Alunas do CPS apresentam pesquisas inéditas em Congresso Internacional

As estudantes levaram a Portugal, de maneira remota, trabalhos que mostram de que forma parcelas femininas da população se inserem no empreendedorismo

  • Data: 11/08/2022 10:08
  • Alterado: 16/08/2023 22:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: CPS
Alunas do CPS apresentam pesquisas inéditas em Congresso Internacional

O empreendedorismo feminino foi o tema de pesquisa predominante das alunas de três Fatecs apresentado em congresso português.

Crédito:Gastão Guedes

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Duas abordagens singulares sobre empreendedorismo feminino foram levados pelas alunas das Faculdades de Tecnologia (Fatec) Sebrae, Zona Leste e Guarulhos ao 2º Congresso Internacional de Educação Empreendedora e Cidadania (CiEECi), que aconteceu de forma híbrida em Portugal no mês de julho.

Andreia Pereira Rossetto e Érica Cristina Ferreira, estudantes de Gestão de Negócios e Inovação, discorreram sobre sua pesquisa “A Concepção de Sentido de Viktor Frankl e o Empreendedorismo Social Feminino”, em que fazem a conexão entre a teoria do neuropsiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905-1997) e o que motiva as mulheres a dar início a um negócio próprio, muitas vezes em detrimento de um emprego estável.

Autor da obra “Em Busca de um Sentido” e fundador da terceira escola vienense de psicoterapia, ao lado de Sigmund Freud e Alfred Adler, Frankl acreditava que, a despeito das mais rigorosas adversidades é opção do ser humano encontrar um sentido em sua vida. Durante a Segunda Guerra, o médico foi levado para o campo de concentração de Auschwitz, onde perdeu praticamente toda a sua família.  “Ele validou sua teoria na prática”, conta Andreia.

Gestoras cuidadosas

“Esse é um tema para o qual quase não existe bibliografia”, diz Érica. As estudantes perceberam que as mulheres buscam um sentido no trabalho que realizam, e ele deve ir além da estabilidade financeira. É possível encontrar nelas um olhar voltado para as questões sociais, a preocupação em empregar mulheres e o cuidado para que suas ações não impactem o meio-ambiente. Muitas deixam o mercado formal de trabalho no momento em que engravidam, e não apenas por não encontrar acolhimento em seus empregos. Ao engravidar, elas passas a pensar mais no futuro, no mundo que pretendem deixar para o filho. “A maternidade leva muitas mulheres para o terceiro setor”, avisa Andreia.

As estudantes encontraram personagens femininos que partiram para o empreendedorismo depois de um trauma, em uma tradução bastante apropriada da teoria do médico vienense: a falta total e repentina de dinheiro, a perda de uma pessoa querida ou da própria saúde, por exemplo. “Para Frankl, você tem a liberdade de escolher mudar a própria vida”, avisa Andreia.

Geração de renda para a família

Outra pesquisa bem sucedida foi apresentada por Malu Almeida, do curso de Gestão em Recursos Humanos da Fatec Zona Leste, sob o título “Consciência de Classe de Empreendedoras Pretas e Pardas na Periferia de São Paulo”.

Malu deixa claro que empreender não significa abrir uma startup e faturar um milhão de reais ao cabo de um ano – visão de boa parte das pessoas sobre o significado da palavra. “Muitas mulheres não se veem como empreendedoras mas, na pandemia, por exemplo, a renda delas foi fundamental para a alimentação da família; muitas sustentavam, com sua renda, até oito pessoas”, informa a pesquisadora.

“Sou preta, vivo na periferia e percebi que, se o recorte de gênero já coloca as mulheres para trás em relação aos homens, quando você inclui a raça essa dificuldade se torna ainda mais explícita”, conta a estudante. Malu percebeu que a maior parte delas trabalha com doces e marmitas, seguidas das que encontraram nos serviços estéticos uma forma eficiente de obter renda. Uma pequena parcela, ainda, se dedica ao artesanato.

No caso das mulheres com formação acadêmica, há uma barreira comum encontrada por elas nos processos seletivos: as empresas perguntam a candidatas pretas e pardas quantos filhos têm e com quem eles ficariam em sua ausência. “Esse questionamento é feito ainda que ela tenha duas faculdades e um MBA”, explica. O próprio marido pode considerar o trabalho da mulher uma “brincadeira”, a despeito de uma formação acadêmica sólida e a responsabilidade por 65% da renda familiar.

A pesquisa revelou, entre tantas coisas, que em sua região, a zona leste de São Paulo, a população feminina é empreendedora, organizada e resiliente, mas nem sempre se vê sob o rótulo do empreendedorismo. Nesse sentido, é uma população invisibilizada. “Minha principal motivação é replicar ao máximo a sua voz”, diz Malu.

Jogos de tabuleiro como forma de empreender

Por fim, a mestranda do Centro Paula Souza, Luciana Alves de Oliveira, fez a explanação da pesquisa intitulada “Criação de Jogos de Tabuleiro como Ferramenta de Aprendizagem de Competências Empreendedoras”. O trabalho foi realizado com as alunas da graduação da Fatec Guarulhos Camila Pereira Pontes Ribeiro e Thauara Santos Pinho para exemplificar como a realização desses jogos abrangem competências empreendedoras – desde a escolha do público alvo até a pesquisa necessária para a compreensão desse público, os desafios que o trabalho impõe e a compreensão de como funciona a cooperação em bom trabalho de equipe. “O aprendizado está em todas as etapas da construção do jogo”, lembra Luciana, que tem graduação em Letras e Pedagogia além de Logística na Fatec Guarulhos.

As alunas destacaram a importância da orientação dos professores Caio Flavio Stettiner, Valéria Rufino Maiellaro e Alexandre Formigoni, que devolvem os elogios. “Nossos alunos demonstraram competência, conhecimento e capacidade de pesquisa ao participar e sobressair em um evento internacional dessa dimensão”, comemorou Formigoni.

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