, anemia falciforme e outras doenças mediadas pelo complemento.
O chefe da Hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa e o primeiro autor do estudo COMMODORE 1, Dr. Phillip Scheinberg, acrescenta: “O crovalimabe representa um importante avanço para a comodidade do paciente, graças à aplicação subcutânea mensal rápida. Embora a inibição do C5 seja eficaz, a administração intravenosa frequente com os opções atualmente disponíveis pode ser inconveniente devido ao tempo do tratamento e à necessidade de deslocamento. O crovalimabe permite aplicações menos frequentes e subcutâneas, possibilitando a autoaplicação em casa, sem a necessidade de ir a um hospital ou centro de infusão.”
A aprovação foi baseada em resultados do estudo de Fase III COMMODORE 25 em pessoas com HPN que não foram previamente tratadas com inibidores do complemento e incluiu dados adicionais do estudo de fase III COMMODORE 16, o qual também demonstrou perfil favorável de risco/benefício de crovalimabe para pacientes com HPN que já haviam sido tratados previamente com inibidores de C5.
O programa clínico de crovalimabe em HPN incluiu aproximadamente 400 pacientes em estudos globais, contando com 28 pacientes brasileiros. Os resultados demonstraram que o tratamento administrado com injeções subcutâneas a cada quatro semanas alcançou controle da doença e foi não-inferior com segurança comparável ao tratamento atual.
“A aprovação de crovalimabe no Brasil, reflete nosso compromisso em disponibilizar no Brasil inovações médicas que melhorem a qualidade de vida dos pacientes,” afirma Michelle Fabiani, diretora médica da Roche Farma Brasil. “Entendemos que para nossas inovações terem sentido, elas precisam estar à disposição do médico e do paciente, de forma sustentável aos sistemas de saúde. Estamos comprometidos a construir junto ao SUS e os pacientes com HPN uma nova história.”
O crovalimabe também está aprovado no Japão, Europa, Estados Unidos, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e Catar para pessoas com HPN, com base nos resultados dos estudos COMMODORE 15 e 26 e na China com base nos resultados do estudo COMMODORE 312.