Aluno de escola em Perdizes é chamado de ‘escravo’ e ‘macaco’; polícia investiga caso
Em um boletim de ocorrência registrado no dia 12 de outubro de forma online, a mãe afirma que, durante a aula, um jovem apontou para a figura de um macaco e disse que era o colega
- Data: 18/10/2023 22:10
- Alterado: 18/10/2023 22:10
- Autor: Isabella Menon
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Reprodução
A mãe de um aluno da escola particular Ábaco, localizado na região de Perdizes, zona oeste de São Paulo, acusa a instituição de omissão diante episódios de racismo sofridos por seu filho adolescente. O caso foi noticiado pelo G1 e confirmado pela Folha.
Em um boletim de ocorrência registrado no dia 12 de outubro de forma online, a mãe afirma que, durante a aula, um jovem apontou para a figura de um macaco e disse que era o colega. Em outro momento, o agressor teria chamado o adolescente de “escravo” e “preto adotado”.
Além das ofensas, a mãe relatou à polícia que a escola não reportou o episódio e que não foi a primeira vez que seu filho foi vítima de racismo dentro do colégio.
Ela diz ainda que a instituição se omitia todas as vezes em que episódios como esses ocorriam e que ela também já havia avisado a mãe do agressor que ele praticava bullying e preconceito.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o caso é investigado, sob sigilo, pelo 23º DP, que apura o crime de injúria racial. “Equipes da unidade realizam diligências para esclarecer os fatos”, diz a pasta, que afirma que detalhes do caso serão preservados por envolver menores de idade.
A mãe do jovem afirma que o episódio causou um choque para sua família e que considera que o principal, neste momento, é trazer uma discussão sobre o letramento racial nas escolas.
“[Racismo] é algo estrutural, precisamos conversar sobre isso. Não acho que adolescentes são totalmente inocentes, mas estão em formação, e é nosso papel trazer para a consciência questões que precisam ser discutidas”, diz ela.
A escola Ábaco afirma que o agressor foi suspenso e que esse foi o primeiro caso de racismo de que o colégio teve conhecimento.
A escola declara que não foi omissa, pois não recebeu nenhum registro de reclamação por racismo. Assim que soube, diz, a orientadora educacional falou com os alunos e chamou as famílias para conversar. A mãe confirma que teve uma reunião com a direção, mas sem a presença dos pais do outro aluno.
Após o ocorrido, além da suspensão do agressor, a escola afirma que foi realizada uma série de conversas e bate-papos sobre respeito, tolerância, diversidade e letramento racial, entre outros temas.
“A instituição já se colocou à disposição da autoridade policial competente para contribuir com os trabalhos necessários, assim como está empenhada em buscar apoio do Conselho Tutelar para, sendo o caso, agir como orientador e mediador do melhor interesse dos menores”, diz a instituição de ensino.
O colégio diz também que a “educação e a sensibilização contra qualquer medida discriminatória são prioridades fundamentais para a instituição, que continuará a trabalhar ativamente para combater qualquer forma de discriminação”.